Com a obrigatoriedade da volta de todos os alunos às escolas estaduais a partir de segunda-feira (8), novos desafios estão no horizonte da educação em Caxias do Sul. Com os protocolos de prevenção à covid-19 já testados com o retorno no modelo híbrido, o que parece ser a maior incógnita é quantos realmente irão aos prédios das instituições na semana que vem. Por enquanto, a maior dificuldade está relacionada ao Ensino Médio.
É que a crise econômica das famílias obrigou uma parte deles a procurar emprego. No ensino remoto, os estudantes conseguiam manter o trabalho e as atividades educacionais. No Cristóvão de Mendonza, no bairro Cinquentenário, por exemplo, o Ensino Fundamental tem cerca de 90% dos alunos indo à escola, enquanto no Médio o percentual não chega a 50%. A escola, com aproximadamente mil estudantes matriculados, não tem turmas suficientes para receber no turno da noite, o preferencial dos estudantes empregados, todos os alunos que entraram no mercado de trabalho:
— O que eles dizem é que se tiverem de optar entre o trabalho e a escola, optam pelo trabalho, e vão buscar escola em outro local — conta a diretora Roseli Bergozza.
A expectativa sobre o retorno ocorre em escolas de diferentes regiões. Na Melvin Jones, no bairro Planalto, a situação é parecida com a do Cristóvão. São 780 matriculados. O Fundamental já teve o retorno de 80% dos estudantes, mas o Médio tem em torno de 40%.
— Vamos ver agora se eles voltam mesmo, porque muitos deles estão trabalhando, muitos têm de optar entre trabalho e escola — diz a diretora Leila Ramos.
Revezamento
Outra situação que exigiu muito trabalho das equipes diretivas na semana que antecede a obrigatoriedade da volta presencial às aulas é o sistema de rodízio. Na Melvin Jones, cinco turmas farão revezamento de alunos, porque não há capacidade para atende-las mantendo a distância e um metro entre as classes, como determina o decreto estadual.
Na Santa Catarina, no bairro de mesmo nome, a organização é para que a média de alunos na escola dobre a partir da semana que vem. Até a sexta-feira (5), cerca de 35% dos 1.050 matriculados frequentavam as aulas.
— Como temos muita procura, as salas são lotadas. Para manter um metro de distanciamento, vamos ter em torno de 70% de ocupação. Os outros 30% vão se revezar — explica o vice-diretor Diogo Cecconello.
Na Escola Técnica de Caxias do Sul (EETCS), no bairro Presidente Vargas, também haverá rodízio. As turmas têm em média de 35 a 40 alunos, mas as salas têm capacidade para receber simultaneamente 25. Apesar da restrição, a diretora Salete Dutra garante que a escola está bem preparada para o retorno:
— Desde 2020, quando iniciou o retorno em novembro, a gente se preparou muito bem com o plano de contingência.
Aprendizagem e protocolos
A avaliação da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) é de que o processo de aprendizagem dos alunos também será beneficiado com o retorno presencial. Sobre o revezamento, a titular da 4ª CRE, Viviani Devalle, diz que ele vai ocorrer em “um número significativo de escolas”, mas frisa que nem sempre todas as turmas serão atingidas.
A CRE também diz que as escolas estão treinadas para seguir os protocolos. Embora haja relatos de dificuldades sobre manter o afastamento entre os alunos, as direções escolares demonstram estar preparadas para os cuidados preventivos. A vacinação de parte da comunidade escolar é outro aspecto que deixa o retorno mais tranquilo em termos de prevenção à covid-19.
— Já está bem tranquilo. No dia 4 de agosto, quando retornou das férias, a maioria dos alunos já voltou — comenta Viviane Canali, diretora do Presidente Vargas, onde cerca de 400 estudantes estão matriculados.
Expectativa de melhora para os professores
Como é de se esperar, a diferença de cenários em escolas de uma cidade tão variada como Caxias está presente também neste momento de volta às aulas presenciais. Um dos aspectos que chama a atenção é que nem sempre as que têm mais alunos enfrentam dificuldades de espaço.
É o caso da Emílio Meyer, com 1.115 estudantes, mas que não precisará de revezamento, assim como a Cristóvão de Mendonza. A diretora da Emílio Meyer, Fabiane Zanettini, destaca ainda que a expectativa é de que o trabalho dos professores seja facilitado, já que hoje há a exigência, por exemplo, de dois planejamentos diferentes para quem está e para quem não está em sala de aula presencialmente:
— (O retorno presencial) facilita porque essa parte de trabalhar online e presencial fica difícil, porque sobrecarrega os professores.
No total, a rede estadual tem cerca de 25 mil alunos matriculados em Caxias. A CRE não tem o levantamento de quantos estavam frequentando as escolas até a sexta-feira.