As escolas municipais de Caxias do Sul retornaram com 100% dos alunos em ensino presencial nessa terça-feira (16). Em alguns colégios será preciso revezamento, como está previsto no decreto estadual. Num primeiro momento, a Secretaria Municipal de Educação (Smed) chegou a afirmar que não teria o retorno obrigatório na rede e que manteria o formato híbrido. No entanto, depois da publicação oficial do documento pelo Governo do Estado anunciou o retorno para oito dias depois da volta nas escolas das redes estadual e particular.
Entre as 83 escolas municipais de Caxias, as duas maiores são a Emef Prefeito Luciano Corsetti, no bairro Kayser, e a Emef José Protázio Soares de Souza, no Jardim Eldorado. Na primeira estão matriculados 1.056 estudantes. Um clima de ansiedade, mas também de alegria pelo reencontro com amigos e professores marcou o retorno dos alunos que estavam em ensino remoto na Luciano Corsetti. Eles foram divididos em grupos, conforme os anos, para acessar o prédio, e assim entravam em fila, mantendo a distância uns dos outros para ir até as salas de aula. Todos estavam de máscara e passavam álcool gel assim que entravam na quadra ou no pátio.
A adolescente Nicole Paim, 14 anos, estava acompanhada pela mãe Isabel Paim, 41. Ela cursa o 7º ano e não escondia o nervosismo:
— Estou muito nervosa — falou tímida.
Para a mãe o retorno às salas é desnecessário nesta época do ano.
— Podia esperar para o ano que vem. Falta tão pouco para encerrar o ano letivo.
Mesmo tímido, Victor Gabriel Silva Dias, 11, se disse alegre em voltar. O menino está no 6º ano.
— Eu queria voltar, mas tenho crises asmáticas e minha mãe não queria que eu voltasse, mas o médico disse que eu podia, e fiquei bem feliz de vir — contou ele.
Giovana Cabral dos Santos, 13, ficou feliz ao reencontrar as amigas, mas mesmo assim se sentia ansiosa.
— É como se fosse o primeiro dia de aula. Estou nervosa, ansiosa, tudo junto — afirmou a adolescente que cursa o 7º ano.
A tia e madrinha levou Giovana para o colégio. Ela considera que o retorno fará bem à afilhada.
— Era para ela vir de van, mas ela tá muito tensa, nervosa, então a dinda trouxe. Espero que amanhã ela fique mais tranquila. Acredito, e minha irmã também, que vai fazer bem a ela voltar a conviver com os colegas — ressalta Ana Paula de Castilhos Cabral, 45.
Já no José Protázio estão matriculados 927 alunos. Nas salas de aula o clima era de tranquilidade e alegria.
Revezamento para comportar alunos em sala de aula
Regras de distanciamento, marcação no chão, uso de máscaras, janelas e portas abertas, álcool gel e sem recreio. Essas são algumas das regras que são novas para quem retorna depois de um ano e oito meses longe da escola. Cada escola da rede municipal tem uma realidade diferente e isso foi avaliado para receber os estudantes.
Na José Protázio, mesmo que o retorno oficial fosse nessa terça, o colégio se organizou e começou a receber os estudantes ainda na semana passada. A direção contatou os pais para antecipar a data e assim estar ainda mais preparada para a volta. A diretora Letícia Comerlato explica que os alunos foram divididos em dois grupos. Na semana passada um deles frequentou a escola e nesta o outro tem aula presencial:
— Já tínhamos o revezamento porque são muitos alunos por sala de aula, e temos que respeitar a distância entre eles, então aumentamos o número de estudantes por grupo. Na quinta, vamos reavaliar e fazer um levantamento de quantos retornaram, de quantos têm atestado, e como está a situação. Conforme o número vamos ver se conseguimos atender todos em um grupo só.
Ela avalia que a situação está tranquila:
— O atendimento aos estudantes é melhor no presencial, sabemos disso. Muitos precisam de atenção redobrada porque não tem só a dificuldade de aprendizagem. Tem o medo, a insegurança e a fobia social e são situações com as quais temos que ajudá-los a lidar.
Na Luciano Corseti, no turno da manhã, seguem 10 turmas com 100% presencial e as demais serão escalonadas. A diretora Taísa Mano afirma que a escola tem recebido mais alunos desde que o Estado anunciou que a volta seria obrigatória.
— A cada dia temos recebido mais alunos que voltam ao presencial. Temos que manter o escalonamento porque temos muitos alunos e salas pequenas, então vamos avaliar o número de alunos que retornam para ver como proceder — destaca.
Ela ressalta que o desafio agora é que os que chegaram se adaptem a nova realidade da escola:
— Eles ainda não conhecem as regras, sentem falta do recreio, e são normas novas que temos que seguir agora. Ficamos sempre em cima para manter o distanciamento, mas logo eles se adaptam as regras como os outros.
A Smed deve concluir o levantamento do número de escolas que voltaram 100% ao presencial até a quarta-feira (17). Até o momento, das 83, 19 informaram que precisam de revezamento para receber os alunos em sala de aula.