A partir de novo decreto municipal, cerca de 120 casas que possuem autorização em alvará para pista de dança agora podem reativar os espaços em Caxias do Sul. Para a fiscalização, porém, a medida representa um novo desafio em relação à garantia do cumprimento dos protocolos exigidos, especialmente, o distanciamento interpessoal e uso de máscara. Isso porque eles exigem a conscientização da comunidade, necessária também em outros espaços públicos, como parques e supermercados, por exemplo, por conta da dificuldade de flagrante por parte dos agentes. A flexibilização consta em decreto publicado pelo município nesta terça-feira (5) que adotou determinações de âmbito regional e estadual.
— Por um lado, ficamos até mais tranquilos, porque tinha muita gente burlando a regra que impedia uso da pista de dança. A maioria das denúncias que recebíamos eram sobre isso. Porém, ao chegarmos no local, as pessoas estavam sentadas, conforme regramento. Agora, da mesma forma, a manutenção do distanciamento e uso de máscara se torna algo que eu chamo de "infiscalizável" — observa o coordenador da fiscalização municipal, Rodrigo Lazzarotto.
Segundo ele, a partir desta quinta-feira (7), quando as casas noturnas começarem a reabrir em novo formato, a fiscalização estará observando o cumprimento nos locais que serão verificados, mas focará na exigência do passaporte vacinal, que sob novo regramento torna-se obrigatório em todas as casas noturnas. Ainda em relação ao uso de máscara, o decreto permite que ela seja removida do rosto somente para consumo de alimentos e bebidas e proíbe que isso seja feito na pista.
Setor de eventos comemora
De acordo com Lazzarotto, desde que voltou a ser permitido o funcionamento de espaços de entretenimento, ainda que com a obrigatoriedade das mesas, as festas clandestinas praticamente cessaram na cidade, restando apenas casos de descumprimento em locais que não tinham autorização para abrir. Com a retomada das pistas, a atividade volta com ainda mais força, motivando, segundo ele, até mesmo pedidos de liberação por parte de estabelecimentos que antes da pandemia não tinham pista de dança.
De acordo com o presidente do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria (Segh) da região Uva e Vinho, Vicente Perini, a proibição levou muitas casas a fecharem as portas ou a reformularem seu serviço para garantir a continuidade das atividades, dentro do que era permitido pelos decretos vigentes. Segundo ele, a maioria dos estabelecimentos que dispõe de pista de dança, agora, pretende retomar a atividade.
— Essa proibição fazia com que muitos ainda estivessem parados, era uma cobrança nossa pelo fato de atingir muitas pessoas, direta e indiretamente. Algumas casas noturnas ficaram quase dois anos paradas. Um ano totalmente paradas, e depois, as que não se viram obrigadas a desocupar espaços por falta de receita, seguiram trabalhando como restaurante dentro das flexibilizações. Essa reformulação ocorre em um momento no qual temos maior cobertura da vacina, o que colaborou pra redução do número de internações, e é muito bem-vinda — afirma Perini.
A mudança também impacta eventos sociais, como as comemorações de formatura e casamento. A cerimonialista Patrícia Mallmann afirma que o novo regramento viabiliza a realização de festas que estavam aguardando este tipo de permissão por parte do decreto.
— A gente tinha esperança que este decreto saísse, então, tenho casamentos pra outubro, novembro e dezembro que estão com pista inclusa, a começar por este final de semana. A maioria eram eventos que já previam isso, e que vinham sendo remarcados desde o ano passado, para acontecer somente quando fosse possível — afirma a profissional.
Segundo ela, dos demais que vinham sendo organizados, o planejamento era trabalhado em diferentes frentes, para que, caso não houvesse flexibilização, pudesse optar pelo plano sem pista, embora muitos clientes, segundo ela, preferissem adiar ao invés de abrir mão do atrativo.
— Tivemos até o caso curioso de uma menina que faria a festa de 15 anos em 2020, mas que foi adiando e agora nos procurou para tentarmos organizar algo ainda neste ano, mesmo que ainda haja restrições, como o uso de máscara e o distanciamento. Essa flexibilização é um suspiro porque traz novas demandas e a oportunidade de trabalharmos um pouco melhor — completa.