Após uma pausa de cerca de um ano e meio devido à pandemia, Caxias do Sul retomou a Operação Balada Segura, que busca inibir a embriaguez ao volante e outras infrações de trânsito, especialmente à noite. A primeira blitz ocorreu na madrugada de sábado (11) para domingo (12) na Rua Vinte de Setembro, em São Pelegrino. A interrupção nas ações ocorreu para que os servidores pudessem auxiliar as equipes do município na fiscalização do cumprimento das medidas sanitárias.
Segundo o diretor de Trânsito da Secretaria de Trânsito de Caxias, Eder Martini, o retorno da Balada Segura foi possível porque os fiscais passaram a participar menos das operações de combate às aglomerações. Além disso, a circulação de veículos, que caiu no início da pandemia, voltou a aumentar, exigindo maior atenção por parte da fiscalização.
— Já não se tinha mais tanta movimentação em questões de trânsito na fiscalização da pandemia, então optamos por ir nas mais emergenciais. A questão trânsito também estava se mostrando importante na cidade. O pessoal começou a circular mais e as consequências começaram a aparecer, com sinalização quebrada e acidentes — exemplifica.
A ação do último domingo ocorreu entre 0h35min e 4h, com a abordagem de 104 motoristas, dos quais 32 estavam embriagados. O número representa 30,7% do total de condutores fiscalizados. Outros oito condutores não eram habilitados e três tinham a habilitação cassada. Apesar disso, Martini lembra que a maior parte dos motoristas seguiram a lei.
— Nosso foco é tirar o condutor embriagado de circulação. É algo que não é mais aceitável, quem não mudar seu comportamento vai ter que enfrentar as operações. Tivemos abordagens de pais que estavam indo buscar os filhos em festas e passageiros completamente embriagados e os motoristas não — revela.
Nesta retomada da Balada Segura os fiscais também contarão com um reforço no combate à embriaguez: 10 novos etilômetros (os populares bafômetros) entregues na última terça-feira (14) ao município. Os equipamentos irão se somar aos sete já existentes, que demandam manutenção constante. A maior vantagem dos aparelhos, porém, é a possibilidade de realizar o chamado teste passivo. Nessa modalidade, a verificação exige um sopro com menor esforço e pode ser realizada dentro do carro. O resultado é menos preciso, mas pode ser utilizado como uma triagem, agilizando o procedimento.
— Estamos trabalhando para minimizar o impacto sobre o condutor que não bebeu. Dessa forma conseguimos selecionar melhor e liberar mais rápido quem não bebeu — afirma Martini.
Fiscais passaram por curso
A retomada das blitze também ocorre após a realização de um curso de atualização por parte dos servidores lotados na função de fiscal de trânsito. A qualificação teve início no fim de agosto com duração de oito dias. Ao todo, 75 pessoas realizaram as aulas.
Segundo o diretor de Trânsito, o curso precisa ser renovado a cada três anos. Nesse caso, contudo, as aulas foram realizadas antes do vencimento do período anterior devido às alterações recentes do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Entre as alterações, por exemplo, está a mudança nas regras de pontuação e ampliação do prazo de validade da habilitação.
— Muitas mudanças são administrativas, mas o agente precisa saber até mesmo para informar o cidadão — observa Martini.
Embora não seja o foco, a qualificação também aborda procedimentos para a realização de blitze. Entre os objetivos está evitar situações violentas, como a que resultou na morte de Matheus da Silva dos Santos, 21 anos. No início de junho, o jovem fugiu de uma abordagem da força-tarefa que fiscalizava as aglomerações e acabou sendo perseguido e baleado. Fiscais de trânsito chegaram a iniciar a perseguição, mas os disparos partiram da Guarda Municipal. A prefeitura ainda apura o caso internamente.
— A fiscalização até tenta identificar, mas o principal é orientar as forças de segurança (que participam das operações). Temos sempre que avaliar o risco e o benefício — aponta o diretor.
Polícia Civil aguarda laudos
A Polícia Civil ainda aguarda laudos da perícia para finalizar o inquérito que investiga a morte de Santos. De acordo com o delegado Caio Fernandes, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, já é possível concluir que o disparo que atingiu o jovem foi inadequado. Contudo, ainda é preciso confirmar de qual arma partiu o tiro e quem estava com ela. Além disso, a polícia vai avaliar se houve mais tiros e qual era o objetivo desses disparos.
— As novas evidências se lastreiam nos dados. Estamos averiguando a conduta dos outros integrantes da guarnição. As condutas serão analisadas de forma individual. Não é porque alguém estava junto que deve ser responsabilizado. Se outros disparos foram para o pneu para impedir a fuga, por exemplo, me parece que tem justificativa. Depois se pode discutir se é o procedimento mais adequado ou não, mas não tem o objetivo de colocar alguém em risco — avalia o delegado.
A expectativa é de que os laudos restantes fiquem prontos em outubro. Quanto tiver todos os documentos em mãos, uma nova rodada de depoimentos com os envolvidos e as testemunhas será realizada. A intenção é verificar se os dados técnicos conferem com as declarações.