A confirmação da chegada de uma massa de ar polar na Serra faz com que meteorologistas projetem temperaturas abaixo de 0°C a partir de quinta-feira (29) na região. Nesta terça-feira (27), o menor registro na Serra foi de 7,7ºC em Canela, com sensação térmica de 4,7ºC, às 7h, segundo a Somar Meteorologia. Durante a madrugada houve queda de granizo em cidades do norte do Estado, como Getúlio Vargas e Três de Maio. Mesmo com a previsão de inverno fortalecido para os próximos dias, o frio não deverá ser recorde, de acordo com especialistas.
O tempo nublado e com chuva em alguns municípios impediu que os termômetros caíssem demais nesta terça-feira. Em Bento Gonçalves, a mínima foi de 8,4ºC no início da manhã. Já na quarta-feira (28), o dia deverá amanhecer com geada em praticamente todo o Estado e, na Serra, neve ou chuva congelada poderão ser registradas durante a noite, de acordo com a meteorologista da Somar, Carine Gama.
Segundo ela, os dias serão de sol nesta semana mas, na quinta-feira, a temperatura poderá ficar abaixo de 0°C em municípios como Vacaria, São José dos Ausentes e Cambará do Sul. Nessas três cidades, é possível que a sensação térmica chegue a -10ºC. Em Caxias do Sul, a mínima deverá ser de 1ºC na quinta e 0°C na sexta-feira.
— A massa de ar polar chegará com mais força do Hemisfério Sul. Não é descartada sensação térmica de -25ºC na serra catarinense. Na gaúcha é possível que chegue a -10ºC, mas isso dependerá do vento e da umidade — explica.
A tendência para o frio intenso é reforçada pelo meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Vladair Morales de Oliveira. Segundo ele, a temperatura deverá ser de -1ºC em Canela a partir de quarta-feira.
— A sensação poderá ser ainda mais baixa. Poderá registrar de cinco a seis graus a menos do que o oficial no termômetro. Desta forma, poderá chegar, sim, a -6ºC ou -7ºC de sensação — explica.
Vento aliado a baixas temperaturas
De acordo com a professora da Faculdade de Meteorologia da UFPel, Eliana Klering, a massa de ar de origem polar e a presença de rajadas de vento trarão o agravamento da sensação de frio.
— Por ser uma massa de ar mais seco, se reforça a combinação que traz sensação térmica mais forte. Existem inúmeras maneiras de se calcular uma sensação térmica, mas realmente temos previsão de temperatura negativa, especialmente na Serra, e o fator altitude da região, que evidencia o vento. Com certeza a sensação será mais baixa do que o registro do termômetro — diz.
A sensação é uma estimativa do que o corpo humano irá sentir, mas de acordo com as influências das condições climáticas. Quando o tempo está quente e demasiadamente úmido, a sensação térmica é maior do que o termômetro marca. Se a umidade for baixa, a sensação térmica irá na mesma direção.
De acordo com Eliana, o frio deste final de julho poderá ser comparado aos invernos de 2003, 2013 e 2016, quando o ingresso da massa de ar frio se destacou por baixar fortemente a temperatura. No entanto, não será desta vez que o Rio Grande do Sul irá quebrar recordes de frio. Um fenômeno que poderá ocorrer, ainda, é o da geada negra, prejudicial à agricultura. Este é mais preocupante do que qualquer previsão de inverno intensificado, de acordo com Eliana.
— É a geada em que não ocorre a película branca como estamos acostumados, mas há o congelamento da seiva da planta, que acaba morrendo por desidratação e fica com aspecto escuro — alerta.