A esperança de Jandira Correa de Araújo, 53 anos, é apenas uma: iniciar um tratamento com o remédio Pazopanibe para controlar um câncer raro que se espalhou pelo corpo. Uma caixa do medicamento custa, em média, R$ 15 mil, mas a família de Caxias do Sul obteve um desconto em uma farmácia e, por isso, o valor ficou em R$ 10 mil. Sem condições de bancar o custo, Jandira, o marido, João Marcelo Letti, 51, as filhas Roberta Araújo Bernardino, 38, e Manuela Araújo Letti, 21, e o neto, Gabriel Araújo Rossa, 18, recorreram a uma vaquinha online para arrecadar o dinheiro. Até o final da manhã deste sábado (26), haviam sido arrecadados R$ 6.615 — clique aqui para contribuir.
A luta da família é marcada por dificuldades. Desde que Jandira fez uma cirurgia para a retirada de um cisto no ovário, em 2016, sua vida mudou radicalmente. Acostumada a passar os dias ensinando costura, modelagem, bordado e desenho de moda para adolescentes e adultos no Centro Profissional para a Cidadania Murialdinas de São José, em Caxias do Sul, agora sua rotina é enfrentar dores e limitações físicas, além de precisar buscar um direito básico de ter acesso a medicamento. Não bastasse a luta, há ainda os reflexos familiares. A filha mais velha, por exemplo, saiu do emprego para cuidar da mãe em tempo integral há seis meses.
Manuela conta que lembra como se fosse hoje o dia em que a mãe passou pela cirurgia, em 2016. O momento era de tranquilidade, já que o cisto que havia sido detectado era benigno. No entanto, logo veio a surpresa: o médico encontrou inúmeros nódulos que não haviam aparecido no exame. Apenas nos pulmões, eram 17. O câncer se espalhou pela coluna e partes do abdômen, rins e quadril de Jandira. Na primeira vez, que ela fez quimioterapia, em 2017, a doença parecia estar sendo vencida, mas o quadro de saúde mudou em 2018. Outro processo de quimioterapia foi realizado, mas precisou ser suspenso porque acabou resultando em complicações como pressão alta e diabetes.
— O médico nos disse que a única opção que nos resta é esse remédio. Como é um câncer raro, são poucas as opções. Não sabemos o efeito que o remédio vai ter, mas se não for o desejado, não haverá mais nada que possa ser feito — relata Manuela.
A família chegou a recorrer ao plano de saúde para conseguir o medicamento, mas não conseguiu. Com ajuda de uma advogada, foi solicitado, então, via Justiça, ajuda ao Estado. Mais uma vez, a resposta foi negativa. O entendimento do juiz foi de que os laudos não eram assinados por médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) e, por isso, não sentenciou a obrigatoriedade do auxílio.
A partir disso, Jandira foi à Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), do Hospital Geral, onde a esperança se esvaziou por mais uma vez. Sem avanços, a família recorreu ao Hospital Pompéia. A expectativa é para uma nova consulta, marcada para a próxima terça-feira (29). Atualmente, Jandira tem ajuda de um advogado ligado ao Centro de Auxílio a Pessoas com Câncer, indicado pela Associação de Apoio a pessoas com Câncer (Aapecan).
— Vamos comprar o primeiro remédio (com ajuda da vaquinha online), mas nosso foco é conseguir judicialmente porque ninguém terá condições de nos ajudar por anos. A ajuda é porque ela está sem tratamento há três meses. Se der certo, ela vai tomar esse remédio para o resto da vida — diz Manuela.
Além da vaquinha, quem puder ajudar de outra forma pode, ainda, contatar a filha de Jandira, Manuela, pelo telefone: (54) 98419-6057.