No ano em que a coleta seletiva completa 30 anos em Caxias do Sul, a Codeca enfrenta dificuldades com um dos elos mais importantes da cadeia que envolve o serviço: os contêineres para o depósito de lixo. Aos menos 45 pontos da cidade contam atualmente apenas com recipiente de resíduos orgânicos e a reposição depende da chegada de novas unidades para resíduos seletivos. Outros 50 receberão contêineres amarelos novos até o fim desta semana.
De acordo com a presidente da Codeca, Helen Machado, a reposição das peças precisa ser constante por conta do vandalismo. Somente em 2020, foram incendiados 193 contêineres amarelos. Somados a outros 15 destruídos neste ano, o prejuízo chega próximo a R$ 250 mil. Com uma situação financeira delicada, porém, a companhia não tem conseguido adquirir novas unidades no ritmo necessário. Problemas logísticos com fornecedores também interferem, embora em menor escala.
— Uma coisa é fazer substituição por desgaste natural. Os contêineres são de toda a população, da comunidade, não são da Codeca. São R$ 250 mil que poderíamos ter investido em outras coisas. O lamentável é que tudo isso tem a ver com a conduta e o comportamento de quem mais precisa desses contêineres. Talvez poderíamos até falar em ampliação (da coleta mecanizada), mas hoje estamos enxugando gelo, essa que é a verdade. É literalmente colocado fogo nesse recurso. Precisamos de consciência coletiva — lamenta.
São R$ 250 mil que poderíamos ter investido em outras coisas. É literalmente colocado fogo nesse recurso
HELEN MACHADO
presidente da Codeca
Construídos em metal, os recipientes para lixo orgânico sofrem menos a ação de vândalos. As reposições, conforme Helen, ocorrem devido ao desgaste natural. No ano passado, a companhia estudou alternativas para evitar os incêndios nos contêineres amarelos, construídos em fibra e que custam, em média, R$ 1,2 mil. A troca de material era uma das possibilidades, mas ainda não há resultados conclusivos. Antes dessa definição, segundo Helen, o foco é na recuperação financeira da empresa.
— Se jogar uma bituca de cigarro no contêiner vazio, por exemplo, ele não pega fogo. Só pega se houver lixo seletivo. Precisamos fazer outros investimentos que não conseguimos devido à situação da empresa. Imagina dispor de um recurso que já não temos para algo que deveríamos evitar. Uma coisa é fazer ampliação de atendimento, mas o que estamos falando é de desperdício — ressalta.
Atualmente são coletados cerca de 90 toneladas por dia de lixo seletivo em Caxias do Sul.