Projeto eleito na Consulta Popular de 2019, a criação do Observatório de Cidades da Serra Gaúcha teve os recursos liberados pelo governo do Estado nesta semana. A iniciativa pretende reunir, em uma única plataforma, dados públicos de diversos órgãos e níveis de governo. Mais do que isso, a ideia é apresentar as informações de forma que o cidadão comum consiga interpretá-las.
O desenvolvimento da plataforma é liderado por Ana Cristina Fachinelli Bertolini, coordenadora do CityLivingLab - Laboratório Vivo do Conhecimento e do Programa de pós-graduação em Administração (PPGA), ambos da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Segundo a pesquisadora, a criação do observatório integra estudos desenvolvidos há anos no PPGA e pretende solucionar os obstáculos enfrentados na análise dos dados, ao menos para cidades da Serra.
Atualmente, cada órgão da administração pública possui um portal da transparência e outros meios para divulgação de estatísticas, mas as informações não são padronizadas. Dessa forma, o cruzamento dos dados para estudos fica prejudicado.
— Hoje, por exemplo, temos dados de segurança pública nacionais, estaduais e das capitais, mas quando começamos a ir para o interior isso fica cada vez mais difícil. Não conseguimos saber quanto uma cidade pequena emite de carbono. O Datasus apresenta os dados de saúde pública, mas não são todos que conseguem entender. Cada ministério tem o seu padrão para a divulgação dos dados. Nosso método é agrupar essas informações em diferentes dimensões para que possa ser consultado tanto por gestores públicos, como pela população — explica.
Uma versão de testes, com dados do Censo de 2010, já está no ar e foi desenvolvida ao longo deste ano. A intenção agora é utilizar os cerca de R$ 200 mil recebidos do Estado para aprimorar métodos de coleta de dados, especialmente de forma automática, e disponibilizá-los no sistema. O que não for possível automatizar será abastecido de forma manual, com o objetivo de manter o banco de dados o mais atualizado possível. A expectativa é de que tudo esteja pronto em um ano e o desejo é também lançar um aplicativo.
Além de disponibilizar as estatísticas, o Observatório de Cidades também vai manter de forma permanente um questionário para a população se manifestar a respeito da qualidade de vida. Entre 2018 e 2019, um questionário semelhante foi aplicado a mil pessoas e o resultado foi entre aos candidatos a prefeito nas eleições deste ano.
Cidades inteligentes
O agrupamento dos dados é fundamental não apenas para a consulta, mas também para possibilitar o desenvolvimento de ações alinhadas ao conceito de cidades inteligentes. Uma área urbana com sistemas de inteligência é capaz de utilizar de forma organizada as informações geradas no cotidiano com o objetivo, por exemplo, de abastecer sistemas automatizados que facilitem a vida da população.
— A reunião de dados é uma das tendências das smart cities (cidades inteligentes) e outra é ser centrada no cidadão. A tecnologia perde o propósito se não for para melhorar a vida do cidadão — observa Ana Fachinelli, que também coordena ações voltadas ao conceito.