Gramado vive um momento de contrastes. Por décadas, o município tem se dedicado a criar um ambiente agradável, afável, seguro e repleto de atrações para acolher bem o turista. Aí, vem a pandemia, e não apenas Gramado, bem como as demais cidades da região das Hortênsias, com clara vocação turística, assistem a uma lenta e gradual crise econômica. Entre março e junho, os meses de maior impacto por conta das medidas restritivas que visavam frear o avanço da covid-19, o setor perdeu 4,79 bilhões, conforme dados do Comitê de Retomada do Turismo do Rio Grande do Sul.
Na manhã de sábado (12/12), a reportagem do Pioneiro transitou pela cidade. Em comparação aos anos anteriores, é visível um menor números de pessoas caminhando pelas ruas centrais. O temporal que começou por volta das 10h30min e se estendeu até as 13h não dissipou o movimento, apenas o concentrou na Rua Coberta, fazendo com que a ocupação nos restaurantes começasse um pouco mais cedo do que o habitual. Com funcionamento rígido, até as 22h, os comerciantes têm dito que a prefeitura tem feito fiscalizações e tem punido quem descumpre as determinações decorrentes da bandeira vermelha.
O gerente do restaurante Armazém Bill, Felipe Scariot, 33 anos, explica que nunca viu um movimento tão baixo de turistas, principalmente nesta época do ano, que, historicamente, é um dos períodos mais importantes também economicamente. Por conta da pandemia e do menor número de turistas, o Armazém Bill atua apenas com 18 pessoas na equipe. No ano passado, eram 30 funcionários para dar conta do mesmo serviço. Com relação à capacidade de atendimento, Scariot diz que atua com 25% a 30% da ocupação em outros períodos.
— Sempre fizemos a ceia de Natal e Ano Novo, mas neste ano não temos como fazer reserva. As pessoas nos ligam, solicitando agendamento, como sempre fizemos, mas tenho explicado que não posso assumir um compromisso sem saber como será. Não consigo me programar para daqui 15 dias, pois temos de aguardar semanalmente qual será a nossa bandeira — resigna-se, Scariot.
Pelas ruas da cidade, a partir das 14h, com o sol tomando lugar da chuva, o fluxo de pessoas naturalmente aumentou. Até as 15h, a reportagem não viu pontos de aglomeração, nem desrespeito quando às normas vigentes, de uso de máscara, por exemplo. Geralmente, revela Scariot, o movimento se intensifica à noite.
— Colocamos uma placa em frente ao restaurante, bem visível, explicando que fechamos às 22h. Porque, se chegar alguém às 21h30min, não tenho como atender — justifica o gerente, complementando que a fiscalização tem feito visitas recorrentes nos estabelecimentos, para que se cumpram as regras.
Interdição
Quinta-feira (10/12) à noite, um restaurante do centro de Gramado foi interditado por até 90 dias, pela Vigilância Sanitária. Entre os motivos, excesso do número de clientes e descumprimento do horário de fechamento, estabelecido às 22h. Conforme informações da assessoria de imprensa da prefeitura, o estabelecimento havia sido advertido verbalmente e também notificado, mas prosseguiu descumprindo as regras.
Aumento de casos em Gramado
Somente na última semana (entre os dias 4 e 11/12), conforme dados do boletim epidemiológico do Centro de Operações de Emergência (COE), de Gramado, foram registrados 266 novos casos de covid-19. Somente na sexta-feira (11/12), 29 gramadenses testaram positivo. Até o momento, foram registradas 37 mortes por decorrências e complicações do coronavírus.
Desde o início da pandemia, o número de infectados já passou de 3mil pessoas. Deste total, 2.880 já estão recuperados. Há ainda, em Gramado, 108 pessoas em isolamento domiciliar.
O Hospital Arcanjo São Miguel tem, atualmente, 13 pacientes internados em UTI, em um total de 18 leitos. E, na enfermaria, estão internadas oito pessoas.