Muitos moradores de Garibaldi, especialmente se costumam circular pela área central da cidade, devem conhecer o rapaz da foto acima. Mais conhecido como Guigui, Edson José das Neves, 37 anos, trabalha recolhendo papelão há cerca de dois anos. Os principais pontos são estabelecimentos comerciais da região da rodoviária e do Centro. Os proprietários de alguns desses lugares, inclusive, têm o costume de chamá-lo com frequência para a coleta. Mas o contato teve de ser interrompido nesta semana, já que os instrumentos de trabalho de Guigui, os carrinhos, foram furtados. E pela segunda vez.
Em setembro, a carrocinha usada por Guigui sumiu do terreno onde ele costuma deixar os carrinhos e o material que coleta, próximo à praça da Martini. Na época, acabou sendo encontrada com inúmeras danificações, em um matagal no município. Graças a uma corrente de solidariedade, Guigui ganhou dois carrinhos novos. No entanto, na última terça-feira (10), eles também foram furtados.
A doméstica Cleusa Saldanha do Rosário, a irmã do catador, viu Guigui nos arredores da rodoviária com uma das carrocinhas por volta das 10h de terça-feira, quando ela ia a uma consulta médica. O carrinho menor estava preso por uma corrente a um poste da área. Em seguida, Cleusa acredita que Guigui tenha ido almoçar em um dos restaurantes que costuma fornecer refeições sem custo para o catador. Antes, no entanto, ele teria deixado o carrinho junto à carrocinha maior, no terreno onde armazena os materiais. Desde então, os dois carrinhos não foram mais vistos.
Guigui tem deficiência intelectual, o que dificulta sua comunicação. O valor que arrecada com as vendas do papelão para a reciclagem serve para ajudar no tratamento da mãe, Neusa Marli de Freitas. Diagnosticada com câncer no olho em 13 de março, Neusa, 58 anos, faz sessões de quimioterapia, enfrentando metástases nos pulmões e nos rins. Ela também passou por uma cirurgia para retirar um dos olhos, mas, como informa Cleusa, não foi possível a raspagem total do tumor, em função do estado avançado do câncer e dos riscos no procedimento.
— O Guigui quer estar nessa função (de recolher papelão). Além de ajudar a mãe, é pro bem-estar dele mesmo. Ele é muito querido na cidade, vai por tudo, por causa do jeito como é tratado por todo mundo. Ele é educado e gosta de estar no meio do pessoal. A gente não consegue segurar ele — resume Cleusa.
Guigui vive com a mãe Neusa e com o padrasto. O tratamento contra o câncer é coberto pelo SUS, mas a família precisa dar conta de outros custos, como o aluguel, o deslocamento até o serviço de saúde e a dieta restrita que Neusa deve seguir. Entre as recomendações, segundo Cleusa, muitas frutas e proteína, principalmente carne.
— Na primeira vez em que furtaram a carrocinha, uma campanha conseguiu alimentos e cerca de R$ 2 mil. Teve gente muito boa que ajudou — lembra Cleusa. Na batalha contra o câncer, a família também teve apoio expressivo da Aapecan e da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Garibaldi.
Até a manhã desta sexta-feira (13), nenhum relato sobre o paradeiro dos carrinhos havia chegado até a família de Guigui. Informações podem ser enviadas por WhatsApp para Cleusa, no número (54) 99975-7132. Para os interessados em doar alimentos ou valores financeiros para a família, o contato pode ser feito, via WhatsApp, com Neusa, no número (54) 98431-2342. A família informa que a melhor forma de contato é via mensagens no aplicativo, já que Neusa, por estar debilitada em função da doença, nem sempre consegue atender de imediato.