Ir ao clube em um fim de semana para aproveitar o sol nas espreguiçadeiras depois de dar um mergulho na piscina ainda não será realidade para associados em Caxias do Sul neste verão. Até esta sexta-feira (6), as principais sedes recreativas particulares da cidade nem sequer tinham previsão de data para iniciar a temporada. Regras do governo estadual para evitar contágio por coronavírus impedem a liberação com o intuito de não gerar aglomerações. A norma, no entanto, é motivo de contrariedade. A reportagem da rádio Gaúcha Serra e jornal Pioneiro visitou três clubes da cidade que assinaram um documento entregue aos governos estadual e municipal solicitando a retomada das atividades. Entre quinta-feira (5) e sexta-feira (6), os espaços estavam praticamente vazios.
— Estamos entre a cruz e a espada. De um lado nossos 19 mil associados (entre titulares e dependentes) clamando pela abertura, claro que respeitando as limitações impostas pela pandemia, e do outro temos o poder público. Já foram entregues protocolos com todos os maiores clubes do Rio Grande do Sul e ainda não há definição. Por que estamos sendo deixados por último na fila das liberações? — questiona o presidente do Recreio da Juventude, Paulo Marchioro.
O local abriria os portões na segunda semana de novembro mas, neste ano, a retomada acontecerá somente se houver um aval do governo, sem previsão alguma.
— Todos sabem que o vírus não irá embora até termos uma vacina eficaz. Sabemos que teremos que mudar de comportamento, não faremos mais aglomerações como antigamente. Reuníamos 7 mil pessoas em aberturas (de temporada). Desta vez, seria dividido em dias e grupos. Se as pessoas não se encontrarem no clube, que é um lugar organizado, irão se encontrar em parques e talvez em locais clandestinos — diz.
Marchioro e outros dois representantes de clubes integram um protocolo entregue ao governo Eduardo Leite no final de outubro. São 40 clubes do estado com o mesmo pedido: obter liberação para abrir as piscinas aos associados mesmo que com regras de controle e sanitização. Em Caxias, além do Recreio da Juventude, assinam a carta o Clube Juvenil e o Recreio Cruzeiro. A Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) ingressou no movimento posteriormente, apoiando a iniciativa.
No Recreio da Juventude, os associados podem utilizar os 25 hectares de área, na Rua Atílio Andreazza, nº 3525, no bairro Sagrada Família, apenas para ir à academia ou participar de aulas esportivas como tênis, judô e padel. Caminhadas estão liberadas por conta da ampla área ao ar livre, mas por no máximo duas horas de duração. Na piscina coberta, são realizadas aulas aquáticas. O fluxo atual de circulação é de cerca de 1,2 mil pessoas por dia enquanto em outros anos a quantidade chegava a 3,4 mil. A média leva em conta os visitantes da sede e da área incorporada, o antigo Clube Guarany, com uma área de 5 hectares no bairro São Leopoldo.
No Clube Juvenil, são cerca de 2 mil pessoas, entre titulares e dependentes, impedidas de utilizar os espaços localizados na Rua Marquês do Herval, nº 197, no bairro Madureira. Atualmente, funcionam a academia e cinco quadras de tênis. Caminhadas não são liberadas. O restaurante da sede está aberto, mas com limitação de 50% da capacidade. No período de pandemia o clube iniciou a reforma da piscina coberta e, por isso, não são realizadas as aulas de natação e hidroginástica. Uma parceria encaminha os alunos para a estrutura da Biocenter.
Na manhã de sexta-feira (6), apenas o arquiteto Ricardo Alves, 61, utilizava os equipamentos do espaço. Ele opina sobre a abertura de temporada das piscinas:
—Sou a favor para exercícios desde que tenha distanciamento sem aglomeração, mas pra lazer, acho que complica, é meio preocupante. Se tivéssemos a vacina até tudo bem — disse.
De acordo com a gerente administrativa do Juvenil, Simone Boniatti, o clube está preparado para reabrir as portas.
— Estamos realmente aguardando as deliberações das autoridades. Os associados têm muito interesse que o clube reabra. O clube está preparado para atender, mantivemos todos os serviços para quando ocorrer — afirma.
Fora da pandemia, o Juvenil reunia 600 pessoas por dia no verão. Agora, em torno de 60 alunos frequentam o local diariamente, apenas para ir à academia. Entre aulas e jogos de tênis, 60 encontros ocorrem com hora marcada, com dois ou quatro alunos por agendamento, a cada dia.
Mais distante do centro de Caxias, o Recreio Cruzeiro, localizado em Monte Bérico da 9ª Légua, trocou o cenário de dezenas de famílias que costumavam passar os dias nas áreas das churrasqueiras pelo completo vazio. O clube que completa 70 anos no próximo dia 15 cancelou a programação que faria em comemoração à data. Neste sábado (7), haverá um ato simbólico para marcar o aniversário de fundação. A temporada de piscinas no Recreio Cruzeiro já teria iniciado no primeiro final de semana deste mês. Duzentas pessoas por dia frequentavam o espaço de 50 hectares localizado a cerca de 10 km do centro da cidade em outros anos. Dos cerca de 2,2 mil associados, apenas usuários de esportes como tênis ingressam no espaço atualmente . A sede oferece oito quadras para a modalidade, sendo duas cobertas.
— A ideia seria liberarmos ao menos os espaços no entorno das piscinas com cadeiras e espreguiçadeiras para as pessoas aproveitarem o sol. O sócio vê as liberações de bares e tudo o mais e não entende porquê não liberar a piscina onde a água é tratada com cloro. Acho que falta um pouco de boa vontade — afirma o presidente, Luis Suzin.
Salões de festas e quiosques fechados
Apesar de eventos sociais e festas terem sido liberados no Rio Grande do Sul em bandeiras amarela ou laranja na classificação de risco e com regras estipuladas, os salões que funcionam dentro de clubes não estão autorizados a funcionar. O Recreio da Juventude possui 30 espaços que costumavam ser reservados para eventos, entre salões e quiosques, que permanecem interditados. No Juvenil são nove cabanas fechadas, assim como os salões da sede social na Avenida Julio de Castilhos, nº 1677. Mais de 150 churrasqueiras e dois salões de festa seguem sem agendamentos para o público no Recreio Cruzeiro.
Na Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), a realidade é a mesma. O presidente Vinicius Valdez, defende que ao menos as áreas verdes, os parques infantis e os quiosques possam reabrir.
— Nos parece um tratamento diferenciado aos clubes. O acesso de pessoas acontece com muito mais cuidado do que em outros locais em que não há verificação de temperatura e álcool gel — diz Valdez.
Em Porto Alegre, há um decreto municipal (nº 20.780, publicado em 29 de outubro), que libera a utilização com 50% da capacidade e exige a presença de um responsável que faça a contagem de pessoas no acesso às piscinas. O distanciamento deve ser de dois metros entre os usuários.
Confira como está o funcionamento dos clubes que entregaram documento conjunto pela reabertura ao governo estadual:
Recreio da Juventude
Associados - 19 mil, entre titulares e dependentes
Horário de funcionamento: 6h às 22h
Liberação para caminhadas: 6h às 21h por no máximo duas horas
Academia: com agendamento e ocupação máxima de 45 minutos
Aulas de esportes específicos como tênis e judô: com agendamento
Contato: (54) 3028-3555
Clube Juvenil
Associados - 2 mil, entre titulares e dependentes
Horário de funcionamento: 7h às 21h30min
Academia: 7h às 21h30min
Esportes : com agendamento
Contato: (54) 3221-5225
Recreio Cruzeiro
Associados - 2,2 mil, entre titulares e dependentes
Funcionamento: 9h às 21h
Esportes: com agendamento
Contato: (54) 3208-5546
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