Mais uma etapa foi concluída no processo que investiga o suposto milagre realizado pelo frei Salvador Pinzetta, conhecido por seu trabalho desenvolvido na região de Flores da Cunha. O religioso capuchinho viveu entre 1911 e 1972 e virou venerável pelo Papa Francisco em maio do ano passado. Na terça-feira (6), a Diocese de Caxias do Sul realizou a sessão de encerramento da fase diocesana do processo de beatificação. Agora, o conselheiro geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, frei Carlos Silva, deve levar duas cópias fidedignas do material para análise em Roma. A viagem está marcada para o dia 9 de novembro.
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A fase diocesana foi instaurada em 27 de julho, data da sessão solene que reuniu as evidências do milagre presumido, coletadas em pesquisa feita pelo vice-postulador local, frei Sergio Marcello Dal Moro. Na etapa, foi instituído pelo bispo da Diocese, dom José Gislon, um tribunal eclesiástico formado por um juiz delegado, um promotor de justiça, um notário anuário e um chanceler do bispado, além de 13 testemunhas e de uma médica que atesta que o feito atribuído ao frei Salvador não possui explicação científica. Caso contrário, o caso não poderia ser comprovado como milagre.
Para a próxima etapa, o frei Carlos, que reside em Roma mas está no Brasil para visitas aos freis do país, passou por juramento na sessão de encerramento e foi encarregado de entregar duas cópias do processo à Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano. Ele inicia a viagem em 9 de novembro e chega em Roma no dia 10. O religioso prevê entregar o processo na secretaria da Congregação das Causas dos Santos até o dia 12. O material é levado pessoalmente ao local, junto ao frei Carlo Calloni, responsável pelas Causas dos Santos na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.
Em Roma, o caso será analisado novamente, dessa vez por médicos de confiança da Congregação para as Causas dos Santos. Primeiramente, deve ter aval de uma comissão de três profissionais. Todos devem atestar o milagre. Depois, o caso passa por outra comissão, formada por sete médicos. Dos sete, cinco precisam garantir que não há explicação médica para o caso. Então, o processo passa por bispos e, por fim, deve ser encaminhado para assinatura do Papa Francisco.
A cerimônia de beatificação, que antes era realizada em Roma, por determinação do Papa Bento XVI, passou a ser na Diocese, em um movimento para valorizar a Igreja local. Desse modo, caso o frei Salvador seja beatificado, um representante do Papa virá a Flores da Cunha para o ato.
Segundo o vice-postulador local, frei Sergio Dal Moro, a expectativa para a conclusão do próximo passo — a avaliação da comissão dos três médicos — é de um ano.
O presumido milagre
Na pesquisa realizada pelo frei Sergio, estão documentos como exames, recomendações médicas e relatórios feitos a partir do contato com médicos e testemunhas que conviveram com um paciente que, segundo a investigação, pode ter se curado por intercessão do frei Salvador. De acordo com o frei Sergio, o caso, ocorrido em meados de 2007, envolve uma mulher de Flores da Cunha com um quadro avançado de câncer no abdômen, já sob cuidados paliativos. Ela tinha, inclusive, uma expectativa de vida de três meses, segundo os médicos que a acompanhavam. Uma semana após orações para o frei Salvador, ela apresentou melhora no quadro. As evidências do processo, que soma mais de 200 páginas, buscam comprovar a melhora repentina no caso da mulher, que chegou a viver por mais doze anos. O nome dela ainda não foi revelado, por orientação do Vaticano.
Processo iniciou há nove anos
O movimento para tornar o frei venerável Servo de Deus começou em 1977, cinco anos após a morte dele, em 31 de maio de 1972. O processo foi aberto em abril de 2011 na Diocese de Caxias do Sul, com a instauração do tribunal eclesiástico diocesano. Os documentos foram levados para Roma pelo então postulador local, dom Ângelo Domingos Salvador, no ano seguinte. Depois disso, o vice-postulador, frei Celso Bordignon, ficou responsável por dar prosseguimento ao processo no Brasil. Mais recentemente, o frei Sergio Dal Moro assumiu a causa no âmbito da Diocese.