Todos os moradores de Caxias do Sul diagnosticados com síndrome gripal agora estão sendo testados pelo método RT-PCR (indicado para pacientes com sintomas iniciais de covid-19), segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Mas é preciso ter sido avaliado por um médico e ter recomendação para a realização do exame.
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Para as consultas, as pessoas podem continuar procurando as unidades básicas de saúde (UBSs). Caso haja a orientação para o exame, serão encaminhadas às unidades de pronto atendimento (UPAs) Central ou Zona Norte. Nesses locais, farão a coleta de amostra de secreção nasal e da boca. O material será remetido ao Laboratório Central do Estado (Lacen) para análise.
Até o momento, os testes RT-PCR eram aplicados em profissionais da saúde, da segurança penitenciária e dos órgãos de segurança pública, da Fiscalização Municipal de Trânsito, do Departamento Estadual de Trânsito e do Instituto-Geral de Perícias, em pacientes hospitalizados por síndrome gripal, gestantes e pessoas a partir do 50 anos com sintomas.
A ampliação do público de testagem segue recomendação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) no Programa Testar-RS. Porém, conforme a SMS, ainda faltam detalhes para que o município inicie no projeto, como a implantação por parte da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde, de uma central de triagem regional. Mesmo assim, a prefeitura está fazendo as coletas de amostras e enviando ao Lacen. A espera pelo resultado está entre sete e 14 dias.
Segundo o secretário de Saúde de Caxias, Jorge Olavo Hahn Castro, o equipamento do Laboratório Central da cidade não está operando porque os insumos que o município tinha acabaram. A prefeitura já fez a compra e o processo deve voltar a ser feito na cidade ainda na primeira quinzena deste mês.
— O objetivo final é diagnosticar e fazer o isolamento (das pessoas positivas) para diminuir o contágio — disse o gestor.
O outro caso é de uma idosa de 80 anos, hipertensa, diabética e obesa. Ela estava internada na UTI do Virvi Ramos desde 30 de agosto e morreu na última segunda-feira (7).
Das 114 vítimas registradas na cidade até agora, 66 eram homens com idade entre 32 e 94 anos e 48 eram mulheres na faixa etária entre 33 e 97 anos.
Até a publicação desta reportagem, essas mortes ainda não estavam contabilizadas nos números da Secretaria Estadual da Saúde (SES) e, portanto, não constavam na estatística nacional. A SES atualiza o boletim diariamente, mas pode levar alguns dias para cada vítima entrar na contagem, o que gera uma discrepância momentânea.
COMPRA DE TESTES NA REGIÃO
As prefeituras da região seguem investindo na testagem sorológica, aquela que detecta se a pessoa já desenvolveu anticorpos para a covid-19 por meio de análise de amostra de sangue, conforme duas associações de municípios dos quais fazem parte municípios da Serra.
De acordo com Schamberlaen José Silvestre, prefeito de Cambará do Sul e presidente da Associação dos Municípios de Turismo da Serra (Amserra), as prefeituras têm comprado testes ou por meio dos consórcios de municípios ou individualmente.
Já o presidente da Associação dos Municípios dos Campos de Cima da Serra (Amucser), Ailton de Sá Rosa, prefeito de Esmeralda, disse que percebeu uma redução na compra de testes sorológicos. Rosa também preside o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Região dos Campos de Cima da Serra (Condesus) que viabilizou a compra de quase 40 mil testes deste tipo para as 12 cidades que integram a entidade em maio. Depois disso, não foi feita nova compra pelo consórcio.
O presidente do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Serra Gaúcha (Cisga), Douglas Favero Pasuch, prefeito de Nova Roma do Sul, disse que a entidade também fez apenas uma compra de testes em maio. Foram adquiridos 10 mil unidades, das quais cinco mil foram distribuídas entre 16 cidades que estão ativas no consórcio e a outra metade foi disponibilizada para as prefeitura que quisessem comprar.
Em ambos os casos, o valor pago pela unidade ficou bem abaixo da média de mercado _ R$ 79,50 na licitação feita pelo Cisga e R$ 55 no pregão realizado pelo Condesus.
Procura por exames nos laboratórios se manteve alta no último mês
A procura por exames para diagnóstico de covid-19 seguiu alta em Caxias nas duas últimas semanas de agosto. No Alfa Laboratório, houve um aumento, mas em percentual menor do que vinha sendo registrado entre a segunda metade de julho e a primeira metade do mês passado. Nas últimas duas semanas de agosto, o aumento ficou entre 10% e 15% em relação a semana anterior no exame RT-PCR. Enquanto isso, o sorológico teve queda mais ou menos na mesma proporção.
Segundo o sócio-proprietário do Alfa, Gustavo Weirich, o pico de procura coincidiu com o período em que as empresas de alguns setores retomaram as atividades.
— Eu noto que hoje as empresas não fazem testagem em massa, por isso, talvez, tenha diminuído o teste rápido. Mas, se tem sintomas ou se tem um caso positivo, elas testam grupos pequenos de pessoas que têm contato próximo no mesmo setor. As empresas fazem o PCR quando já tem um caso conhecido positivo. Aquele teste de todos os funcionários para voltar a trabalhar não temos visto tanto — comentou Weirich.
O preço dos testes se manteve igual no Alfa nas últimas semanas, R$ 250 tanto para o RT-PCR quanto para o sorológico. Esse valor pode ter desconto quando realizado para grupos em empresas. O prazo para o resultado também permanece o mesmo, de dois a três dias para o PCR, e de algumas horas para o sorológico.
Na Unimed, maior plano de saúde da região, segue com grande procura por testes para o coronavírus, segundo a assessoria de imprensa. Em função disso, as análises de RT-PCR para clientes que não estão internados seguem sendo feitas por um laboratório parceiro. Mas o prazo, que em meados de agosto era de até quatro dias úteis, baixou para até três dias tanto para o PCR quanto para o exame sorológico. Já para pacientes, o prazo é de três horas para o PCR.
Os exames têm cobertura do plano de saúde, com cobrança de franquia/coparticipação conforme o plano.
No laboratório da Universidade de Caxias do Sul (UCS), a procura pelo exame RT-PCR deu um salto em agosto em comparação a julho de 260%, passando de 825 para 2.145. A demanda já vinha em uma crescente desde que o serviço foi disponibilizado. Em maio foram 146 exames e em junho 631. Para além disso, o índice de resultados positivos também vem aumentando. Foi de 10% em maio, 11% em junho, 25% em julho e 28% em agosto.
Para o diretor da Área de Ciências da Vida da UCS, Asdrubal Falavigna, a taxa de casos positivos está diretamente relacionada ao aumento da testagem.
— Se tivéssemos testado mais, teríamos achado mais (positivos). Tendo maior testagem, se conseguiu detectar um número mais real do que se observava no dia a dia, que era um quarto das pessoas, praticamente, de cada quatro pacientes um tinha coronavírus, o que mostram esses dados. Isso se detectou por estarmos no epicentro do problema e de ter feita a testagem — ponderou Falavigna referindo que identificando o paciente infectado, se consegue fazer o isolamento e impedir a transmissão do vírus.
O teste RT-PCR na UCS segue custando R$ 250 para a comunidade em geral, enquanto o teste sorológico custa R$ 220. A UCS tem feito convênios e oferece descontos.