O abraço tão sonhado a cada dia dos pais foi um presente depois de 35 anos longe um do outro. O esperado encontro entre Adão Cortiana, 64 anos, e o filho Lucas Daniel Ávila da Rosa, 35, no último dia 15, foi marcado por emoção, sorrisos e lágrimas.
Adão só teve contato com Lucas quando ele era um recém-nascido em Giruá (RS). A criança ficou com a mãe e Adão seguiu outro rumo, perdendo o contato com a mulher e o bebê. Lucas, por sua vez, sempre manteve a esperança de conhecer o pai. Foi uma busca em tanto e a primeira conversa pelo telefone ocorreu no dia 7. Foi Lucas quem encontrou Adão depois de tanto tempo longe.
Morador de Caxias do Sul, onde vive desde os sete anos, Lucas alugou um carro e foi até Florianópolis (SC) para conhecer Adão. Ele descreve o primeiro encontro:
- Eu desci do carro e ele estava sentado na área da casa dele em uma cadeira de balanço. Ele levantou e fomos um em direção ao outro. Nos abraçamos e choramos - relembra Lucas.
Basta olhar as feições do rosto de Adão para perceber que são os mesmos traços do rosto de Lucas.
- É mais fácil dizer que a gente não tem nenhum traço incomum porque traços em comum a gente tem todos: o cabelo, a testa, as sobrancelhas, os olhos, o nariz, as orelhas e até um furinho no queixo - emociona-se o filho.
Não é apenas a semelhança física que uniu os dois depois de tantos anos de espera: gostam das mesmas coisas,e dividem, mesmo que o filho não soubesse, o amor pelo mesmo time.
- Sou colorado fanático. Acompanho o Inter para lá e para cá, e faço parte do conselho do clube. Quando falamos por telefone contei a ele: pai eu sou colorado e ele disse: ainda bem guri porque eu também sou colorado.
O primeiro presente do dia dos pais?
- Uma camisa do Inter, já que ele me disse que não tinha.
No primeiro encontro não houve espaço para mágoas e ressentimentos. Os dois trataram de se conhecer e criar lembranças para preencher o vazio da distância:
- Falamos de como ele e minha mãe se conheceram, a transferência dele para trabalhar em outra cidade logo depois que eu nasci, sobre a família dele em Santa Catarina e a minha em Caxias.
A SEPARAÇÃO
O pai acompanhou toda a gravidez, e seguiu ao lado do filho nos primeiros trinta dias de vida de Lucas. Logo depois, Adão foi transferido pela empresa que trabalhava em Giruá para Porto Alegre e da capital gaúcha para Florianópolis (SC).
- Minha mãe ainda não tinha me registrado, e quando registrou na certidão de nascimento ficou só o meu nome. Ele se mudou de cidade e minha mãe assumiu toda a bronca sozinha. Ela matou no peito e me criou sozinha - conta orgulhoso.
Adão esteve em Giruá há cerca de 25 anos para tentar encontrar o filho:
- Meu pai sabia que tinha um filho, mas não sabia nem meu nome. Ele contou que voltou para nos procurar e tentou achar minha mãe para saber de mim. Não teve sucesso e foi para Florianópolis de cabeça baixa e triste por não nos encontrar.
A vontade de conhecer o pai era tanta que Lucas falava sobre o sonho de encontrar ele nos locais que frequentava.
- Eu estava no cabeleireiro em Caxias no começo do mês e contei a minha história. A mãe do meu cabeleireiro disse: "Lucas, legal a tua história. Ele deve estar atrás de ti ou ele não tem nada de informações tuas e não consegue te encontrar. Então, vai você atrás dele porque quando conheci o meu pai ele já estava no cemitério".
A cabeleireira disse ao rapaz com lágrimas nos olhos: "Tu quer perdoar as mágoas passadas e dar um abraço no teu pai ou levar uma vela para ele?".
O REENCONTRO
As palavras da mulher tocaram o coração de Lucas que decidiu encontrar o pai. Usando a internet, ele localizou Adão em menos de uma semana.
- Minha mãe sempre me disse o nome do meu pai, mas tinha o sobrenome errado. Eu comecei a pesquisar e troquei letras do sobrenome até que encontrei uma foto no Google de um registro que ele fez em uma empresa em Santa Catarina . Foi aí que cheguei até ele.
Depois da ligação, o encontro.
- Eu queria conhecer ele, olhar para a cara dele, dar um abraço e falar que não há mágoas em relação ao passado. Eu conheci meu pai - comemora Lucas.
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