Para frear os constantes atos de vandalismo contra os contêineres de lixo seletivo, a Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca) apresentou um equipamento antichamas na manhã desta sexta-feira (24).
Dois contêineres amarelos, um de plástico e o novo modelo, forjado com aço 1020 pelos funcionários do setor de manutenção da Codeca, foram colocados lado a lado no pátio da companhia. O protótipo foi testado para comprovar a eficácia do material quando exposto ao fogo, vandalismo que ocorre com frequência na cidade.
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Para simular uma situação de rua, foi colocado resíduo seletivo nos equipamentos. Os equipamentos de plástico e de aço foram incendiados ao mesmo tempo. As chamas eram mais aparentes no contêiner de plástico. Ao mesmo tempo, o de aço parecia se deteriorar mais rapidamente com o fogo. No entanto, o dano era somente externo, na pintura. No caso do material de plástico, as chamas aumentaram rapidamente, e fogo atingiu a estrutura interna. Em pouco mais de dois minutos, ele foi totalmente consumido pelo fogo. O equipamento de aço ficou danificado apenas na parte externa, sem danos na estrutura.
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- Os dois queimam, a diferença é que o de aço terá como ser recuperado porque a estrutura dele não será comprometida, enquanto o de plástico derrete e na maioria das vezes é completamente destruído _ explica Douglas Leal, Supervisor de Infraestrutura.
O modelo de aço, depois de ser incendiado, ficou com tinta descascada, o que pode ser resolvido com pintura antichamas.
- O material queima e vai ficar com esse aspecto feio, mas é só por fora. Esse contêiner de aço será totalmente recuperado. Há 22 em testes nas ruas para que possamos ir melhorando os equipamentos - complementa Leal.
O peso do protótipo foi ajustado até que ele se tornasse adequado para ser carregado no caminhão que recolhe o lixo. Com os testes, a Codeca quer apostar neste equipamento para substituir gradualmente os 1.835 contêineres amarelos na cidade.
- Criamos um Departamento de Inovação para que os funcionários que têm conhecimento do dia a dia com o que acontece na Codeca possam colocar as ideias e projetos em prática. A confecção será interna, aproveitando a mão de obra e a qualificação dos servidores - diz o diretor administrativo financeiro da Codeca, Luis Felipe Burtet.
Ele ressalta que essa ideia era discutida internamente, mas essa é primeira vez que testam o equipamento com foco no combate ao prejuízo provocado pelos vândalos:
- Nos primeiros seis meses de 2020, 110 equipamentos foram incendiados em Caxias. O prejuízo é de R$ 154 mil aos cofres públicos somente neste ano. A cada ano, a Codeca precisa repor os equipamentos destruídos, sendo que cada contêiner amarelo custa R$ 1.400. Com o de aço, que será produzido pela companhia, o valor cai para R$ 900.
Em 2019, no primeiro semestre foram 64 ataques e o ano encerrou com 202 contêineres destruídos.
ALERTA
A tampa do equipamento de aço não será substituída. Ela continuará sendo de plástico para manter a segurança da população, uma vez que é mais leve. Os bombeiros participaram da simulação e aproveitaram para fazer um alerta à comunidade: deixar a tampa do equipamento, tanto do verde quanto do amarelo, sempre fechada. Isso evita a propagação do fogo, em caso de incêndio.
O soldado Júlio Haiton avaliou o modelo:
- A durabilidade do contêiner de metal é maior, e ele aguenta o fogo. O de plástico é altamente inflamável depois que ele perde o componente antichamas, e derrete rápido.
Os contêineres de plásticos são fabricados em polietileno de alta densidade. Por isso, apesar de o material ter em sua composição um aditivo antichama, que evita a criação de labaredas, o polietileno continua sendo inflamável e faz com que o contêiner derreta completamente
- Caso a população aviste contêineres em chamas, deve ligar para o 193 e acionar os bombeiros. Não é seguro tentar apagar o fogo porque não se sabe o que tem dentro do contêiner e há substâncias, que em contato com a água, podem explodir.
Primeiro semestre positivo
A Codeca também divulgou o resultado do primeiro semestre. Segundo a companhia, ao contrário das projeções de janeiro, que previam um prejuízo de pouco mais de R$ 2,5 milhões nos seis primeiros meses do ano, a empresa encerrou o período com um superávit de cerca de R$ 900 mil. Entre janeiro e junho de 2019, a Codeca havia amargado um prejuízo de R$ 6,6 milhões. Ainda segundo a companhia, a implantação de medidas administrativas de contenção de despesas e a racionalização no processo operacional trouxeram esses resultados positivos.