Se ainda não há confirmação científica sobre a relação da melhora de pacientes com coronavírus e a transfusão de plasma convalescente, otimismo é o que não falta para a equipe do Hospital Virvi Ramos, em Caxias do Sul. A instituição de saúde já realizou nove transfusões e aguarda para esta sexta-feira (3), ou no máximo segunda-feira (6), o décimo procedimento. O balanço em pouco mais de um mês da primeira vez em que a técnica foi efetuada é positivo. Dos receptores, três tiveram alta da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e um já pôde sair do hospital totalmente recuperado.
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Os resultados refletem em motivação à equipe do hospital. Uma das médicas responsáveis pelos procedimentos, doutora Eveline Correa Gremelmaier, afirma que o tratamento parece causar bloqueio na cadeia de piora das funções do paciente. Eveline concedeu entrevista na manhã desta sexta-feira (3) para o programa Atualidade da rádio Gaúcha.
— É precoce dizer que é a solução de todos os problemas, mas a perspectiva é boa aparentemente. Observamos que fazer o plasma antes do paciente ser intubado é ainda melhor. Estamos vivendo uma situação muito atípica, sem visitas na UTI e com informações passadas por telefone. Dar uma notícia para uma família que o paciente pelo menos parou de piorar faz o trabalho valer a pena. Nossa equipe se motiva muito mais porque vê que mesmo um hospital do interior tem condições de fazer algo diferente pelos pacientes — afirma.
O procedimento é aplicado para pacientes em estado grave em caráter experimental. A primeira doação de um curado da covid-19 aconteceu em 22 de maio no Hemocentro Regional de Caxias do Sul (Hemocs). A transfusão pioneira no Rio Grande do Sul ocorreu em 26 de maio. Tarcísio Giongo, 63 anos, saiu da UTI cerca de 15 dias depois. Ele segue sendo monitorado no quarto do hospital, mas está recuperado do coronavírus.
O melhor resultado foi do caxiense Carlos da Silva Borges, 40 anos, que recebeu alta hospitalar na última segunda-feira (29), 15 dias após o processo. Outro caso que chamou a atenção é de uma mulher de 32 anos. Ela realizou o procedimento na segunda-feira e deixou a UTI em menos de 48 horas depois.
Dois casos, porém, não resistiram, mesmo com o auxílio do processo. Uma mulher de 83 anos morreu em menos de uma semana após a transfusão, em 20 de junho, mesmo dia em que um homem de 64 anos também faleceu mesmo tendo sido receptor de plasma. Os outros pacientes seguem em observação.
O procedimento é possível somente porque o Hemocs recebe doadores e consegue, por meio de um maquinário específico, separar o plasma de outros componentes do sangue. As doações precisam ser agendadas pelos telefones (54) 3290-4543 e (54) 3290-4580 ou por meio do whatsapp (54) 984188487. O Hemocs atende de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30min às 17h30min e aos sábados das 8h até 12h, na Rua Ernesto Alves, 2.260, ao lado da UPA Central. São recebidos homens entre 18 e 60 anos que estão há mais de 28 dias recuperados da covid.