Moradoras do bairro Cristo Redentor, em Caxias do Sul, procuraram a reportagem para relatar problemas no transporte coletivo urbano da cidade. Uma consultora comercial, de 45 anos e a filha dela, de 20, têm enfrentado mudanças e atrasos nos itinerários. Elas também relataram que há um intervalo amplo entre horários que acabam prejudicando a rotina de trabalho das duas.
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Secretaria de Trânsito de Caxias constata redução no número de ônibus do transporte coletivo
Conforme a consultora, ela já entrou em contato com a Secretaria de Transportes para reclamar sobre a linha Cristo Redentor, que faz o trajeto via 13 de Maio. Tanto no período da manhã, entre às 6h30min e 8h, como entre 18h e 19h, que é o horário que a maioria das pessoas saem do trabalho, é preciso ficar na parada por uma hora à noite aguardando ônibus, sozinha e correndo riscos.
- Precisamos pegar dois ônibus para chegar ao trabalho e os horários de saída dos bairros e troca de linha no centro não são compatíveis, pois existe um distanciamento muito grande entre uma horário e outro. Estão alterando os horários do site todos os dias, nos guiamos por isso, mas a verdade é na maioria das vezes não coincide. Na semana passada aconteceu por dois dias de eu ficar aguardando a linha 71 Perimetral Norte no horário que marcava no site 18h05m e ele passou as 18h45m.
Ainda conforme ela, o problema segue nesta semana:
- Está um caos. A linha Troncal (vermelho) estava com lotação com as pessoas paradas na porta. Também unificaram a linha do Panazzolo com outra linha o que está causando lotação e as pessoas estão tendo que ir a bairros nas imediações para conseguir pegar um ônibus para conseguir chegar ao trabalho.
A passageira ressalta que agora precisa utilizar todos os dias transporte por aplicativo para ir até à EPI Imigrante. Lá ela embarca em um ônibus para conseguir chegar ao trabalho no horário, X
- Estou tendo despesas extras e é muito estressante ficar em paradas por muito tempo, na chuva, no frio, sem saber a que horas chegaremos em casa. A opção do ônibus é chegar uma hora antes no trabalho ou 40 minutos depois.
Ela conta ainda que o mesmo tem ocorrido com a filha dela:
- Em mais de uma vez minha filha teve que ficar no Centro, sozinha e à noite passando pela mesma situação. Ela ficou esperando pelo ônibus porque mudou o horário e nem ficamos sabendo _ reclama.
BANDEIRA VERMELHA E AGLOMERAÇÕES
Com a cidade estava em bandeira vermelha, na última semana, a passageira questiona:
- Se a cidade, o comércio, deve parar para não gerar aglomeração, porque o nosso transporte público pode lotar? Porque as EPI'S podem ficar cheias, os ônibus cheios? Porque nossos transportes podem diminuir nos horários de pico, gerando aglomerações? Não faz sentido! Entendo que o momento é complicado e de adaptação, mas a maioria das pessoas continuam saindo para trabalhar todos os dias e dependem do transporte público. Eles precisam se organizar melhor, pagamos por esse serviço. É necessário que todos , em conjunto, façam sua parte, caso contrário logo estaremos com a bandeira preta e todos seremos prejudicados - desabafa.
CONTRAPONTO
O secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade de Caxias do Sul, Alfonso Willembring, afirma que ao longo desses três meses, a situação no transporte coletivo tem mudado devido à pandemia em Caxias do Sul. Depois do primeiro decreto em 18 de março, a Visate reduziu para 25% a frota de ônibus na cidade, mas não teve impacto na oferta aos passageiros porque o comércio e a indústria pararam por 15 dias, segundo ele. Desde então, o município acompanha atentamente a evolução do quadro, e o número de ônibus nas ruas foi aumentando, tanto que na semana passada a frota passou para 60%. Contudo, nesta semana, ele ressalta que foi pego de surpresa com a redução da frota, por parte da Visate, sem o aval da secretaria:
- Com a mudança na classificação da bandeira, de laranja para vermelha, a concessionária, sem nos consultar, reduziu o número de veículos nas ruas. Temos conversado todas as semanas para prestar um melhor serviço à população e temos fiscalizados os ônibus para que não ocorram aglomerações. Aí fomos pegos de surpresa com inúmeras reclamações e ligações sobre ônibus que não passaram no horário. Não sabemos quanto eles reduziram, mas entramos em contato com a empresa que admitiu que reduziu a frota. Determinamos que isso não ocorra mais, não pode acontecer e o atendimento à população é prioridade.
O QUE DIZ A VISATE
Por meio da assessoria de imprensa, a Visate informou que está "operando conforme determinação da Secretaria de Transportes. Hoje (19) estamos operando com total de 110 ônibus + 42 reforços e 22 reservas. Na sexta passada (12), por exemplo, estávamos operando com 110 ônibus + 47 reforços e 22 reservas. Mesmo com a queda de passageiros devido a bandeira vermelha em Caxias, os números se mantém próximos, mas é claro que, devido a situação de emergência, algumas adequações podem ser realizadas nas linhas conforme necessidade para facilitar pros clientes ou por solicitação da prefeitura. Todos os dias eles fiscalizam as linhas, nos enviam relatório e em caso de qualquer necessidade já adaptamos para o mesmo dia se possível ou no máximo pro dia seguinte".