Em Caxias do Sul, usuários do transporte coletivo apontam problemas com superlotação em algumas linhas de ônibus. Para resolver, a Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade (SMTTM) afirma estar realizando fiscalizações diariamente que tem como objetivo reduzir o número de passageiros dentro dos ônibus e, assim, prevenir o risco de contágio por coronavírus.
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A orientação é que os usuários permaneçam sentados no transporte coletivo. Em veículos com dois eixos (simples) são permitidos até 10 usuários em pé. Nos ônibus articulados, o limite sobe para 15. O gerente de Trânsito e Transportes da SMTTM, Evandro Rech, afirma que a fiscalização em tempo real traz maior segurança e comodidade aos passageiros que usam ônibus em Caxias.
De segunda a quarta-feira desta semana, conforme a pasta, foram vistoriadas 74 linhas. Ao todo, foram encontradas 23 com excesso de passageiros. Entre elas, as que registraram número maior de lotação foram: linha Vila Ipê (L27), linha Troncal (L001) e linha Belo Horizonte (L34).
Quando há excesso de passageiros, a secretaria diz informar à empresa responsável pelo transporte coletivo urbano do município. Assim, a Visate aumenta a capacidade de assentos naquela linha específica para resolver o problema pontual. Conforme a secretaria, o foco não é penalizar, mas sim construir um transporte coletivo urbano melhor.
Em Loreto, falta transporte
Ainda em Caxias, residentes da localidade de Loreto, interior do município, têm encontrado dificuldades com o transporte. Nas últimas semanas, a empresa de transporte intramunicipal Danytur, que atendia à comunidade, parou de operar.
Conforme o gerente da empresa, Edani Gardelin Rodrigues, o serviço não está mais funcionando porque o contrato com a prefeitura foi encerrado no dia 5 de maio. Ou seja, a concessão chegou ao fim e não foi renovada. Com isso, os moradores têm tido que improvisar para chegar ao centro de Caxias do Sul.
— Temos muitos idosos na localidade que não têm outro meio de transporte. Além de pessoas que trabalham e não têm outro meio para se locomover — desabafa a estudante Yasmin Vitória Cechin, residente em Loreto.
A jovem relata que antes o itinerário também não contava com uma grande oferta de horários. No entanto, era possível realizar a locomoção sem enfrentar muitos problemas.
— Ele vinha de manhã, passava por volta das 6h30min, depois só retornava para Loreto por volta do meio-dia. Depois, em torno de 13h30min, ele saía em direção ao centro e retornava por volta das 18h30min. No sábado, o itinerário funcionava apenas de manhã — explica.
Fabiano Cássio Dallegrave é morador do bairro Madureira. No entanto, seus pais residem em Loreto e, a partir de grupos nas redes sociais, ele ficou sabendo que a linha de ônibus não contemplaria mais a localidade. E, começou a preocupar-se com os moradores do local.
— Resido na parte urbana, então, não está me afetando diretamente. Mas sei que o pessoal tem se utilizado de caronas. É uma situação nova e algumas famílias podem encontrar alguma dificuldade maior. Algum idoso que não tenha familiares com carro, os que usavam exclusivamente o transporte público. Ou até no retorno das aulas, que teremos um problema ainda maior — entende.
Yasmin conta que são cerca de 15 alunos que contavam com o transporte para ir até a Escola Estadual Abramo Pezzi e para o Colégio São Carlos. A preocupação dela é quando as aulas retornarem.
— No retorno das aulas ficaremos sem transporte. Os recursos financeiros diminuíram muito e não são todos os estudantes que vão conseguir pagar van. O Visate mais próximo é o que vem até Conceição da Linha Feijó, os moradores mais longe que eram contemplados pelo ônibus levavam em torno de 30 a 40 minutos para chegar até Conceição — relata.
O secretário municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade, Alfonso Willenbring, informou à reportagem que o contrato realmente chegou ao fim. Então, a pasta está verificando a concessão do serviço para nova empresa. No entanto, ainda sem prazo.
Willenbring ressalta que ainda haverá duas reuniões com moradores da localidade de Loreto nos próximos dias. Uma ocorrerá na manhã desta sexta-feira (22) e a outra no sábado.
Problemas também com a Ozelame
Moradores da região que dependem da linha de transporte da empresa Ozelame têm encontrado dificuldades para se locomover com segurança. Segundo relatos, em alguns horários, os ônibus estavam saindo de Bento Gonçalves em direção a Caxias do Sul com o número maior do que o permitido de passageiros.
— Eles estão vindo de Bento Gonçalves para Caxias abarrotados de pessoas, com elas de pé. Também tiraram uma linha de circulação no horário das 17h e agora temos somente o das 17h30min e das 18h30min, que já é o último. Na última sexta-feira, ainda tivemos outro problema, o motorista deixou várias pessoas na estrada e não solicitou reforço — conta a passageira Luciana Scholl.
A reportagem contatou a Ozelame. A empresa informou que esse foi um problema isolado, que aconteceu apenas na última sexta-feira (15). No entanto, ressalta que já foram tomadas as precauções devidas para que isso não se repita.
— Temos quase 40 horários por dia. Então, não temos como prever onde vai ter estouro. São horários comuns, temos que deixar motoristas na rodoviárias para saber qual horário vai estourar. Então, é uma demanda imprevisível — explica o diretor da Ozelame, Júlio Ozelame.
Durante a pandemia, algumas linhas da empresa também foram suprimidas. São cerca de 30 horários a menos. Júlio ressalta também que neste período a lotação nos ônibus é de 75%.
— Na verdade, antes atendíamos muitos estudantes. Mas, basicamente, os horários de segunda a sexta estão dentro do âmbito normal da empresa. Só retiramos o "refinamento", que seriam aqueles semidiretos e executivos — explica.