CORREÇÃO:
O convênio no formato atual não foi cancelado devido a corte de gastos durante a epidemia de coronavírus, como informou a Secretaria de Obras do município, mas, segundo os Correios, a empresa propôs um nova modalidade para que os consumidores não fiquem sem o serviço, principalmente, em virtude da pandemia. A informação incorreta permaneceu publicada das 16h48min do dia 8 de maio até as 11H30min do dia 11 de maio.
O convênio entre a prefeitura de Caxias do Sul e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) está suspenso temporariamente. De acordo com os moradores do interior que já reclamavam do serviço, com essa medida, a situação piorou. Se antes as encomendas, contas e correspondências chegavam aos postos de distribuição nas subprefeituras com atrasos ou eram extraviadas no caminho, agora a comunidade está sem distribuição das correspondências e terá de sair do interior e se deslocar até Caxias para buscar cartas, Sedex ou Pac.
De acordo com a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Smosp), o contrato de prestação de serviço passará por alterações, o provocou a suspensão do serviço temporariamente. Segundo o secretário Gilberto Meletti, a ECT cancelou o convênio no formato atual, porque a empresa fornecia subsídios para a manutenção do serviço e resolveu rever alguns custos. Uma proposta já foi apresentada ao município com um novo formato de convênio, com redução de custos. O município formalizou a adesão à nova proposta e a documentação foi encaminhada para que o serviço seja prontamente restabelecido o mais breve possível. Ainda segundo, Meletti, tanto a empresa, quanto a prefeitura buscam a melhor alternativa para não prejudicar os consumidores, principalmente, em meio a pandemia de coronavírus.
Enquanto isso, a alternativa para os moradores dos distritos é a agência mais próxima da região onde vivem, o que causa indignação da comunidade. Morador de Santa Lúcia do Piaí e integrante da diretoria da associação de moradores do distrito, Jorge Andreazza considera a suspensão inaceitável:
— É um desprestígio e um deboche com as pessoas da comunidade. Os correios são um serviço essencial aos moradores e deve ser encarado como tal. Imagina toda população da localidade, principalmente, os idosos, que vivem no interior se deslocar 42 quilômetros para ir aos correios no centro de Caxias do Sul? Isso é um absurdo!
Ele frisa que em tempos de pandemia a preocupação com os idosos é ainda maior.
— Como os idosos vão pagar o plano de saúde, conta de luz e telefone? Eles não sabem imprimir segunda via ou pagar pela internet. Tenho ajudado muitos a conseguir os documentos impressos. Olha a situação, todos esses idosos indo a Caxias enfrentar uma fila para retirar documento, conta do plano de saúde e encomendas. Até o comércio precisa do serviço, na sede tem salões de beleza, que pedem encomendas, produtos, com vão fazer? Os agricultores compram sementes, como fica? Os distritos tem vida própria, não há como ir até Caxias para buscar uma conta ou um encomenda. Tem a questão da saúde, do prejuízo e também do senso de pertencimento que é necessário, as pessoas gostam de ter acesso aos serviços perto de casa, faz parte da rotina buscar as cartas na sede do distrito onde vivem — reclama.
Um morador do distrito de Fazenda Souza, que prefere não se identificar, conta que com o cancelamento do serviço é preciso ir a Ana Rech retirar as correspondências.
— Fazia tempo que o Correio não funciona direito. As contas chegavam com atraso, depois do vencimento, as encomendas apareciam no rastreio para retirar e quando íamos buscar não estavam à disposição no posto do correio na sede, porque levava 24 horas para mandar da agência em Caxias para o distrito. Se antes o serviço funcionava 50% agora é zero, porque não tem. Quem não tem carro ou tempo hábil de ir buscar as correspondências antes da agência fechar faz o quê? — questiona.
Pandemia muda a rotina do serviço e dos funcionários
A epidemia de coronavírus impacta também o serviço prestado na área central de Caxias do Sul. O diretor do Sindicatos dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos (Sintect-RS), subsede Serra Gaúcha, Ricardo Fioravanti Paim, esclarece que em função do vírus, cerca de metade dos funcionários foi afastado quando surgiram os primeiros casos:
— Isso teve um impacto direto nas entregas, principalmente, de correspondências, gerando insatisfação do consumidor. A empresa transferiu os trabalhadores do setor de correspondência para o de encomendas, que é o que gera indenizações nos prazos para o Correio. A prioridade são as encomendas. Hoje, a entrega das encomendas está regularizada, elas chegam normalmente, sem atrasos, mas ainda pode ocorrer atrasos nas correspondências, devido a defasagem de funcionários para entregar as cartas nas ruas de casa em casa. Pedimos paciência e compreensão à população pelos atrasos, porque o número de carteiros está reduzido. Pedimos que quem puder e tiver a alternativa de imprimir a segunda via na internet, no site ou por e-mail, para evitar atrasos nas contas, faça isso neste momento.
Paim acrescenta que a empresa demorou praticamente um mês para disponibilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs) para os funcionários.
— Apesar da demora, ainda não vieram todos os equipamentos. Eles entregam álcool gel e máscaras, mas não luvas. Os que estão usando (luvas), e são poucos, estão usando luvas compradas com dinheiro próprio. Realizamos várias reuniões em Porto Alegre para tratar do assunto e até mesmo o Ministério Público determinou que o material entregue fossem as máscaras e o álcool gel, que demoram para chegar. As condições de trabalho dos atendentes e carteiros são bem precárias. A proteção de acrílico ou o vidro para proteger os funcionários e manter a distância necessária não está disponível em todas as agências. Tem uma fita apenas, então a categoria, assim como demais trabalhadores, está sujeita a ser contaminada com a covid-19.
O sindicato orienta ainda que os funcionários que estão em trabalho remoto sigam com as atividades em casa. As mães que têm filhos em idade escolar ficam em trabalho remoto até 14 de maio, depois virá uma nova orientação da empresa.
— Os casos aumentam a cada dia e me parece que tendem a aumentar ainda mais, então quem está no grupo de risco, seja pela faixa etária ou por doenças relacionadas que podem ter complicações, estão afastados até que passe a pandemia. Já os trabalhadores afastados por morar com pessoas do grupo de risco estão voltando gradativamente. OS gestores imediatos avaliam se podem continuar ou não em trabalho remoto. Estamos acompanhando os casos e pedimos o bom senso à gestão, porque a prioridade é a vida das pessoas — frisa.
CONTRAPONTO
Por nota, encaminhada pela assessoria de imprensa, o Correio informa que: "em relação às agências Comunitárias Santa Lúcia do Piaí, Vila Seca, Fazenda Souza, Vila Cristina, Vila Oliva e Criúva, a negociação para a alteração dos contratos entre a empresa e as prefeituras municipais de todo o estado vinha sendo feita desde janeiro deste ano, ou seja, antes da situação de pandemia. Como havia a possibilidade de que as alterações contratuais não fossem viabilizadas no prazo estabelecido, as unidades de alguns municípios chegaram a se preparar para o encerramento das atividades. Por isso, elas acabaram necessitando de um período de reorganização da estrutura (na semana passada) para voltar a funcionar normalmente após a decisão tomada pelos Correios de não fechar as agências comunitárias exatamente pelo entendimento de que, nesta situação de pandemia, é importante manter o atendimento à população nestes locais" A nota diz ainda que "as unidades continuarão atendendo a população, apenas devem passar por um processo de migração para uma nova modalidade de contrato e irão reabrir para atendimento já a partir da segunda-feira (11)
Referente aos cuidados para evitar a disseminação do vírus, a empresa diz que:
"O Governo Federal, ciente da importância dos Correios para a população, incluiu o serviço postal na lista de atividades essenciais durante a pandemia (Decreto nº 10.282, de 20 março de 2020). Portanto, os Correios mantêm seus serviços seguindo as orientações governamentais, em especial do Ministério da Saúde, e observando as condições necessárias para que o trabalho seja realizado com segurança para os empregados e a sociedade.
Entre as medidas de proteção já adotadas pela estatal, que podem ser conferidas na Central de Informações sobre o coronavírus no site dos Correios (www.correios.com.br/coronavirus), destacam-se a disponibilização de álcool gel 70% em locais próximos às estações de trabalho; a distribuição de máscaras de proteção aos carteiros e atendentes; a intensificação de procedimentos de higienização do ambiente e dos equipamentos; e a instalação de proteção de acrílico em guichês de atendimento ao público.
Também em função do plano de ação implementado na empresa para o combate à propagação do coronavírus, foram dispensados do trabalho presencial os empregados que se enquadram no grupo de risco. Com isso, estão sendo realizadas adequações na operação. Para agilizar a entrega de objetos e atender a população da melhor forma possível nesse momento, as unidades de distribuição estão adaptando seus processos de trabalho, realizando ações aos finais de semana e recebendo apoio de outras unidades.
Para esclarecer dúvidas ou registrar reclamações, a população pode acessar o "Fale Conosco", no site www.correios.com.br, ou ligar para a Central de Atendimento aos Clientes dos Correios (CAC), pelo telefone 0800 725 0100 (de segunda à sexta-feira, das 8h às 20h, e nos sábados, das 8h às 14h, exceto em feriados nacionais)."