O risco de falta d'água para abastecimento da população levou a prefeitura de Farroupilha a decretar estado de calamidade pública no município nesta quinta-feira (30) . A medida vai vigorar por tempo indeterminado e proíbe o consumo para atividades não essenciais. Nesta sexta-feira (1), o nível da barragem do Rio Burati, que abastece a maior parte da cidade, é de cerca de cinco metros abaixo do nível normal, com uma lâmina d'água de 2,98m, segundo a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Por conta disso, ainda existe risco de racionamento.
Não são permitidos, por exemplo, o uso de água para lavar veículos, telhados, paredes, calçadas e pátios, entre outros. Também fica proibido a reposição ou a troca da água de piscinas. Indústria, comércio, serviços e residências devem utilizar o mínimo de água possível e apenas para higiene ou outra atividade em que for fundamental.
O morador que descumprir a medida será, inicialmente, notificado. Caso persista no desperdício, será penalizado com base no Código de Posturas do município. O decreto autoriza, inclusive, a entrada da fiscalização ou da Defesa Civil em qualquer imóvel para apurar eventual uso abusivo da água, desde que haja suspeita por parte da Corsan.
Outro ponto previsto no decreto é a possibilidade do município realizar obras para garantir o abastecimento caso a Corsan não realize nenhuma ação ou ela seja insuficiente. Nesse caso, a prefeitura poderá cobrar um ressarcimento da autarquia estadual.
Entre as ações propostas, por exemplo, está a instalação de sondas para realizar uma captação mais profunda na barragem Burati. A medida, segundo o prefeito Claiton Gonçalves (PDT), permitiria ampliar a capacidade de abastecimento.
— A captação está muito na superfície, com ela vai baixando, você não consegue mais captar — destaca.
De acordo com o prefeito, o município já solicitou à Corsan o bombeamento da água a partir de um ponto mais próximo ao leito do manancial. Além disso, também aguarda resposta sobre a possibilidade do Exército realizar o trabalho. A contratação de uma empresa vai ocorrer somente se as primeiras opções não se concretizarem. Além da estiagem, o prefeito também aponta deficiências na estrutura de distribuição que podem prejudicar o abastecimento.
Conforme o gerente da Corsan em Farroupilha, Elton Luiz Ernzen, já há a estrutura para captação mais profunda de água, mas ainda não é necessário acioná-la. Além disso, como se trata de uma bomba flutuante, o custo de operação é alto. Ele enfatiza, contudo que as pessoas façam um uso racional, embora o consumo tenha registrado uma queda ao longo de abril.
— Nas últimas semanas o consumo vinha em nível de verão e ainda está um pouco acima do razoável. Algumas pessoas não entenderam a importância de reduzir o consumo, então esse decreto vem em boa hora para reforçar — alerta.
A estiagem também afeta a Região das Hortênsias. Em Gramado, a prefeitura solicitou à Corsan, na quarta-feira (29), caminhões-pipa para abastecer a área rural do município. Em Caxias do Sul, a Secretaria da Agricultura e o Samae irão distribuir nos próximos dias caixas d'água para propriedades rurais que sofrem com a estiagem. Parte dos reservatórios foram recebidos pelo município nesta quinta-feira.