Uma plataforma criada pelo Ministério da Saúde (MS) para avaliar casos suspeitos de coronavírus e orientar os pacientes se é o momento de procurar ajuda profissional está disponível no site da prefeitura de Caxias do Sul desde a última quinta-feira (16). A ferramenta que se chama chat bot está em fase de testes. Para usar a ferramenta, basta acessar o site, tanto no computador quanto no celular. O ícone, semelhante ao de um aplicativo de conversas, está na página inicial do portal.
Os questionamentos são construídos com base nos protocolos instituídos pelo Ministério da Saúde - o protocolo médico da plataforma foi criado pelo núcleo Telessaúde RS, da UFRGS, e a tecnologia foi doada pelas empresas Zenvia e Neoway. Apesar de ser uma ferramenta para esclarecer dúvidas e repassar orientações, ela não substitui a consulta médica.
Leia mais
Como funciona o teleatendimento do Centro de Saúde Digital da UCS no combate ao coronavírus
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Caxias, os técnicos estão avaliando como o chat bot se comporta dentro de plataforma. Há opções programadas que permitem que as pessoas esclareçam as dúvidas sobre o coronavírus e facilitem a triagem de casos suspeitos, com base nos questionamentos. É uma ferramenta para ajudar de forma prática, rápida e segura, sem que a pessoa precise sair de casa, em um ambiente seguro sobre como deve proceder com informações adequadas. Também foram anexadas ao protocolo que seguem as orientações do Ministério da Saúde os endereços das unidades básicas de saúde (UBSs) e hospitais mais próximos. A ideia é orientar os pacientes e também reduzir a demanda no atendimento prestado pelo Alô Caxias, no 156. Caso o paciente tenha algum sintoma, o sistema irá indicar onde essa pessoa deve procurar atendimento e repassar orientações de como ela deve proceder em relação a isso.
O Ministério da Saúde também conta com um serviço que pretende localizar pessoas vulneráveis com sintomas de infecção pelo coronavírus. O MS está telefonando para pessoas de todo o país para perguntar sobre o estado de saúde de quem atende a ligação. O serviço começou no final de março e a meta é ligar para 125 milhões de brasileiros. Caso a pessoa relate sintomas da covid-19, um profissional de saúde passará orientações sobre postos ou hospitais a serem procurados. Além disso, dicas de prevenção serão repassadas para a população em geral. A ideia da iniciativa é monitorar à distância as pessoas em isolamento domiciliar, conhecendo seu estado de saúde durante todo o período.
Para ter certeza que a ligação é do Ministério da Saúde e que não se trata de um trote ou golpe, o cidadão deve ficar atento ao número que aparece no identificador de chamadas, que deve ser do Disque Saúde: 136. Perguntas e pedidos sobre dados bancários e financeiros não fazem parte do protocolo.
Como funciona o chat bot da prefeitura de Caxias
A reportagem testou o sistema para demonstrar como funciona:Ao clicar no link, a ferramenta se apresenta:
Sou um robô da Prefeitura Municipal de Caxias do Sul e tô aqui pra avaliar suspeitas de COVID-19 (coronavírus) e ajudar com orientações.
Ele esclarece:
Antes, é muito importante que saiba que as informações que vou te passar seguem as orientações do Ministério da Saúde, com abrangência de funcionamento para todo o Brasil. O protocolo médico foi criado pelo núcleo Telessaúde RS-UFRGS, e a tecnologia foi doada pelas empresas Zenvia e Neoway. É importante lembrar que eu não faço diagnóstico, tô aqui para ajudar com recomendações baseadas nos sintomas que você vai me passar. Ou seja, não substituo o atendimento médico.
Como prefere que eu te chame?
A repórter responde. Em seguida, o sistema pede permissão para acessar a localização:
É importante que saiba que a sua localização me ajuda a te passar as unidades de saúde mais próximas, caso precise, e também a auxiliar os órgãos de saúde pública da região a coordenar as ações de prevenção e atendimento. Tudo bem?
Repórter: Ok, aceito
Agora é só clicar no botão 'Permitir' que apareceu em uma janela na parte de cima da sua tela.
Assim que a repórter clica no botão permitir, ele segue o atendimento:
Vamos lá: pra quem é a avaliação?
Pra mim
Entendi. Agora, vou precisar te fazer 6 perguntas pra avaliar seu caso.
A primeira é: você tá apresentando algum dos sintomas abaixo?
a. Sinais de ataque cardíaco - Dor forte no peito em aperto, peso ou pontada;
b. Sinais de derrame/AVC - Paralisia em um lado da face, perda nova de força nos braços ou pernas, dificuldade de falar;
c. Muita dificuldade de respirar - Está ofegante, não consegue falar, sensação de sufocamento ou lábios ficando azuis;
d. Sangramento intenso - Qualquer sangramento que não para;
e. Convulsões/ataques - Alguém está tremendo ou se sacudindo por causa de um ataque, ou perdeu a consciência (não consegue ser acordado);
f. Confusão/delírio/dificuldade em ficar acordado.
Responda clicando no botão.
Se a pessoa responder sim, a orientação é a seguinte:
Essa é uma emergência! Ligue imediatamente pro número 192 pra pedir atendimento ao SAMU.
Assim os casos de emergência são direcionados para atendimento. Caso a resposta seja não, segue outro protocolo:
Me fala outra coisa, você tem ou teve febre esses últimos dias (temperatura maior do que 37,8ºC )?
Se a resposta é não, ele segue:
Ok, entendi. E você tá com dificuldade pra respirar ou sente falta de ar?
Tá, entendi. E você tem tosse ou dor de garganta?
Se a resposta segue negativa, ele segue com as perguntas:
Certo. E você também sente algum desses outros sintomas?
a. Dor de cabeça;
b. Mialgia ou dor no corpo;
c. Dor nas articulações.
Se a resposta for não, ele continua:
Ok, entendi. Agora, última pergunta: você tem alguma dessas condições clínicas abaixo?
a. Idade > ou = 60 anos;
b. Gestação ou até 2 semanas pós parto;
c. Doença cardíaca;
d. Problema neurológico inclusive derrame/AVC;
e. Doença pulmonar inclusive tuberculose;
f. Insuficiência renal;
g. Doença do fígado;
h. Imunossupressão por câncer, transplante, medicamentos, HIV;
i. Doença cromossômica;
j. Diabetes;
k. Doença hematológica inclusive anemia falciforme;
l. Obesidade.
Ele segue com as informações:
Você não reportou nenhum sintoma. A sua condição clínica pode representar risco maior de complicações em caso de infecção pelo coronavírus portanto mantenha os cuidados para prevenção de contaminação e evite sair de casa por motivos não essenciais, como compra de alimentos ou medicamentos e consultas de saúde. Se tiver alguma manifestação de sintomas respiratórios volte a procurar este canal de atendimento ou procure atendimento presencial. Agora vou te mostrar a(s) unidade(s) de saúde mais próxima(s).
Neste momento segue uma lista de UBS's e hospitais onde o paciente pode buscar atendimento.
Caso a pessoa responda sim para o sintoma que questiona a falta de ar, o sistema orienta a buscar ajuda:
Neste caso, o melhor a se fazer é procurar uma unidade de saúde!
Caso responda não para a falta de ar, mas sim para outros sintomas seguem outros questionamentos:
Certo. Me fala outra coisa, você tem ou teve febre esses últimos dias (temperatura maior do que 37,8ºC )
Tá, entendi. E você tem tosse ou dor de garganta? Certo. E você também sente algum desses outros sintomas?
a. Dor de cabeça;
b. Mialgia ou dor no corpo;
c. Dor nas articulações.
Se a resposta é sim, o sistema segue:
Ok, entendi. Agora, última pergunta: você tem alguma dessas condições clínicas abaixo?
a. Idade > ou = 60 anos;
b. Gestação ou até 2 semanas pós parto;
c. Doença cardíaca;
d. Problema neurológico inclusive derrame/AVC;
e. Doença pulmonar inclusive tuberculose;
f. Insuficiência renal;
g. Doença do fígado;
h. Imunossupressão por câncer, transplante, medicamentos, HIV;
i. Doença cromossômica;
j. Diabetes;
k. Doença hematológica inclusive anemia falciforme;
l. Obesidade.
Na sequência, a ferramenta apresenta um resumo com as respostas do paciente às perguntas:
Aqui está um resumo dos sintomas, isso pode te ajudar caso precise de atendimento:
Dificuldade para respirar ou falta de ar? não
Febre maior que 37.8? sim
Tosse ou dor de garganta? sim
a. Dor de cabeça,
b. Mialgia ou dor no corpo ou c.
Dor nas articulações? sim
a. Mais de 60 anos,
b. Diabetes,
c. Pressão alta,
d. Doença cardíaca,
e. Derrame/AVC,
f. Câncer,
g. Enfisema ou bronquite,
h. Insuficiência renal,
i. Doença do fígado,
j. HIV,
k. Diminuição da imunidade por qualquer causa,
l. Gestação ou menos de 42 dias de parto? sim
Ele orienta a fazer print da tela para poder mostrar as informações, caso busque atendimento. Depois orienta o paciente a seguir com orientações, clicando no botão, que está abaixo na tela de bate-papo:
Seus sintomas sugerem infecção por coronavírus. Considerando que você apresenta condição clínica de risco para complicações é importante que um profissional de saúde avalie se você tem condições de isolamento domiciliar. Procure atendimento de saúde presencial, já utilizando máscara se possível. Todos que moram na mesma casa que você precisam ficar em isolamento domiciliar por 14 dias.
Em seguida orienta sobre os cuidados no isolamento domiciliar:
não saia de casa por qualquer motivo;
não saia para comprar comida ou remédios,
peça-os por telefone ou para alguém comprá-los para você;
não receba visitas;
use máscara se precisar sair de casa para consulta médica;
mantenha todos os cuidados de higiene e etiqueta respiratória.
No final, o sistema novamente indica a UBS mais próxima para atendimento.
DEMAIS FERRAMENTAS
A telemedicina se tornou um aliado no combate à pandemia do novo coronavírus. Em Caxias do Sul e Flores da Cunha, a comunidade passou a contar desde a última segunda-feira (13) com profissionais do Centro de Saúde Digital da Universidade de Caxias do Sul (UCS) como reforço no atendimento. O teleatendimento será destinado às pessoas que buscam informações sobre a covid-19. Basta acessar por meio de telefone celular ou do computador o link no site da UCS e preencher um cadastro de identificação. Após o preenchimento, o paciente será encaminhado para uma sala de espera virtual para aguardar o atendimento. O serviço está disponível de segunda a sexta, das 9h às 16h. A estimativa é atender a uma média de 40 a 50 pacientes por dia.
Leia também
Pandemia de coronavírus pode reduzir taxa de natalidade, afirmam especialistas
Arroio do Sal registra primeira morte por coronavírus
VÍDEO: veja novo clipe do músico Gabrre, de Gramado