A intenção de ceder o antigo prédio do INSS para duas instituições religiosas ajudaria a prefeitura de Caxias do Sul a resolver de uma só vez uma pendência constrangedora de quase uma década e amenizar dois problemas sociais. Sem uso desde 2011, a estrutura no final da Rua Pinheiro Machado, em São Pelegrino, está perto de ser transformada num centro de acolhimento de idosos e de pessoas em situação de rua, serviços que ficarão sob a supervisão da Associação Mão Amiga e da Mitra Diocesana respectivamente. Basta aprovação da Câmara de Vereadores.
Em caso de autorização, o Executivo conseguiria dar um destino a um patrimônio público vandalizado e depenado por falta de utilidade sem gastar dinheiro. O imóvel foi doado ao município pela União com a exigência de ser referência para atendimento em saúde e assistência social, o que nunca avançou. Por outro lado ao terceirizar serviços de cunho social, a prefeitura abrandaria a falta de vagas financiadas com recursos públicos em casas asilares (há 100 idosos na fila do Lar da Velhice, por exemplo) e retomaria o acolhimento noturno para pessoas em situação de rua.
Leia mais
Moradores reclamam de abandono do prédio do antigo INSS em Caxias
Prédio abandonado do antigo INSS, em Caxias, pode se tornar casa para idosos
Até então, o projeto de lei do Executivo, apresentado no final do ano passado, beneficiaria apenas o público idoso e sem condições de pagar por uma instituição particular de longa permanência. Na gestão do prefeito cassado Daniel Guerra, o prédio ficaria com a Associação Mão Amiga. Na administração de Flávio Cassina, a decisão foi incluir a Mitra Diocesana, que fez a diferença nos últimos dois invernos ao abrigar pessoas em situação de rua por meio do projeto Hospedagem Solidária.
Caxias tem duas casas de passagem com normas mais rígidas para atender moradores de rua. O perfil do Hospedagem Solidária é mais flexível, pois recebe homens que buscam refeição e cama quente nos períodos mais frios do ano, brecha atendida no passado pelo antigo programa Caxias Acolhe, extinto em 2017 por supostamente por não promover a reinserção social. A novidade é que o projeto da Mitra atenderia de forma continuada em todos os períodos do ano.
A proposta é uma cessão de uso com validade de 10 anos, podendo ser prorrogada por mais 10. O custo com a administração dos futuros serviços e a reforma do antigo prédio do INSS serão arcados pelas duas instituições. A Fundação de Assistência Social (FAS), por sua vez, seria parceira para desenvolver os projetos sociais.
— Os idosos serão selecionados de acordo com os critérios da assistência social. No caso dos moradores de rua, o encaminhamento será pelo POP Rua e o local vai acolher quem procurar de forma espontânea — garante a presidente da FAS, Marlês Stela Sebben.
O frei Jaime Bettega, responsável pelo projeto Mão Amiga, diz que a ideia é buscar apoiadores para a reforma _ ainda não há orçamento e projeto arquitetônico. O atendimento aos idosos poderia pode iniciar em seis meses a partir da aprovação.
— Temos que lavar, pintar. Vamos começar com um mutirão ainda na Quaresma (período cristão que vai até 9 de abril). Quem quiser apoiar com doações, basta nos procurar pelo telefone 3223-5420 — apela o frei.
Por uma questão de tempo, o Hospedagem Solidária não será implantado neste ano no prédio.
— Neste inverno, estamos em tratativas para acolher as pessoas em um novo local (em 2019, a referência foi a Paróquia Sagrada Família). Quando estiver no prédio (da Pinheiro Machado), faremos ações paralelas para preparação ao trabalho e geração de renda — adianta o padre Eleandro Teles, um dos responsáveis pelo projeto.