Uma denúncia do vereador Alberto Meneguzzi (PSB) no plenário da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, nesta quarta-feira (12), causou alvoroço entre atuais e ex-integrantes da Secretaria Municipal de Educação (Smed). Cerca de 20 caixas com materiais eletroeletrônicos e diversos itens de cozinha, que deveriam ser destinados às escolas municipais e infantis do município descansam em um depósito utilizado pela secretaria, na Rua Luiz Michelon, em Lourdes.
— Meu papel é fiscalizar. Não consigo entender como um material novo como esse fica parado durante mais de três anos sem destinação, com tantas escolas em necessidade. Acho um absurdo essa burocracia toda — diz Meneguzzi.
A atual titular da Smed, Flávia Vergani, salientou que a pasta iniciou um processo de análise e levantamento patrimonial para saber como será feita a distribuição de itens como panelas, ventiladores, bules, fornos elétricos, aquecedores, freezers, chaleiras e balanças que teriam sido adquiridos ainda no final do governo Alceu Barbosa Velho, em 2015.
— Na verdade, esses itens são comprados por licitação e têm um tempo para serem distribuídos. Então, temos que ver há quanto tempo está parado e como faremos a utilização — destaca Flávia.
Enquanto isso, a ex-secretária Marina Matiello, integrante do governo do prefeito cassado Daniel Guerra (Republicanos), garante ser normal a secretaria ter itens em estoque para que as demandas mais urgentes das escolas sejam atendidas com maior brevidade. E reforça que boa parte do material que está no depósito tinha como destino as três escolas infantis em construção nos bairros São Caetano, Nossa Senhora do Rosário e loteamento Guadalupe, no Desvio Rizzo, que atenderiam 243 crianças — a previsão de entrega é para o primeiro semestre deste ano. Além disso, ele também seria utilizado para equipar a escola de Ensino Fundamental no loteamento San Gennaro, no bairro Mattioda.
— Os materiais pedagógicos, eletrodomésticos e de manutenção das escolas, além de mobiliário, ficam armazenados para que possamos ter algo em estoque de imediato. E o estoque da Smed ainda é pequeno se comparado ao número de escolas de Ensino Fundamental que temos em Caxias (81). Os estoques foram devidamente organizados e administrados — destaca Marina.
A ex-secretária destaca ainda que as escolas de Educação Infantil que já estão em funcionamento recebem, através das entidades que as administram, orçamento para desenvolverem a gestão compartilhada, em valor total aproximado de R$ 30 milhões. Por isso, esse material acaba não sendo voltado para elas:
— Preocupa-me essas informações que são levadas à comunidade sem o aprofundamento necessário e o cuidado que, especialmente, os representantes do povo deveriam ter — critica Marina.
Parado há quase 10 meses
Outro item que chamou a atenção na denúncia de Meneguzzi foi um caminhão-baú, cedido ao município pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul ainda em março de 2018. O veículo, exclusivo para distribuição de merenda escolar, chegou a ser utilizado até 17 de abril do ano passado, mas desde então está parado no pátio do depósito da Smed.
— O que acontece é que não foi renovado o contrato de concessão. E, sem isso, não conseguimos fazer a documentação do veículo. Mas vamos atrás para resolver a situação. Conforme as demandas chegam para nós, tentamos resolver — destaca Flávia.
— Entramos em contato em diferentes momentos com representantes do Estado e responsáveis pela documentação e aguardávamos retorno para poder fazer uso do veículo. Ressalto que isso dependia exclusivamente do Estado e não da Smed — defende-se Marina.