A folia começou cedo em Caxias do Sul neste sábado (22). Pela manhã, o Bloco da Ovelha já estava concentrado na Paralela, sede do grupo, na Tronca. O cortejo saiu logo depois das 13h rumo à Praça das Feiras, para a festa que contou com as participações do Zingado, DJ Muzak e Carnival Parade.
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O ponto alto do Carnaval da Ovelha foi a coroação de Danielle Oss Correa como Ovelheza 2020. O momento era aguardado por todos, especialmente pela comunidade Down, que tem agora uma representante na folia caxiense. A jovem de 27 anos emocionou ao discursar para os milhares de foliões:
— Samba inclui, samba salva, samba transforma, samba é vida.
O discurso em forma de poesia começou a ser escrito assim que Dani recebeu o convite para ser Ovelheza, em janeiro. A jovem optou pelo estilo porque é o seu preferido. Ela escreve há tempos e já fez poemas para os pais, amigos e até para a cidade de Caxias do Sul.
— Cada etapa que ela vence, é uma vitória dela, mas é nossa também — orgulha-se a mãe Elisabeth Oss Correa.
A nova Ovelheza tem história no Carnaval. Há cinco anos ela desfila da Saímos Sem Querer, escola de samba de Arroio do Sal. Na agremiação, Dani toca tamborim. Neste ano, ela ganhou uma folga, já que a escola não vai participar da festa no Litoral. Mas no ano que vem terá de se dividir entre Caxias e Arroio do Sal.
A madrinha da bateria da Ovelha tem planos para este ano, quando o Carnaval passar: participar das aulas de tamborim do bloco para aperfeiçoar a técnica. A ideia é poder tocar o instrumento também na festa da Ovelha em 2021. Em breve, ela também pretende ingressar na faculdade para cursar História, sua paixão assim como o Carnaval.
Danielle recebeu a faixa de Angela Martins, a Ovelheza 2019. Ao se despedir da função, Angela fez um discurso que também arrancou aplausos do público:
— Ser Ovelheza é acreditar no sonho. É a mulher negra, gorda, homossexual e deficiente viver um sonho. Achei que não fosse possível. Por isso, digo: acreditem no sonho de vocês.
Samba no Luizinho
Enquanto milhares se divertiam na Praça das Feiras com a Ovelha, outros milhares de foliões caíam no samba no Bloco do Luizinho, na Rua Jacob Luchesi, no bairro Santa Catarina. Em meio a tanta gente, o pequeno Gustavo Martini Verza, quatro anos, chamava a atenção com sua fantasia de palhaço e um pandeiro na mão.
— Ele ama. Todo ano a gente faz uma fantasia diferente — conta a mãe Thalita Martini Verza, 32.
Motorista por aplicativo, Valmor Antonio da Silva, 44, frequenta o Bloco do Luizinho há três anos e não troca:
— É o lugar mais seguro.
Carnaval e futebol
Alguns dos foliões do Luizinho só conseguiram relaxar após o término da partida entre Caxias e Grêmio. Com a vitória grená, os torcedores que acompanhavam o jogo dentro do bar, soltaram o grito de campeão do primeiro turno do Gauchão e partiram para a festa.