Com um aeroporto apto a receber voos particulares desde 2012, Vacaria tenta emplacar, pela primeira vez, um voo regular ligando a cidade a Porto Alegre. A iniciativa é da administração municipal, que mantém conversas com o governo do Estado e com a Assembleia Legislativa para viabilizar a ligação dentro do Programa Estadual de Desenvolvimento da Aviação Regional (PDAR-RS), que prevê redução de impostos para o combustível das aeronaves.
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O objetivo é implantar as operações por meio da empresa Two Flex, já responsável por ligar seis municípios do interior à capital gaúcha. Os voos são realizados em parceria com a companhia aérea Gol, mas, no mês passado, a Azul anunciou a compra da empresa responsável pelas ligações regionais. A mudança motivou uma reunião, no último dia 14, entre o governador Eduardo Leite (PSDB) e representantes da Azul para alinhar os planos de investimentos no setor. Conforme o Piratini, a companhia aérea demostrou interesse não apenas de manter as operações atuais, como de ampliar as rotas a partir de julho, quando o processo de aquisição chega ao fim.
Um importante passo para receber voos no aeroporto de Vacaria já foi concluído: a construção do terminal de passageiros, finalizada no ano passado, após dois anos de obras. O prédio, de 166 metros quadrados, recebeu recentemente a ligação de água e esgoto e aguarda a compra do mobiliário.
— Solicitamos ao governo do Estado e a licitação deve sair ainda neste ano. Também falta a iluminação da pista e equipamentos de segurança básica — afirma o secretário de Desenvolvimento, Tecnologia, Trabalho e Turismo de Vacaria, Mário Almeida.
Os planos de implantar uma operação na cidade foram confirmados em uma audiência pública realizada em julho do ano passado em Santana do Livramento. Embora as conversas com a Two Flex não sejam muito frequentes, Almeida afirma que tem mantido diálogo com a Secretaria de Logística e Transportes do Estado e com a Frente Parlamentar da Aviação Regional da Assembleia Legislativa para viabilizar o benefício tributário.
Entre as propostas para garantir a viabilidade econômica do voo está a compra, por parte dos municípios que compõem a Associação de Municípios dos Campos de Cima da Serra (Amucser), de bilhetes que eventualmente não sejam vendidos pela companhia aérea. A ideia é que as passagens sejam utilizada principalmente por moradores que buscam tratamento médico em Porto Alegre e atualmente são transportadas pelas estradas com os custos pagos pelas prefeituras.
— É de extrema importância a viabilização dessa ligação aérea — observa Almeia.
Os voos da Two Flex são realizados com aeronaves Cessna Grand Caravan, com capacidade para nove passageiros. Outra aposta do município é no transporte de cargas. Segundo o secretário, um grupo de investidores de São Paulo já demonstrou interesse na construção de um terminal para a logística de encomendas.
— A aposta deles é que com a possibilidade de privatização dos Correios ocorreria um boom no transporte aéreo e, por ser um aeroporto do interior, o custo seria bem mais baixo do que o Salgado Filho, por exemplo.
A pista do aeroporto de Vacaria custou R$ 20 milhões e tem 2,1 mil metros de extensão, com capacidade de receber aeronaves do modelo Boeing 737-700. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Logística e Transportes do Estado disse que pode ter ocorrido contato inicial, mas internamente o Departamento Aeroportuário do Estado (DAP) não trata do assunto. Além disso, segundo a secretaria, a implantação da rota depende de demanda comercial.