Em 2008, quando deixou sua família no Senegal em busca de melhores condições de vida, com a onda da imigração de seus conterrâneos ao Brasil, Abdou Lahat Ndiaye, conhecido como Billy, certamente não imaginava que, 11 anos depois, estaria sendo homenageado pelo Poder Legislativo da cidade onde acabou se estabelecendo.
Foi a atuação em prol de imigrantes como ele, oficializada em 2014 por meio da Associação dos Senegaleses, que lhe rendeu o reconhecimento municipal com o Prêmio Caxias, durante cerimônia no Plenário da Câmara Municipal, no Dia da Consciência Negra, 20 de novembro. Esta foi a primeira vez que um imigrante recebeu a homenagem.
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Billy chegou à cidade em 2010, aos 23 anos, após passar por Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo. Ele conta que a proposta de emprego em um frigorífico atraiu ele e outros imigrantes, sendo este o principal motivo da vinda de centenas de senegaleses que tiveram — e ainda têm — Caxias do Sul como destino.
— Temos uma grande responsabilidade aqui que é ajudar nossas famílias que estão lá. Saímos de lá sem saber nada sobre o Brasil e, mesmo com as dificuldades e o preconceito, nos sentimos em casa aqui. Essa homenagem faz a gente se sentir ainda melhor sabendo que estamos fazendo a nossa parte em Caxias — relata Billy, que recebeu o prêmio sob aplausos de dezenas de senegaleses que vivem na cidade.
A Associação, que já contou com mais de dois mil integrantes, reúne atualmente cerca de 600. Segundo Billy, muitos deixaram a cidade por conta da crise econômica dos últimos anos, procurando oportunidades em outros lugares do Brasil. Ainda assim, ele continua sendo referência aos que ficaram e aos que ainda chegam, atuando ainda na conexão entre os dois países.
— Eu comecei acolhendo as pessoas, alugando casas para quem não tinha aonde ir. Hoje tenho uma loja de roupas onde eles podem também fazer ligações internacionais e enviar dinheiro às famílias. Acabei de voltar de uma visita ao Senegal e a situação continua difícil. Estamos aqui e não sabemos quando vamos voltar para o nosso país, por isso só tenho a agradecer.