Há quem diga que a empatia e solidariedade são características inatas. Entretanto, existem pessoas que acreditam que são as sementes plantadas no dia a dia que nos ensinam a nos colocarmos no lugar do outro e a sermos solidários. Pensando justamente em desenvolver esses sentimentos em seus estudantes é que as professoras Liamara Carvalho dos Santos e Mariana Lucchesi de Freitas, do 3º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Dezenove de Abril, no bairro Industrial, em Caxias do Sul, criaram o projeto "Não basta Ser, é preciso Pertencer".
A iniciativa deu tão certo que, desde o início do ano letivo, as turmas 31 e 32 se reúnem semanalmente para desenvolver e propor novos gestos que podem fazer a diferença tanto no ambiente escolar quanto na comunidade.
— A intenção do projeto é conscientizar os estudantes da necessidade de se colocar no lugar do outro. Queremos, que eles também desenvolvam o respeito e valorizem o que têm. Nosso objetivo é reforçar a importância de um mundo mais justo e fraterno — explica Liamara.
Uma das ações propostas pelas crianças, que têm entre oito e nove anos, foi o "Varal Solidário" - brechó montado para angariar fundos e renovar áreas da escola. Além disso, parte do montante arrecadado com as diversas edições do evento foi destinada para ajudar Victória Camargo Neves, de 10 anos, que luta contra um câncer de mandíbula, descoberto em abril deste ano. A entrega dos cerca de mil reais para a menina e sua mãe foi feita no final do mês de outubro.
— Para a gente, foi uma benção esse valor. Ela (Victória) está fazendo o tratamento em Porto Alegre e, por isso, precisamos desse dinheiro para nos deslocarmos e pagar algumas despesas básicas. Foi algo muito bem-vindo. Ficamos muito agradecidas — afirma Sheron Fonseca Camargo, mãe da menina beneficiada pela inciativa.
Outra ação proposta pelos estudantes foi a Geloteca. A biblioteca, montada em uma geladeira velha, reúne diversos títulos infantis e pode ser acessada por todos os alunos da instituição, já que fica à mostra no pátio da escola. O sucesso do projeto pode ser medido pelo engajamento de estudantes como Darielly da Silveira Poniago, 9, que resume:
— A gente começou junto com as "profes" a ter ideias, mas era mais no recreio que a gente se unia e conversava. Achei bem legal poder ajudar alguém com nosso empenho. No recreio, leio para os pequenos que não sabem ler, porque é o que eu gostaria que fizessem para mim. Meu sonho é ser "profe" e ensinar as pessoas. Tenho essa vontade de ajudar os outros, eu acho.