A Associação Protetora dos Animais (ASPA) de Nova Bassano publicou em uma rede social um vídeo onde a presidente da entidade relata a situação precária do canil da cidade. A administração do espaço que abriga 68 cães é de responsabilidade da prefeitura desde 2017, quando foi assinado um termo de colaboração com a ASPA. A presidente da ONG, Ivanete Biotto, narra nas imagens filmadas no dia 13 de outubro, a situação dos animais. Ela conta que os cães estão morrendo, enquanto o poder público segue sem tomar atitudes. Ela mostra que o espaço não tem estrutura para abrigar os cães.
— Me sinto culpada porque o intuito da minha vida era dar decência e dignidade aos animais. Precisamos denunciar porque os cães estão morrendo por falta de vacinas, e o poder público não faz nada — denuncia.
A presidente implora por ajuda e conta que 13 animais morreram de cinomose, que é uma doença contagiosa.
— Os remédios que temos são comprados por voluntários e não sabemos mais o que fazer para salvá-los. Eu sou obrigada a mostrar o sofrimentos desses anjos para buscar ajuda. A prefeitura nunca colocou veterinário para cuidar dos animais doentes. A associação sempre custeou todas as despesas voluntariamente — desabafa.
Ela garante que administração foi procurada pela ONG quando foi relatado que os animais estavam doentes, mas foram veterinários voluntários que fizeram exames para diagnosticar a doença.
— A situação é de descaso total, um horror e nós sofremos com eles. O canil é municipal desde 2017. Portanto, a responsabilidade é da prefeitura também, não apenas da ONG. Não somos o canil.
Nem todos os cães estão castrados e há cachorros que tiveram filhotes. Ela ressalta que muitos morreram de parvovirose. A doença é altamente contagiosa e muito comum em cães. O principal sintoma é a diarreia acompanhada de sangue e pode levar os animais à morte se não for tratada a tempo.
Esgoto a céu aberto
Também há uma fossa aberta no canil que coloca em risco a saúde dos animais, do funcionário e dos voluntários:
— Perdi a conta de quantas vezes pedi providências ao poder público. A Vigilância Sanitária não faz nada. Eles sabem da situação e não resolvem o problema.
Iva destaca ainda que não há banheiro no local:
— As necessidades fisiológicas do cuidador, dos voluntários e dos visitantes que vão adotar os animais são no mato. É vergonhoso.
Empresário doou recursos para vacinas
Depois do apelo nas redes sociais, um empresário de Nova Bassano, que pediu para não ter o nome divulgado, doou recursos paras as vacinas.
— Chocado e sensibilizado com as mortes desses seres desprovidos de maldade, um empresário da cidade dou R$ 2,5 mil. Com esse valor, pudemos providenciar as vacinas importadas para serem aplicadas nos cães. Eles já foram imunizados por dois veterinários de Nova Prata, que se deslocaram do município para consultar e vacinar cada um dos nossos anjos, voluntariamente — conta a presidente da ONG.
O QUE DIZ O MUNICÍPIO
O município de Nova Bassano alega que repassa R$ 1,3 mil mensais para a ASPA arcar com as despesas do cuidador dos animais. O vice-prefeito, João Paulo Maroso, explica que a prefeitura foi procurada pela entidade em 2017 para ajudar nos custos para manter os cães, porque não tinham condições financeiras de continuar com os cuidados. Na ocasião, assinaram um termo de colaboração no qual o município assumiu o aluguel da área, o repasse mensal, o fornecimento de ração e investimentos necessários no canil.
— Estamos cumprindo com o nosso compromisso. Estamos chateados porque ninguém informou o município sobre os casos de cinomose. Ficamos sabendo pelas redes sociais pois quem faz o trato diário dos animais que estão nas dependências do canil não possui vínculo com o município. O que é nossa responsabilidade nós cumprimos. Os cuidados com os animais, adoção, campanhas e limpeza do local fica a cargo da ASPA — justifica o vice-prefeito.
O termo de colaboração 05/2017 tem como base a Lei Municipal nº 2.937/2017 aprovada pela Câmara de Vereadores. O documento estipula que o município forneça alimentação, pague o aluguel da área, que fica na Linha Anita Garibaldi, despesas com energia elétrica e o repasse mensal, além de outros serviços prestados.
— Neste ano, o município já investiu aproximadamente R$ 42 mil. Em 2018 foi realizada nova licitação para compra de ração, e pedido da ASPA. Atendemos o pedido porque pensamos no bem-estar dos animais — garante.
O contrato entre a associação e o município encerrou ontem. Maroso afirma que a administração está à disposição para renovar o contrato, providenciar a segunda dose da vacina e qualificar o serviço.
— Queremos contribuir com a entidade, assim como vem sendo feito, e estamos sempre à disposição para fazer o melhor pelos animais.
Ele acrescenta ainda que a área onde os animais estão foi vendida, e há dificuldade em comprar um novo espaço, que seja próximo para os voluntários e os visitantes:
— Se a área fosse do município, teria como propiciar melhores investimentos e, consequentemente, maior bem-estar aos animais. Quando mencionamos para o que a área seria usada, os donos ficam reticentes em alugar porque não querem se incomodar com os vizinhos.