Esticando as mãozinhas, João Francisco Cabral Neymaer, 3 anos e cinco meses, agarrou o Shrek com entusiasmo e abraçou o boneco, assim que Iracema Bigaton Pistore, 70 anos, entregou o presente a ele.
— É o Shrek! Tem mais? — perguntou procurando outros bonecos para pegar.
Personagens como Branca de Neve, Pequena Sereia, Mulher Maravilha, Chapeuzinho Vermelho e Homem Aranha encantaram as crianças internadas na pediatria do Hospital Geral (HG), em Caxias do Sul, na manhã desta quarta-feira (9). Os pequenos receberam bonecos confeccionados pelas voluntárias que frequentam o Clube de Mães La Salle Caxias.
Para a avó de João, Nilza Souza, 53, a iniciativa contagia:
— Elas merecem parabéns porque são ações como essas que inspiram e transformam as pessoas.
Raianne Jardim dos Santos, cinco, não tirava os olhos da Chapeuzinho Vermelho. Ela abraçou a boneca e não soltou mais.
— Eu gosto dela— contou segurando a nova amiga.
A menina enfrenta uma crise de bronquite e é paciente renal crônica. A mãe dela, Melissa Ribeiro Jardim, 39, emociona-se:
— É emocionante ver a reação deles e para nós também é reconfortante porque nos anima ver a alegria das crianças. Passamos 24 horas por dia fechados e eles ganharem presentes e não apenas remédios e injeções ajuda a superar a dor.
Ruby Silva Lima, de 1 ano e quatro meses, ainda não conhece bem os personagens, mas ficou encantada ao ganhar a boneca. Para a mãe da menina Fabiana Gomes da Silva, 29 anos, o momento de descontração fortalece:
— As crianças adoram ganhar brinquedos e depois de um tempo tão exaustivo no hospital essa alegria deles nos fortalece.
"Fomos contagiadas pelo amor e por essa coisa de querer fazer o bem", conta voluntária
É em uma sala ampla e aconchegante no bairro São Pelegrino, que o Clube de Mães do Colégio La Salle Caxias — fundado há quase 45 anos — se reúne todas as terças-feiras para tricotar, bordar e costurar peças muito especiais. Foi em um desses encontros recheados de alegria, que as participantes decidiram se unir e preparar uma surpresa para crianças da ala pediátrica do Hospital Geral.
— Todos os anos fazemos algo para presentear os pequenos. Nesse ano pensei e falei para as meninas "vamos nos esmerar e fazer umas bonecas?". Quando eu mostrei o modelo, foi aquilo! As meninas ficaram super motivadas e o resultado está aí — diz orgulhosa a presidente do Clube de Mães, Iracema Pistore, 70 anos.
Eleonice Schiavo, 61, que participa do grupo há quase seis anos, cada boneca pode ser tricotada em uma tarde.
— Se você tem prática (e a gente tem), em uma tarde consegue terminar uma. O que mais demora para fazer são os detalhes, que tem que ser bem caprichados. Eu sou responsável por isso, tenho olho bom. É tudo costurado, a gente evita de colocar qualquer coisa que possa cair da boneca, como um olho de plástico ou coisa assim, porque a criança pode engolir e é perigoso — explica Eleonice.
Há 25 anos à frente do Clube, Iracema reforça que o grupo é um espaço para confraternizar, conviver e fazer a chamada "terapia da língua".
— Tricotamos as bonecas para as crianças como um presente, mas o maior presente ainda é da gente, em poder trazer alegria para elas. Fomos contagiadas pelo amor e por essa coisa de querer fazer o bem — resume Lourdes Mallmann, 61, proprietária da cantina da escola, que há um ano participa do Clube.
Ao todo foram confeccionadas 40 bonecas de tricot, todas feitas com muito capricho a partir de restos de lãs doados pelas voluntárias.
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