Em uma época do ano na qual as capelinhas das paróquias de Caxias do Sul costumam ser lembradas em encontros religiosos, uma das programações tem um sabor especial neste final de semana: a Paróquia de São Pelegrino celebra os 70 anos da Pastoral das Capelinhas da Visita Domiciliar.
Atualmente, das mais de mil imagens do Imaculado Coração de Maria que visitam os lares da cidade, 136 são do bairro-sede da paróquia, que conta com o voluntariado de 140 zeladoras e auxiliares, sob a coordenação de Maria Inês Pretto Guarnieri. O encontro das capelinhas da paróquia ocorre anualmente e celebra as visitas que ocorrem a cerca de 2,5 mil famílias do bairro.
— As capelinhas levam uma mensagem muito bonita de Maria, um pedido que ela fez às famílias nas bodas de Caná: "façam tudo o que o meu filho vos disser". Se nas famílias fizermos o que Jesus disse, teremos um sabor de lar feliz, unido e de paz — ressaltou o padre Mario Pedrotti, que celebrou a missa de abertura.
A comemoração religiosa teve início na quinta-feira (15) com uma recepção às capelinhas na Igreja São Pelegrino, onde os exemplares permanecem até a missa marcada para as 17h deste domingo (18). Neste sábado, às 14h, um chá irá reunir as zeladoras no salão da paróquia, seguido por uma missa, às 17h, na igreja.
Pelo fortalecimento da fé
Aos 84 anos, Julieta Sganderla contabiliza 58 como zeladora, sendo hoje coordenadora de sete capelinhas do bairro. De acordo com ela, são mais de 20 residências visitadas por cada unidade, sendo esta uma forma de fortalecer a fé nos núcleos familiares.
— É muito importante a visita da capelinha, principalmente para rezar. Rezo o terço toda vez que recebo — afirma a religiosa, que acompanhou as transformações do bairro ao longo das quase seis décadas de atividade.
— Uma vez precisava caminhar bastante para levar a capelinha, as casas eram longe umas das outras, agora tudo é mais perto — conta.
Na tarde de quinta-feira, quando as celebrações da paróquia de São Pelegrino foram abertas, foi Julieta quem puxou as demais zeladoras na recepção às capelinhas, na igreja do bairro. Orgulhosa, carregou o numeral 70 dourado.
— Quero continuar sendo zeladora, até porque as mulheres mais jovens trabalham, não têm tempo, e as velhas estão "indo".
Logo atrás de Julieta, outra zeladora atuante da Pastoral adentrou à cerimônia carregando um estandarte. Lygia Scur Brunetta, 88, tinha 18 anos quando as famílias do bairro São Pelegrino começaram a receber as capelinhas em casa.
Convidada pelo pároco da época, ela liderou o chamado Movimento das Capelinhas de 1966 a 1978, sendo hoje a coordenadora mais antiga da paróquia ainda viva. Ela lembra que chegou a atuar como coordenadora-geral em outros períodos e que foi quem desenhou o modelo atual.
— No início eram muito pesadas, com o passar do tempo conseguimos produzi-las com um material mais leve — afirma.
Segundo ela, a paróquia da Catedral foi a primeira da cidade a circular capelinhas pelas residências. Cerca de dois anos depois, a de São Pelegrino aderiu à ideia. No começo, eram apenas 40 exemplares.