Pichações, lixeiras quebradas, buracos, bancos sujos, bebedouro estragado, calçamento com pedras soltas e ferragem exposta são indicativos de que a principal praça de Caxias do Sul não está recebendo manutenção. Embora a prefeitura projete melhorias a partir da revitalização, atualmente travada por conta de uma liminar judicial, é notório que o básico vem sendo deixado de lado na Dante Alighieri. Os únicos cuidados mais visíveis envolvem a varrição e o trato dos canteiros.
Confira fotos dos problemas de manutenção da Praça Dante:
A última melhoria recebida foi a troca de 48 luminárias de vapor de sódio por lâmpadas de LED no primeiro semestre. Antes disso, houve a reforma do chafariz, inaugurado em dezembro de 2017. Mas o restante da área não recebe a mesma atenção desde janeiro de 2016, data em que funcionários da prefeitura pintaram pela última vez os bancos, postes, meio-fio e ajustaram o calçamento para embelezar a praça durante a Festa da Uva.
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Sem a manutenção básica, que não depende de projeto arquitetônico ou recursos vultuosos, a degradação mostra a cara.
Um dos pontos de maior reclamação é a falta de limpeza dos bancos, principalmente na borda da Rua Marquês do Herval, onde há grande concentração de pombos. As fezes estão espalhadas pela calçada, sobre as lixeiras e em quase todos os bancos, indicativo de que a limpeza não ocorre há um bom tempo.
— Não sei se adianta pintar os bancos, pois as pombas sujam muito. Mas teria que lavar com mais frequência — reclama o aposentado Danúbio Macedo, 68, personagem cativo da Dante Alighieri.
Perto dali, uma tinta vermelha e rabiscos encobrem a placa que lembra aos frequentadores que é proibido alimentar as aves. Aliás, as pichações começaram a tomar conta de bancos, monumentos e outros equipamentos.
A engraxate Eva Silveira, 54, passa o dia na praça e relata a dificuldade para usar bebedouro. Um deles inclusive está desativado.
— Às vezes não dá para usar o bebedouro, não sai água, parecem entupidos.
Os banheiros também mostram sinais de desgaste, mas a limpeza vem sendo mantida.
Somente o básico
A Praça Dante Alighieri conta com um jardineiro, um zelador no banheiro e uma funcionária da Codeca, responsável pela varrição. Ocasionalmente, outros servidores da Codeca ajudam a varrer a praça, uma vez que o volume de sujeira é grande. Apesar disso, dá para perceber que só esse trabalho não é suficiente para impedir a decadência dos equipamentos.
O garçom Pedro Cipriano de Barros Lima, 65, chama a atenção para a ferragem que restou de um poste de iluminação na esquina da Sinimbu com a Marquês do Herval, na frente da antiga banca da Ana. O material está exposto no caminho dos pedestres e pode machucar alguém.
— A praça está jogada — critica Lima.
A opinião é compartilhada por Abrelino Dal Bosco, vice-presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas de Caxias do Sul.
— Estou sempre atento ao que atrapalha a caminhada dos idosos e outro dia cai na praça, bem perto desses parafusos e ferros. Por pouco não caí em cima — reforça Dal Bosco.
A reportagem questionou a prefeitura, mas não recebeu respostas até o fechamento desta edição.
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Liminar continua valendo
A liminar que suspendeu o avanço do projeto de revitalização da Praça Dante Alighieri ainda está valendo. O município, réu na ação, ingressou com um recurso no Tribunal de Justiça, mas o caso ainda não foi julgado. A prefeitura está proibida pela Justiça de reformar a praça sem autorização da Câmara de Vereadores com base em uma ação popular movida pelo morador do bairro Santa Catarina, Gilberto Carlos Zago.
O autor argumenta que o artigo 192 da Lei Orgânica Municipal determina que construções, monumentos, praças e cemitérios não podem ser demolidos sem parecer do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (Compahc) e outorga legislativa. No despacho, o magistrado acolheu a argumentação, sob o entendimento de que a regra também vale para reformas que alterem as características do imóvel.