Com um sorriso estampado no rosto e os olhos marejados, após dezenas de abraços de boas-vindas, o palestrante paulista de sucesso internacional Eduardo Shinyashiki explicou o motivo que o fez "escapar" de um treinamento corporativo que estava ministrando em Fazenda Souza para passar algumas horas da tarde de sexta-feira (26), na Casa Anjos Voluntários, em Caxias do Sul.
— Como Madre Teresa de Calcutá disse, o ser humano não tem fome de comida, tem fome de amor e a experiência do amor é a que menos se vive atualmente — afirmou Shinyashiki, ao lado da presidente da entidade, Isamar Damin Ordovás Sartori, que foi a responsável pela visita.
— Eu sigo ele nas redes sociais há muito tempo e respondi uma das lives dizendo que seria um sonho ele conversar com os jovens daqui. Como ele tinha programação em Caxias, acabou vindo mesmo, é uma honra.
Ela relata que a forma de pensar e os assuntos abordados pelo palestrante, sempre com muita positividade, estão alinhados à entidade, que desde 2003 atua na ressignificação da perspectiva de vida de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, por meio de inúmeras atividades desenvolvidas no contra turno escolar. Atualmente, o espaço atende 200 frequentadores, com idades entre 6 e 15 anos, de 18 bairros da zona oeste de Caxias.
Pelos corredores, o sobrenome do palestrante, de origem japonesa, já era facilmente pronunciado pelos adolescentes da entidade que ficaram animados com a presença do personagem, já que ele foi objeto de pesquisa dentro das atividades de uma gincana realizada na Casa. Cartazes com frases de Shinyashiki e desenhos, confeccionados pelos participantes das atividades propostas, enfeitaram as paredes da entidade.
Além de almoçar com funcionários e alguns jovens, o visitante contou com uma apresentação musical e ainda uma poesia escrita para a gincana sobre a vinda dele. O momento mais esperado, a palestra, durou aproximadamente uma hora e encerrou com uma homenagem dele para professores e funcionários que atuam na Casa.
— Sou apenas uma vírgula em uma frase imensa que está sendo escrita aqui — afirmou o convidado.
"Não tente ser feliz, seja"
Três décadas de experiência junto a escolas, por meio de atividades do Instituto Eduardo Shinyashiki, fizeram o palestrante perceber a necessidade do desenvolvimento da inteligência emocional dos jovens, sobretudo perante adversidades sociais enfrentadas, em um contexto onde as famílias, segundo ele, encontram-se desestruturadas.
— O jovem não sabe lidar com o desamparo e esta é uma das experiências mais desestabilizadoras que se pode ter, ela causa a sensação de ter que enfrentar tudo sozinho — comenta.
Nesse sentido, as palestras de Shinyashiki tem o propósito de dar luz às capacidades pessoais, reforçando a confiança e o sentimento de valor pessoal.
— Não é o mundo, não é onde você nasceu, não são seus pais e nem a história deles. A sua história é você quem escreve. Não tente ser feliz, seja. Não tente realizar seus sonhos, realize — reforçou, entre brincadeiras, músicas e histórias de sua própria vida.
MOTIVAÇÃO PARA SONHAR
Frequentadora da Casa Anjos Voluntários há nove anos, Brenda Gonçalves dos Santos, 14, colaborou com uma das interações propostas pelo palestrante na tarde de ontem. No desafio de levar uma barra de chocolates até ela, Shinyashiki usou de metáforas para mostrar as barreiras impostas e que podem ser superadas na realização dos sonhos. Além de ganhar o chocolate, Brenda também ganhou motivação.
— Eu achei ele muito divertido e amoroso, já vi várias palestras aqui, mas a dele foi a que mais gostei. Me marcou muito quando ele falou que a gente não deve dizer que não consegue realizar um sonho — afirmou a jovem, que sonha seguir carreira profissional como bailarina ou cantora.
Moradora do bairro São Francisco, ela conta que gosta de todas as oficinas da Anjos e sente-se grata à entidade.
— Aqui estou começando a realizar os meus sonhos, tenho certeza que nunca vou esquecer — garante.
"Há muitas pessoas no mundo que estão morrendo por falta de um pedaço de pão, mas há muito mais gente morrendo por falta de um pouco de amor"
Madre Teresa de Calcutá