Assim como as demais cidades da Serra, a sexta-feira (5) começou gelada em Gramado. A diferença é que no destino turístico procurado justamente pelo inverno rigoroso, a quantidade de olhares que os termômetros recebem aumenta a cada grau de temperatura que baixa.
Foi assim no início da manhã. Embora a movimentação nas ruas ainda fosse tímida por volta das 8h, quem se arriscou a sair de casa parou para registrar a temperatura de 1ºC no já famoso termômetro de mercúrio da Rua Borges de Medeiros, em frente à igreja São Pedro, no Centro. Foi o caso do empresário Evandro Zimmermenn, 41 anos, de Guabiruba, cidade a 70 quilômetros de Balneário Camboriú, Santa Catarina. Ele e a filha Luiza, 4, saíram cedo de casa para não perder a selfie no termômetro. A esposa, Joice, 31, optou por ficar no apartamento que a família alugou com a outra filha, Laura, de 11 meses.
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— Queríamos bater uma foto porque daqui a pouco esquenta — disse o empresário, que chegou na cidade na noite desta quinta-feira (4) e pretende ficar até domingo.
Ele decidiu trazer a família para a região na última terça-feira (2), quando soube que a onda de frio que passa pelo sul do país derrubaria as temperaturas na Serra. Há dois anos, eles já haviam se hospedado em Canela, mas como era setembro, não enfrentaram temperaturas tão baixas.
— Tem que se agasalhar, mas está ótimo. Gosto de Gramado. É aconchegante, a comida é boa e tem muitos passeios — afirma.
Não bastasse a baixa temperatura, o vento do início da manhã causava um sensação ainda maior de frio no centro da cidade. Apenas o sol, que aparecia tímido entre as nuvens, era capaz de amenizar o desconforto ao ar livre. No ponto de táxi da Rua Pedro Benetti com a Rua Borges de Medeiros, o taxista Jorge Antônio Pinto Medeiros, 50, se revezava com outros nove colegas para conseguir um espaço no abrigo destinado aos motoristas. O espaço conta com porta e sofá. Em dias mais frios, os profissionais também instalam uma estufa, que acompanha o chimarrão e o café, na tentativa de esquentar o corpo.
— Tem que estar caminhando, ir para o sol, para dentro do carro. A estufa não dá para ligar toda hora porque temos que sair — relata Jorge, que iniciou o trabalho às 7h e deve enfrentar o frio das ruas até as 22h.
Natural de Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre, o taxista disse ter sido difícil enfrentar o primeiro inverno na Serra, há três anos, mas que agora já se adaptou ao clima da região. Embora o movimento na cidade ainda não tenha aumentado de forma significativa, segundo Jorge, ele acredita que a partir do fim da manhã desta sexta o número de corridas aumente bastante.
— Nesse horário (8h), é mais morador que sai para trabalhar. Turistas mesmo sai ali por 10h — relata.
A expectativa da rede hoteleira de Gramado é que a ocupação dos hotéis chegue a 95% devido à onda de frio.
Confira algumas máximas e mínimas previstas para esta sexta:
Bento Gonçalves — máxima de 7 e mínima de 2-ºC
Canela — máxima de 6ºC e mínima de 0ºC
Caxias do Sul — máxima de 6ºC e mínima de -1ºC
Farroupilha — máxima de 6ºC e mínima de -2ºC
Flores da Cunha —máxima de 5ºC e mínima de -2ºC
Gramado — máxima de 5ºC e mínima de -2ºC
A passagem de uma massa de ar polar intensa, combinada às instabilidades que passam pelo estado, é o que contribui para a formação de precipitação em alguns pontos do RS, como é o caso da Serra Gaúcha. De acordo com a Somar Meteorologia, o fenômeno pode ocasionar chuva congelada e queda de neve.
E não é para menos: na madrugada, várias cidades registraram temperaturas negativas, como foi o caso de São José dos Ausentes, Cambará do Sul e Vacaria:
São José dos Ausentes: 6h -1,6ºC*
Cambará do Sul: 5h -0,7ºC*
Vacaria: das 5h às 6h -0,6ºC*
Serafina Corrêa: das 3h às 4h -0,5ºC*
Canela: da 1h às 2h +1,1ºC*
Bento Gonçalves: das 4h às 5h +1,7ºC*
*Fonte: Inmet