A inscrição de chapas para a disputa da presidência da Cooperativa Habitacional Terra Nossa, de Farroupilha, começa nesta segunda-feira (15) e segue até 28 de julho. O processo ocorre depois de uma assembleia na tarde de sábado (12), em que mais de mil associados decidiram destituir Raul Herpich do cargo.
O ex-presidente, que é suplente de vereador pelo PDT, teve os bens sequestrados em 19 de junho pelo Ministério Público (MP) por suspeita de desvio de R$ 1,1 milhão de duas cooperativas que presidia: a Terra Nossa e a Nosso Pedaço de Chão.
Por enquanto, os membros da Terra Nossa contrataram dois advogados para mediar o processo de destituição de Herpich do cargo e os representarem temporariamente: Tiago De Pizzol e Mateus Tramontina. De acordo De Pizzol, os integrantes do grupo optaram por selecionar alguém que não fizesse parte da cooperativa.
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— Como a cooperativa ainda não tem uma sede (por conta do sequestro de bens), não queríamos deixar isso com nenhum cooperativado para não ter problemas com a lisura do processo — destaca.
Segundo um dos integrantes da cooperativa que vai lançar uma chapa para concorrer às eleições, Ildo Pegoraro, o objetivo é garantir que seja escolhida uma chapa que conduza a gestão com ética e sem desconfiança por parte dos associados que se sentem lesados com o dinheiro que foi depositado para a aquisição dos lotes.
— A expectativa é grande. Os associados têm uma ansiedade porque pagaram durante tanto tempo e agora têm que começar tudo de novo. Estamos esperando as investigações do MP para ver se reavemos esse dinheiro —comenta.
As eleições para a escolha do novo gestor ocorrem no dia 18 de agosto, no CTG Rancho de Gaudérios, a partir das 16h. A reportagem tentou contato com Raul Herpich entre às 9h30 e 11h, mas o telefone estava desligado.
Entenda o caso
Desde meados de 2008, Raul Herpich administrava sozinho as cooperativas Terra Nossa e Meu Pedaço de Chão. O consórcio foi firmado com aproximadamente 5,7 mil adesões de moradores de ambos os grupos, que pagaram mensalmente cerca de R$ 100 para obter um lote em um terreno de 117 hectares. No entanto, os lotes não foram entregues a nenhum associado.
A partir de denúncias diante da suspeita de lavagem de dinheiro, o MP sequestrou os bens de Herpich no dia 19 de junho. Dois dias depois, ele foi destituído da presidência da Cooperativa Meu Pedaço de Chão. Segundo o MP, os valores destinados pelos associados para a aquisição de lotes iam para as contas particulares de Herpich e de seus familiares, quando deveriam ser depositados nas contas das cooperativas.