O novo bispo da Diocese de Caxias do Sul, dom José Gislon, 62 anos, celebrou uma missa na manhã desta segunda-feira (15), no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, no interior de Farroupilha. A celebração marcou o primeiro encontro do sucessor de dom Alessandro Ruffinoni com padres da região. Cerca de 80 sacerdotes acompanharam a missa. Durante o sermão, o bispo falou sobre as dores e dificuldades enfrentadas por cada um:
— Quantas realidades e feridas em pessoas ao nosso redor e, às vezes, nós também precisamos que as nossas sejam enfaixadas para ajudarmos na cura dos nossos irmãos com amor, ternura e fé.
Leia mais
Bispo de Erechim assumirá Diocese de Caxias do Sul
Novo bispo será o quinto na história de Caxias do Sul
Novo bispo da Diocese de Caxias do Sul celebra missa em Caravaggio
Ele acrescentou que é preciso ser firme e não desistir de seguir em frente:
— Em um coração com fé, sempre entra uma fresta de luz, um raio de sol que nos guia. A força divina nos resgata e fortalece — ressalta.
Dom Alessandro também acompanhou a celebração e pediu a bênção de Caravaggio a dom Gislon, que assume a diocese em 8 de setembro. O novo líder da Diocese de Caxias foi nomeado em 26 de junho. Ele chega à Serra após atuar durante sete anos na Diocese do município de Erechim, no norte do Estado. Pouco depois da missa, ele conversou com o Pioneiro e contou como foi o primeiro contato com os padres e fiéis da região. Ele afirmou que o encontro fortalece sua missão como bispo, e que ao lado dos padre trabalhará pela região.
O senhor vem de uma cidade (Erechin) que tem pouco mais de 100 mil habitantes. Caxias do Sul tem mais de 500 mil e enfrenta os desafios de uma cidade grande, como a violência, por exemplo. O senhor já conhece as necessidades da cidade e tem algum plano para ajudar a combater os crimes?
Bispo: A realidade da violência não é exclusiva de Caxias do Sul porque, em Erechim, mesmo sendo uma cidade menor tem um círculo de violência muito grande. Temos que entender que essa violência é fruto da realidade que vivemos. Somos um dos países mais violentos do mundo, basta ver o número de jovens que morrem diariamente. A violência só vai diminuir quando tomarmos consciência da nossa responsabilidade como cidadãos desse país e termos atitudes pacificadoras no contexto de nossas famílias e da sociedade. Às vezes queremos que a violência termine com a imposição vinda de cima para baixo, mas não curamos
os males da sociedade e que geram a violência. Essa realidade passa pelo ambiente familiar, comunitário e pelas igrejas. Todos temos a responsabilidade de desenvolver a cultura da paz em busca de harmonia na sociedade. É um trabalho que deve ser feito pela Igreja, mas com o apoio da comunidade, não é possível encontrar a paz, sem a união de toda a sociedade.
Algum plano para se aproximar dos jovens? Como o senhor pretende se comunicar com eles?
Bispo: Os jovens de hoje estão em busca de valores para a vida dentro de uma sociedade muito exigente em relação a eles. Precisamos ter proximidade e saber acolhê-los, não podemos partir do princípio de que o jovem não tem espiritualidade ou não valoriza sua caminhada de vida espiritual. Os jovens têm um projeto de vida que querem viver e temos que saber como ir ao encontro deles, compreendê-los e ajudar esses jovens a ter sonhos em relação ao amanhã, mas sem descuidar do presente, porque se descuidarmos do presente, não temos um futuro.
Qual é a sua postura diante de temas polêmicos como aborto, casamento homoafetivo e participação da igreja nas questões políticas. O senhor costuma abordar esses temas ou prefere a neutralidade?
Bispo: Com todas essas realidades presentes na sociedade nós, como Igreja, sempre vamos defender a vida e a dignidade das pessoas, respeitando a opção pessoal de cada um, porque cada pessoa é um dom de Deus e tem uma vida que precisa ser respeitada. Sobre o aborto serei sempre a favor da vida e temos que preservar a vida de uma criança que está no útero da mãe e tem o direito de nascer e vir a esse mundo. A defesa da vida para mim é fundamental como toda a caminhada da Igreja.