O estudo de robótica aliado ao currículo regular levou oito alunos da Escola Caminho do Saber, de Caxias do Sul, a uma conquista internacional. Dentre 66 equipes, de 25 países, a Equipe Robótica Tecnoway destacou-se no torneio de robótica Plan Ceibal FLL Open International, conquistando o 2º Lugar Champion's Award e 1° Lugar na Performance do Robô.
A competição ocorreu no dia 28 de maio, em Montevidéu, no Uruguai, e teve a participação de oito equipes brasileiras, incluindo a representação caxiense.
Dentro da temporada que ocorre de agosto a agosto, equipes do mundo inteiro que participam dos torneios são incumbidas de encontrar um problema considerado interessante e passível de solução inovadora. Nesta edição, a competição desafiou os times a encontrarem uma solução para algum problema dentro do tema "Into Orbit", voltando-se a problemas físicos ou psicológico dos astronautas durante explorações espaciais.
A pesquisa dos estudantes caxienses identificou que o maior problema enfrentado por estes profissionais é a perda de massa muscular, com atrofiamento causado pela falta de gravidade. A solução da equipe foi criar um traje especial para exercício físico no espaço. O chamado "EletroEX" utiliza de estímulos elétricos que aumentam em até seis vezes a retenção de massa muscular.
Além do desenvolvimento da pesquisa, que soluciona o problema a partir de algo inovador, o torneio também avalia a performance de robôs em arena e a forma de atuação do grupo, tendo como foco o aprendizado gerado pela experiência.
A primeira seletiva desta edição ocorreu ainda em outubro do ano passado, em Pelotas, onde a Tecnoway conquistou a segunda colocação. Na etapa nacional, realizada no Rio de Janeiro, em março deste ano, a equipe foi indicada para o World Festival, nos Estados Unidos, porém por falta de tempo hábil para legalização de todos os integrantes, a participação não aconteceu.
O convite para o torneio do Uruguai veio logo em seguida e foi aceito pelo time, integrado pelos estudantes: Augusto Pioner, Érica Pescador, Gabriel Vanin, Leonardo Neto, Luiza Colvara, Maria Eduarda Chessio, Mateus Tomaz e Roberta Pioner. A equipe conta com apoio dos mentores - que já fizeram parte do time, mas passaram dos 16 anos, que é a idade máxima permitida - Bruno Nunes, Lucas Michaelsen e Pedro da Cruz.
A equipe campeã do torneio de Montevidéu também é brasileira. Trata-se da Big Bang do SESI Birigui de São Paulo. O evento reuniu mais de 700 estudantes. Além da representação brasileira e uruguaia, participaram equipes da Alemanha, Argentina, Austrália, Bolívia, Chile, Colômbia, Coréia, Costa Rica, Espanha, Estados Unidos, Estónia, França, Grécia, Guatemala, Honduras, Israel, Itália, México, Nigéria, Paraguai, Peru, Romênia, África do Sul e Turquia.
Escola integra atividade ao currículo
A equipe formada por estudantes com idades entre 13 e 16 anos integra um projeto de contra turno da escola, liderado pela vice-diretora Alexandra Valença Colvara. Na Caminho do Saber, a robótica é integrada ao currículo, com diferentes etapas e, em 2010, virou atividade de contra turno para quem deseja aprofundar os conhecimentos na área.
O incentivo começa por meio de torneios internos, que viabiliza o ingresso de estudantes na Tecnoway, equipe formada por destaques, que representa a escola em competições externas. A experiência no Uruguai foi a segunda fora do país. A primeira ocorreu em 2017, na Austrália.
— Não é só a robótica, eles trabalham em equipe, aprendem a se relacionar, exercitam a comunicação, cada um tem uma função, precisam solucionar problemas e recebem desafios para resolver — explica a coordenadora.
Os encontros da Tecnoway ocorrem, pelo menos, uma vez por semana, sendo que o ambiente fica aberto a ser frequentado conforme o desejo dos alunos. A vontade de aprender, aliada ao prazer das experiências fora de sala de aula, unem o grupo que atua norteado por uma missão levada na ponta da língua: "Inspirar os jovens através da ciência e da tecnologia, fazendo o que amamos".
Não é à toa que em 2017, o grupo foi reconhecido pelos juízes australianos como "equipe mais equilibrada". Além de unir os jovens entorno de um objetivo, a experiência ainda motiva a busca de conhecimento na área tecnológica. É o caso de Mateus, que além de integrar a equipe escolar, está estudando mecatrônica no Senai. Aos 16 anos, ele já pensa em prestar vestibular em uma universidade federal na área de automação.
— O projeto melhorou bastante meu trabalho em equipe e, além disso, decidi o que quero da minha vida através da Tecnoway — afirma.
Há cinco anos na equipe, seu colega Augusto, 16, também pretende seguir carreira dentro da área de tecnologia.
— Comecei trabalhando com programação, mas com a experiência na equipe passei a me interessar pela área de pesquisa e inovação, acho legal poder solucionar problemas, com tecnologias que possam melhorar a vida das pessoas.
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