O Pioneiro percorreu os 32 quilômetros das rodovias estaduais ERS-122 e RSC-453, no trecho entre o Shopping Iguatemi, em Caxias do Sul, e o entroncamento com a BR-470, em Garibaldi, passando por Farroupilha e Bento Gonçalves, e traz um Raio X das condições da pavimentação, sinalização e manutenção das vias.
O primeiro trecho da RSC-453, entre o Iguatemi e o Viaduto Torto, em Caxias, não tem problemas aparentes. A pavimentação está em boas condições, há sinalização na pista e vertical. Os problemas começam a aparecer quando pegamos a ERS-122, em direção a Farroupilha, e se intensificam na RSC-453, em Farroupilha e Bento Gonçalves. A reportagem encontrou muitos pontos de asfalto deteriorado, buracos de todos os tamanhos e matagal encobrindo placas indicativas. Elementos que separadamente já ofereceriam risco aos motoristas. Juntos tornam ainda mais perigoso o trajeto de quem precisa se deslocar de uma cidade a outra. É o caso do prestador de serviços Paulo Correa, 33 anos. Ele é morador de Farroupilha e usa a 453, diariamente. Na tarde de ontem, por volta das 14h, o encontramos com o carro parado em um recuo na margem da rodovia, junto a Panaser, tentando trocar o pneu dianteiro esquerdo que havia furado.
– Caí em um buraco no Buratti (localidade) – balbuciou, indignado, o condutor.
Diante da dificuldade em tirar a roda, ele teve de seguir rodando até um posto de combustíveis mais próximo.
Um ponto mais adiante, no Km 111, na margem no sentido Bento-Farroupilha, junto ao acostamento, parecia um cemitério de calotas – contamos oito no local. A explicação estava bem pertinho. Bastou olhar para a pista metros antes. O buraco mede 1m20cm de comprimento, equivalente a altura de uma criança de sete anos, segundo média de crescimento do Ministério da Saúde. A medição foi feita pela equipe com uma trena manual. A dimensão do provável estrago fica mais evidente quando medimos a profundidade: 18 centímetros, mais de um quarto da altura de uma roda aro 14, que é de 60cm.
Para evitar os buracos, motoristas se arriscam desviando pela pista contrária e acostamentos que, quando existem apresentam grande desnível em relação à pista e estão em péssimas condições.
Reparos dependem de negociação com empreiteiras
A manutenção dessa ligação asfáltica entre as quatro cidades é de responsabilidade do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). O órgão terceiriza a conserva das rodovias por meio de contratos com empresas licitadas. Os contratos previam que o Daer fornecesse o asfalto para que as empreiteiras realizassem tapa-buracos, reparos, recapeamentos e obras maiores. Só que o governo do Estado acumulou uma dívida milionária com o fornecedor de CAP (insumo utilizado na fabricação do asfalto) – da qual ainda falta quitar R$ 1 milhão, que precisam ser liberados pela Secretaria da Fazenda –, o que gerou interrupção no fornecimento. Depois, mesmo pagando parte da dívida, ficou sem a possibilidade de retomar a entrega porque o contrato com esse fornecedor venceu, as obras de conserva pararam mesmo com contratos em vigência.
O Daer fez duas tentativas de licitações, mas os preços apresentados pelas empresas ficaram muito acima do previsto. Agora, o Daer tenta negociar com as empreiteiras para que elas forneçam o asfalto necessário para retomar os trabalhos. Isso, porém, não impede que sejam feitas roçadas nas margens para tornar mais visíveis as placas indicativas que deveriam servir de alerta aos motoristas com a finalidade de tornar as viagens e deslocamentos mais seguros.
AS CONDIÇÕES DO TRECHO:
:: RSC-453, do Km 4 ao 0, entre o Shopping Iguatemi e o Viaduto Torto, em Caxias: pavimentação em boas condições, assim como sinalização na pista e vertical.
:: ERS-122, do Km 67 ao Km 61, entre o Viaduto Torto, em Caxias, e a Tramontina, em Farroupilha: placas, como as indicativas de velocidade máxima e de retorno, encobertas pela vegetação. Buracos espaçados e ondulações no asfalto nas pistas em ambos os sentidos. Em frente as torres de energia elétrica, em Farroupilha, dois buracos de grande proporção distantes cerca de 300 metros ou do outro na pista da direita, no sentido Caxias-Farroupilha. Um de 1m20cm de largura e 15cm de profundidade e outro de 1m60cm de largura e 13cm de profundidade.
:: RSC-453, Km 121 ao 107, de Farroupilha a Bento Gonçalves: trecho com pavimento deteriorado, inclusive sobre o viaduto, em Farroupilha. Quantidade maior de buracos pequenos e grandes em diversos pontos, principalmente, onde há pista simples. Nesses locais, é possível ver a pavimentação antiga embaixo. Também há muitos pontos onde o asfalto apresenta fissuras e remendos. Placas encobertas pelo mato que passa de 2m de altura. O ponto mais crítico é no Km 107, no acesso ao bairro Barracão, em Bento, onde contamos 22 buracos (com larguras variáveis entre 50cm a 70cm e em média 5cm de profundidade) em 20 metros na pista sentido Bento-Garibaldi. A condição dos acostamentos, onde eles existem também é ruim.
:: RSC-453, Km 107 ao 101, de Bento Gonçalves a Garibaldi: placas encobertas pelo matagal, inclusive, a que indica a interseção com a BR-470 em Garibaldi. Asfalto com remendos e sinalização apagada.