Dor local e febre que duram de dois a quatro dias são alguns dos sintomas relatados por quem recebe a vacina contra a gripe. Mas será que é normal vivenciar essas reações? Segundo Juliana Argenta, diretora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde de Caxias, sim. Uma vez que existem vírus atenuados na dose, o organismo precisa produzir os anticorpos necessários para combatê-los e, assim, criar uma "memória" que entrará em ação caso o paciente contraia o vírus futuramente. Por isso, se você sentir dor local ou febre, pode ficar tranquilo: isso não significa que você está ficando gripado. São eventos esperados como reação aos componentes da vacina.
De acordo com Juliana, essa reação pode variar dependendo da sensibilidade de cada pessoa aos componentes. Os sintomas surgem até 72h depois da aplicação e costumam desaparecer dentro desse mesmo intervalo. Todavia, se persistirem, a recomendação é procurar um médico.
Nesta segunda-feira (27), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a Campanha da Vacinação contra a gripe, inicialmente prevista para se encerrar amanhã, será prorrogada. O ministro não informou por quanto tempo a campanha permanecerá ativa — em Caxias, a secretaria da saúde ainda não confirma se haverá prorrogação da vacinação.
Fake news e o medo de reações
Em algumas cidades do Estado, a disseminação de mensagens com o intuito de boicotar a imunização contra gripe e histórias (mentirosas) sobre reações pós-vacina estão prejudicando a campanha. Nesta semana, um bilhete circulou por bairros de Porto Alegre e foi deixado em caixas de correspondência: "Vacinas causam doenças graves", diz o título do texto, que traz o relato de um suposto pai cujo filho teria morrido após ter sido vacinado. Essas fake news ajudam a Capital a produzir seu pior resultado em vacinação dos últimos anos. Até terça-feira (28), Porto Alegre havia vacinado 59% das pessoas que fazem parte dos grupos de risco.
A proliferação de histórias falsas preocupa tanto — no país inteiro —, que o Ministério da Saúde ofereceu um número de WhatsApp para responder sobre a veracidade de informações duvidosas: (61) 99289-4640.
Reações alérgicas são muito raras
Como a vacina contra o vírus Influenza é inoculada na proteína do ovo, quem tem alergia ao alimento deve comunicar à equipe de saúde na hora de receber a dose. Assim, é possível ministrá-la no hospital, em um ambiente preparado para agir em caso de resposta alérgica.
No entanto, esse fenômeno é raro, segundo Juliana:
— As reações à vacina contabilizadas no município são monitoradas pela SMS. Em 98 mil pessoas imunizadas, nenhum evento adverso grave foi notificado. Choques anafiláticos, por exemplo, nunca foram registrados pela secretaria.
O medo dos efeitos colaterais é uma das justificativas apontadas por quem evita o serviço. Outro motivo pode ser a ideia de que ainda há um bom tempo pela frente até a chegada do inverno.
— Algumas pessoas podem pensar que, em razão do histórico de prorrogação da campanha, dá pra ir deixando pra depois... Mas o ideal é que a imunização seja feita o quanto antes, já que o organismo leva de 10 a 15 dias para ficar imunizado — explica Juliana.
Também corre por aí a convenção de que não se pode fazer a vacina quando se está resfriado ou gripado. Sobre isso, a diretora da Vigilância Epidemiológica afirma que o único motivo para adiar a vacina é em casos de doenças agudas febris moderadas ou graves. Ou seja, um resfriado comum não é razão para não se imunizar. Se você está com febre, no entanto, é melhor esperar o quadro terminar para, aí sim, receber a vacina.
Foi o caso da Elizabet Ramos Chiaradia, 63 anos, que esperou melhorar de uma gripe para se vacinar. A profissão de secretária em uma escola de ensino fundamental e médio exige contato com muitas pessoas; cerca de mil alunos estudam por lá. Por isso, a profissional decidiu garantir a imunização, protegendo não só a si mesma como também as pessoas que ela encontra diariamente.
— É o segundo ano que faço a vacina. Percebi que essa é a melhor forma de me resguardar e nunca tive nenhuma reação — comenta.
Confira quem faz parte dos grupos de risco:
Crianças de 6 meses até menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias)
Gestantes
Pessoas com 60 anos ou mais
Puérperas (mulheres até 45 dias após o parto)
Povos indígenas em aldeias
Trabalhadores de saúde dos serviços públicos e privados
Presos e funcionários do sistema prisional
Professores de escolas públicas e privadas
Portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais
O que levar?
Para receber a vacina, os idosos precisam apresentar algum documento que ateste a idade; as crianças, o Cartão de Vacinas; as gestantes, Cartão da Gestante; professores e profissionais da saúde, comprovante da profissão (crachá ou carteira de trabalho); doentes crônicos, receita médica que especifique a condição.
Serviço
A 21ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza se estende até sexta-feira (31) nas UBS's da cidade, das 8h às 16h.