A presidente da comissão comunitária da Festa da Uva, Sandra Randon, avalia pontos polêmicos do evento em 2019. Confira a entrevista cedida ao Pioneiro.
Soberanas ausentes no palco
A Festa da Uva 2019 já abriu com uma polêmica: a ausência da rainha e das princesas da Festa da Uva no palco das autoridades no dia da inauguração do evento. Maiara Perottoni, Milena Caregnato e Viviane Piamolini Gaelzer também não foram citadas no protocolo oficial ou no discurso da presidente da Festa. A organização admite que apesar da responsabilidade do protocolo de abertura ser da equipe de Segurança, Cerimonial e Protocolo da Vice-Presidência da República, a situação poderia ser diferente.
— Olhando para trás, poderíamos ter outra postura, para que elas fossem citadas, mas o protocolo não era responsabilidade nossa. Não que as soberanas não fossem valorizadas, mas estava fora de nosso alcance _ diz Sandra.
Caso a Festa seja realizada em 2020, ainda não está definido se Maiara, Milena e Viviane seguirão como soberanas. A ideia inicial era mantê-las, uma vez que a estrutura do concurso que elege rainha e princesas é cara.
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Fiorin Card
O sistema foi criado para agilizar o pagamento de bebidas e alimentos na Festa da Uva, mas na prática o que se viu foram muitas reclamações de expositores e visitantes. Durante a Festa, alguns vendedores ameaçaram abandonar o evento caso não houvesse o fim da obrigatoriedade do Fiorin Card. O cartão teve seu uso flexibilizado no dia 28 de fevereiro, seis dias após a abertura da Festa. Todos os 100 pontos de gastronomia, instalados nos Parque, passaram a aceitar o pagamento em dinheiro, cartões de crédito e débito e também via Fiorin Card.
— Percebemos que a região não está acostumada com esse tipo de sistema. A maioria das pessoas vêm com dinheiro no bolso e é difícil fazer com que elas depositem esse dinheiro e recebam um novo cartão — avalia Sandra.
Valor dos ingressos
Foi surpreendente para muitas pessoas o reajuste do ingresso no decorrer da Festa, algo que não ocorreu em festas anteriores. O valor começou com R$ 16 durante a semana e R$ 20 aos finais de semana. Poucos dias depois, o acesso ao Parque de Evento subiu para R$ 20 de segunda a quinta e R$ 25 de sexta a domingo. Conforme a organização, foram feitas promoções como o ingresso solidário e o acesso gratuito até às 12h30min, além do dia do acesso livre. A explicação para o aumento era de que os Pavilhões atingiram a marca de 100 mil visitantes, número teria servido como base para que um novo lote de ingressos fossem vendidos a valores mais altos.
Público de fora
A chegada do público para curtir os shows de Anitta e Zé Neto e Cristiano, na última sexta-feira, escancarou problemas na organização. Muita gente havia comprado ingresso para a ala vip, por exemplo, e não conseguiu entrar devido à lotação. A Brigada Militar fez um bloqueio para impedir possíveis invasões de pessoas insatisfeitas. Após receber diversas denúncias de visitantes de que não puderam assistir aos shows, o Procon de Caxias do Sul entrou na história e determinou à organização o ressarcimento aos consumidores lesados.
Conforme Sandra, a restrição na entrada aos shows ocorreu assim que a capacidade máxima estabelecida pelo Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI), aprovado junto ao Corpo de Bombeiros, foi alcançada. A organização orientou que quem se sentiu prejudicado pelo bloqueio no acesso pode pedir o ressarcimento do valor do ingresso pelo site a partir desta segunda-feira.
Acidentes
Também na sexta-feira, o piso de um dos camarotes da área de shows dos pavilhões cedeu. Ninguém ficou ferido no acidente. O camarote foi consertado para as apresentações do dia seguinte.
Na manhã de sábado, um homem sofreu uma descarga elétrica num estande do evento . A vítima era expositor no setor Nostro Negòssio. O ferido foi atendido no local encaminhado ao Hospital Unimed e passa bem.
— O problema foi na instalação que ele mesmo havia feito. O homem estava usando a energia de maneira irregular e teve esse incidente — afirma a presidente da Festa.
Público
O público total da 32ª Festa da Uva não havia sido confirmado até ontem. A expectativa dos organizadores era alcançar o número de um milhão de visitantes, somando desfiles, shows e também a escolha das soberanas, que em 2018 reuniu cerca de 12 mil pessoas nos Pavilhões.
— Com certeza mais de 500 mil pessoas passaram pelos pavilhões. Ainda não temos os números do domingo, talvez não alcancemos o objetivo que era um milhão, mas esperamos ficar o mais próximo disso — revela Sandra.
A Festa teve o dia 25 de fevereiro de acesso livre ao público. Na segunda de Carnaval, mais de 15 mil pessoas passaram pelos Pavilhões, seis mil entre às 11h e 12h30min, quando a entrada era gratuita de segunda a quinta. O último dia do evento também teve uma das maiores movimentações.
— No visual, em alguns dias, dava a impressão de que não havia muita circulação na Festa, mas na verdade as pessoas entenderam a proposta de curtir o evento e ficaram mais tempo espalhadas pelo Parque. Tivemos boa presença de escolas, as áreas de lazer estavam sempre ocupadas. E ainda construímos áreas abertas que chegaram à 10 mil metros quadrados — aponta.
Desfiles
Os desfiles também causaram estranheza. A decisão de levar o corso apenas duas vezes para a Rua Sinimbu e manter o desfile na alameda central dos Pavilhões provocou sentimentos distintos. Nos Pavilhões, o corso funcionou e agradou bastante porque havia sido pensado para aquele tamanho de público e estrutura. Contudo, levado para o contexto da Rua Sinimbu, perdeu um pouco da proposta imaginada pelos criadores.
A organização do evento diz que o público entendeu melhor a ideia do corso a partir das apresentações na Alameda Central dos Pavilhões. Depois de algumas pessoas reclamarem quanto aos carros alegóricos, figurinos e roteiro no primeiro desfile na Rua Sinimbu, no Centro, a comissão da Festa destaca que a proximidade com as pessoas no Parque foi maior e que a nova proposta foi bem aceita.
Espaços e distribuição de uva
Na entrada aos Pavilhões, o visitante pode receber cachos de uva para degustar desde já no passeio. Além disso, o novo formato da Festa foi considerado pela organização a mudança mais importante em 2019. O Pavilhão Nostra Itàlia expôs no primeiro andar as uvas premiadas dos produtores de Caxias do Sul e, no térreo, o espaço foi destinado à gastronomia. O Pavilhão Nostro Negòssio recebeu cerca de 95 expositores que puderam vender suas marcas e produtos em um espaço mais amplo e de circulação maior de pessoas. E o Pavilhão Nostra Gente, foi voltado, especialmente, para a Vila dos Distritos de Caxias.
— Tínhamos uma expectativa pelo novo formato da Festa e, no final, foi o que mais nos agradou. Os expositores ficaram satisfeitos. A Vila dos Distritos impactou o visitante. As pessoas dos distritos se sentem mais valorizadas com o espaço dedicado a elas. Não houve problemas na distribuição de uvas na entrada, o Parque sempre esteve limpo, as pessoas consumiam a fruta também na saída — avalia Sandra.
Até o fim da Festa, cerca de 150 toneladas das variedades niágara branca e rosada, além da isabel foram distribuídas. Cerca de 25 produtores venderam a fruta para a Festa ao preço médio de R$ 2 o quilo.
Em cada Pavilhão também foram montados pequenos palcos dedicados às apresentações teatrais e shows de bandas, para o público curtir enquanto fazia uma parada para lanchar durante o passeio. Conforme Sandra, os shows regionais foram bem aceitos, e as pessoas demonstraram satisfação quanto às peças de teatro e dos grupos e corais que se apresentaram.
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