Os policiais militares Emerson Luciano Tomazoni, Gabriel Modesti Ceconi e Devilson Enedir Soares serão submetidos ao Tribunal do Júri a partir desta segunda-feira em Caxias. Eles são acusados de homicídio com uma qualificadora (motivo torpe) e outros quatro crimes chamados de conexos, ou seja, relacionados ao fato: denunciação caluniosa, fraude processual, abuso de autoridade e posse e porte de arma de fogo.
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O crime ocorreu na madrugada de 4 de fevereiro de 2016, quando três jovens que tripulavam um Ka vindos de Bento Gonçalves não atenderam à ordem de parada dos policiais no bairro São Pelegrino, em Caxias do Sul. Seguiu-se uma perseguição policial que resultou na morte de um deles - Lucas Raffainer Cousandier, à época com 19 anos - baleado na cabeça.
Inicialmente, a ocorrência foi registrada pelos PMs como confronto com troca de tiros. Dois revólveres foram encontrados no carro dos jovens e marcas de tiros na viatura da Brigada Militar. Mas, depois, o caso teve uma reviravolta. A investigação apontou que os jovens não estavam armados, portanto, não atiraram contra os PMs e que as armas foram plantadas dentro do Ka pelos policiais. Testemunhas apontaram que um dos PMs atirou contra a própria viatura para simular o confronto. Um dos revólveres, inclusive, teria sido retirado da casa de uma pessoa dias antes por um dos PMs que não registrou o fato. Motivo pelo qual Tomazoni foi condenado na Justiça Militar. Os outros dois foram absolvidos naquela esfera.
No júri de segunda, a acusação pedirá a condenação dos três réus por todos os crimes. Já as defesas de Ceconi e Soares defenderão a tese apresentada desde o início do processo de que eles não dispararam contra o veículo e, portanto, não podem responder por homicídio. Da mesma forma, que os dois não participaram da apreensão da arma. Sobre os outros crimes, as defesas devem se pronunciar apenas em plenário, no júri.