A mãe do caxiense Tite, treinador da Seleção Brasileira, morreu na tarde deste sábado (09), em sua casa, no bairro Ana Rech, em Caxias do Sul. Dona Ivone sempre foi uma mulher de fé. Desde cedo, ela ajudava com afazeres na igreja enquanto o marido, Genor, vivia da agricultura. Ela mantinha um pequeno santuário na residência.
O local era estratégico para expor as imagens santas: perto da televisão, de onde se acostumou a assistir às conquistas do filho por gramados internacionais. Adenor Leonardo Bachi, o Tite, é o irmão do meio da família Mazzochi Bachi, com 57 anos. Antes, em 1958, Genor e Ivone tiveram Beatriz, a Bea. Depois de Ade, que nasceu em 1961, veio Ademir Fermino, o Miro, em 1966.
Leia mais
"Dona Ivone era uma guerreira", diz amigo de Tite
Velório de mãe do técnico Tite ocorre na noite deste sábado, em Caxias
Genor morreu em 2009, aos 74 anos, quando Tite era o técnico do Inter. Ele era o maior incentivador da carreira do filho.
Os feitos do filho também foram motivo de orgulho para Dona Ivone. A primeira e impressionante conquista foi a do Campeonato Gaúcho com o Caxias em 2000. Em seguida veio o bicampeonato com o Grêmio em 2001 - quando Tite também ergueu sua primeira taça nacional, a Copa do Brasil. A trajetória do filho a partir daí, ganhou o Brasil.
Dona Ivone não viu o título da Libertadores do filho
Mesmo acostumada com os feitos do filho, Dona Ivone preferiu não assistir à final da Libertadores entre Corinthians e Boca Juniors, em 2012, no Pacaembu. O filho já havia conquistado o Brasileiro de 2011 e almejava algo bem maior, a conquista da América. Acompanhada da cadela Milka, a mãe do técnico Tite ficou deitada na cama com um radinho, na casa em Ana Rech, enquanto Emerson Sheik garantia o título para o time do técnico caxiense com dois gols.
— Eu não gosto de ver pela TV, fico muito nervosa. Coloquei o radinho embaixo do travesseiro e liguei para saber do resultado — disse Dona Ivone na época.
A pista de que o filho havia se sagrado campeão da América pela primeira vez veio dos foguetes:
— Soltaram muito foguetes aqui em Ana Rech. Os Mazzochi e os Bachi estão em festa.
O primeiro contato entre mãe e filho depois da vitória de 2 a 0 do Corinthians foi lá pelas 3h da madrugada daquela noite histórica.
— Ele me ligou, estava muito feliz. Como sempre, antes de tudo, pediu a minha bênção e depois agradeceu — revelou a matriarca da família, feliz pelo título expressivo de Tite.
Mãe de um campeão do mundo
Foi com muito choro, abraço e carinho o reencontro de Dona Ivone com o filho campeão mundial. Tite retornou a Caxias do Sul dias após o Corinthians vencer o Chelsea por 1 a 0, em 2012, no Mundial de Clubes da Fifa. O afeto do filho com Ivone chamava atenção.
— Quero ficar com a minha mãe, já fiquei muito tempo longe dela. Quero esse carinho aqui (dando um cheiro em Dona Ivone). Já avisei que vamos desligar um pouco os telefones, avisar a todos que queremos ficar mais reservados — revelou o treinador do Corinthians após a conquista.
Filho de Seleção
Em 2016, Dona Ivone se emocionou com a ida do filho para a Seleção Brasileira.
— O Tite está realizando o sonho do pai dele. O Ade se segurava bastante, mas se notava que era o sonho dele também em treinar a Seleção Brasileira — confessou a mãe, emocionada.
Em 2017, Ivone recebeu terço nas cores do Brasil
Para torcer pelo filho na Copa do Mundo, Dona Ivone ganhou um presente especial da Confederação Brasileira de Futebol: um terço nas cores da Seleção que seu filho, Tite, comanda.
— Ele mereceu, não pelo dinheiro. Mas pela pessoa, de como ele é com o mundo inteiro. Não porque ele é meu filho, mas porque ele é assim com o mundo inteiro — disse dona Ivone, ao ser perguntada sobre o momento de Tite antes da Copa do Mundo de 2016.
Ao receber o terço, dona Ivone chorou de novo e agradeceu o presente.
— Meu Deus, obrigado a vocês! Que coisa mais linda. Olha a bandeirinha, que coisa mais linda. Melhor impossível. Poderia ser uma casa, que eu não daria valor assim — disse a mãe de Tite.
O velório da mãe de Tite começa às 21h deste sábado (09) na Capela A do Memorial São José, em Caxias do Sul.
O sepultamento está marcado para este domingo, no Cemitério Parque, às 17h. Antes, às 16h haverá missa.
Leia também
Dominante, Caxias goleia o Juventude por 3 a 0