A causa que mobiliza os protetores de animais é a mesma. Porém, divergências frequentes causam atrito entre ONGs e dificultam um trabalho que já é naturalmente complicado e que poderia ser desenvolvido de forma unida.
— Independentemente da causa, sempre vai haver humanos. E onde houver humanos, sempre haverá conflito. Tem muita gente que não é protetor mas põe lenha na fogueira e faz os protetores brigarem entre eles. Mas todo mundo faz o que pode — defende Catia Giesch, da PAC.
Os protetores evitam falar sobre o assunto. No entanto, as divergências normalmente surgem em redes sociais e prejudicam até mesmo a arrecadação de algumas ONGs.
— A briga de egos é muito grande. O pessoal deveria se unir porque quem perde são os animais — lamenta Paula Terres, da ONG Na Rua Nunca Mais.
— A desunião das entidades é, de fato, uma realidade. Lidar com animais é muito mais fácil que lidar com pessoas, é triste, mas é a verdade — comenta a diretora da SOS Peludos, Nathália Gobbato Mota.
De acordo com Catia Giesch, a PAC teria sido afetada recentemente no caso de um cavalo encontrado em um banhado no bairro Fátima, em Caxias, justamente após repercussão negativa promovida por uma parcela de protetores.
— A PAC sente todo dia na pele (o conflito entre ONGs). Foram feitos textões nas redes sociais criticando o atendimento. Depois disso, diminuíram muito as doações. Daqui a pouco, não vamos nem garantir alimentação dos animais — reclama.
Os conflitos, no entanto, não são considerados os maiores problemas, conforme a professora Rejane Rech.
— Cada ONG faz o que pode e ninguém faz nada para prejudicar os animais. Quem faz isso é a população — ressalta.
Protetores discordam sobre atuação do poder público
O caso da égua encontrada atolada em um banhado no bairro Fátima em 14 de janeiro — e que acabou morrendo no mesmo dia —, teve repercussão negativa ao poder público. Muitos reclamaram de suposta demora para atendimento. A prefeitura, no entanto, alega que uma equipe chegou ao local 15 minutos após o registro do fato junto à Semma.
_ Não fizemos apenas um resgate por dia, são vários. Temos duas equipes, que muitas vezes estão em dois lados diferentes da cidade. Muita gente não sabe o que e o quanto a gente faz _ afirma Catia Giesch, presidente da PAC e que também atua no Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal.
Uma das críticas é a quanto à suposta burocracia para recebimento e encaminhamento de denúncias. A Semma exige que denunciantes enviem imagens da situação do animal por e-mail, o que, para muitos protetores, dificulta o procedimento a quem não têm acesso à internet ou facilidade com meios digitais.
— Dizem que nosso processo de recebimento de denúncia é burocrático, mas pedimos imagens justamente para saber a urgência do caso. Por mais que a situação pareça urgente, priorizamos animais que corram risco iminente de morte _ defende Catia.
Opinião diferente tem a protetora Paula Terres:
— Caxias nunca foi exemplo de proteção animal, mas está bem pior agora. Nunca estivemos tão desamparados. As denúncias são burocráticas e conseguíamos castrações com mais facilidade. Hoje, tenho pago as castrações com doações, não conto com a prefeitura para nada.
Embora o programa de castrações e a suposta falta de agilidade para atender demandas sejam pontos frequentemente criticados, Rejane Rech destaca o esforço da prefeitura em estruturar novas medidas.
— Agora temos um Departamento de Proteção Animal, coisa que antes não havia. Mas é insuficiente frente à falta de cuidado que a a população tem com seus animais. Com certeza, há coisas que podem melhorar, porém, as pessoas criticam um programa que nunca existiu, que está se estruturando — defende Rejane.
Canil municipal
O Pioneiro tentou pela segunda vez, em menos de dois meses, visitar o Canil Municipal (antiga chácara da Soama) para verificar a situação do local. A prefeitura negou o acesso nas duas ocasiões. Atualmente, segundo a Semma, há em torno de 1,1 mil animais no espaço.
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