Cinco anos se passaram desde que a prefeitura de Caxias do Sul anunciou, pela primeira vez, a intenção de remover os pombos da Praça Dante Alighieri. Em fevereiro de 2014, a Secretaria do Meio Ambiente (Semma) articulava contratar empresas para análise ambiental e elaboração de um projeto de realocação das aves. Ações até chegaram a ser encaminhadas e, no avanço mais concreto, a prefeitura confirmou o início do processo de transferência dos animais para novembro de 2017. O procedimento, entretanto, foi suspenso por decisão judicial.
Hoje, quem passa pela principal praça da cidade não vê diferença do cenário de cinco anos atrás: as pombas seguem circulando, e dona Idiati Macan, a eterna defensora das aves, alimentando-as.
Para frequentadores assíduos do Centro, a situação não incomoda. Pelo contrário: todos os abordados pelo Pioneiro afirmam ter se acostumado com a presença dos animais.
— Elas (as pombas) podem até incomodar algumas pessoas e fazer sujeira, mas é da natureza, não podemos evitar, temos que conviver — comentou Renildo Macedo Padilha, 56 anos.
— Não tenho problema com os pombos. Não tem que se livrar deles. Dizem que passam doenças, mas nunca vi ninguém doente por isso. E se for por passar doença, cachorro, gato e humanos também passam — defende Regeane Tyburske, 24 anos.
Segundo estudo feito pela prefeitura, as praças Dante Alighieri, João Pessoa e a da Bandeira concentram cerca de 5 mil pombos. A grande oferta de alimento faz, conforme o poder público, que a reprodução das aves aumente de duas anuais, que seria o normal, para seis vezes por ano.
— Se a população não se conscientizar que não se deve alimentar os pombos, o número de animais continuará a aumentar — alerta a veterinária e diretora do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal da Semma, Marcelly de Souza Paes.
Campanha prossegue
A Semma nega que haja proibição legal ou judicial para a remoção dos pombos. Conforme Marcelly, o que ocorreu foi um acordo a partir de ação judicial proposta pela Sociedade Amigos dos Animais (Soama), que pedia a suspensão da retirada das aves da praça.
A partir dos termos, conforme a Semma, foi autorizada a execução do plano de ação que existe hoje. No ano passado, foi lançada uma campanha de conscientização com instalação de placas orientando sobre a proibição de alimentar as aves. Essa seria uma primeira etapa de um projeto dividido em três fases. Na segunda, estaria prevista a intensificação de fiscalização e aplicação de multa a quem for flagrado alimentando pombos. O valor da autuação previsto em legislação é de cerca de R$ 330. Por último, foram coletadas fezes dos pombos para análise laboratorial e posterior elaboração de ações de controle e conscientização.
— Estamos no aguardo dos resultados das amostras das fezes para projetar outras ações — afirma Marcelly.