Há 12 anos, o ar de Caxias do Sul não passa por avaliação do órgão responsável pelo controle da qualidade. Isso porque as duas estações que avaliam o impacto que processos industriais e geração de poluentes causam na atmosfera estão desativadas desde 2007. A responsabilidade é da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), que admite não ter orçamento para reativar os equipamentos. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) afirma que um projeto sobre controle do ar será apresentado no primeiro semestre, com caráter informativo. No entanto, não adianta detalhes e não deve assumir a responsabilidade de avaliação do ar, tarefa que é atribuída ao Estado.
Durante o ano de 2018, ocorreram 15 denúncias de empresas suspeitas de terem cometido irregularidades sonoras ou atmosféricas, de acordo com o setor de Fiscalização Ambiental da Fepam. Nesses casos, é feito o monitoramento de emissões atmosféricas, em que há prescrição das medidas que cada empresa deve tomar, segundo o chefe da Divisão de Fiscalização Ambiental da Fepam, Juarez Fernando Loff. Instalados na prefeitura e no bairro São José, os dois equipamentos desativados por falta de manutenção se dividiam entre manual e automático. Este último, importado da França, era considerado um dos mais eficazes para o controle da poluição atmosférica. Em funcionamento, ele verificaria as partículas totais em suspensão (PTS), a poeira mais grossa jogada ao ar e o dióxido de enxofre,composto químico caracterizado pelo forte odor.
Em grandes metrópoles, como em São Paulo, o controle é oferecido aos usuários em tempo real. Por meio do site da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), é possível visualizar a qualidade do ar medido em diversas estações espalhadas pela capital. No site da Fepam, só há informações emitidas pelas estações de Gravataí e Canoas, que qualificam como bom o índice do ar.
– Sabemos que o controle é importante porque você consegue melhorar políticas públicas para minimizar os efeitos diretos que a poluição causa na saúde. Hoje as estações que funcionam não são do Estado, são de grandes empresas que nos mandam dados – afirma o chefe da Divisão de Monitoramento Ambiental da Fepam, Márcio Davila Vargas.
A ideia, segundo Vargas, era montar uma grande rede de dados fomentada pelas grandes indústrias do Estado, mas isso não avançou.
Foco no solo e na água
Estudos epidemiológicos têm demonstrado relações entre a exposição aos poluentes atmosféricos e os efeitos de morbidade e mortalidade, causadas por problemas respiratórios (asma, bronquite, enfisema pulmonar e câncer de pulmão) e cardiovasculares, mesmo quando as concentrações dos poluentes na atmosfera não ultrapassam os padrões de qualidade do ar vigentes. As populações mais vulneráveis são as crianças, os idosos e as pessoas que já apresentam doenças respiratórias, segundo o Ministério do Meio Ambiente.
A coordenadora do curso de Engenharia Ambiental da UCS, Neide Pessin, lembra que qualidade atmosférica não é priorizada historicamente em políticas públicas, atualmente mais concentradas em monitoramento de solo e água.
— Qualidade do ar deve ser prioridade futura, já que ao desconhecer o que existe de mais perigoso no ar, não é possível ter controle efetivo dele e do que a população tem acesso – diz.
Ela lembra que esse indicativo pode interferir na tomada de decisões que provoquem mudanças em tráfego de veículos, criação de vias alternativas e criação de zonas industriais.
– É preciso existir o controle do ar e ele precisa estar amarrado a políticas públicas que respeitem os indicadores, que criem mecanismos para garantir àquela população uma melhoria da qualidade do ar – afirma.
Os equipamento desativados por falta de manutenção se dividiam entre manual e automático. Este último, importado da França, era considerado um dos mais eficazes para o controle da poluição atmosférica. Em funcionamento, ele verificaria as partículas totais em suspensão (PTS), a poeira mais grossa jogada ao ar e o dióxido de enxofre,composto químico caracterizado pelo forte odor.Em grandes metrópoles, como em São Paulo, o controle é oferecido aos usuários em tempo real. Por meio do site da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), é possível visualizar a qualidade do ar medido em diversas estações espalhadas pela capital. No site da Fepam, só há informações emitidas pelas estações de Gravataí e Canoas, que qualificam como bom o índice do ar.
– Sabemos que o controle é importante porque você consegue melhorar políticas públicas para minimizar os efeitos diretos que a poluição causa na saúde. Hoje as estações que funcionam não são do Estado, são de grandes empresas que nos mandam dados – afirma o chefe da Divisão de Monitoramento Ambiental da Fepam, Márcio Davila Vargas.
A ideia, segundo Vargas, era montar uma grande rede de dados fomentada pelas grandes indústrias do Estado, mas isso não avançou.