Segue internada em estado grave a segunda vítima do acidente registrado na manhã da quarta-feira (2), em Bento Gonçalves. O capotamento de um caminhão ocorreu às 8h40min, no Km 9 da ERS-431, na Linha Alcântara, distrito de Faria Lemos. Daniel Jesus de Oliveira, 35 anos, morreu no local. Sérgio Roberto Lopes, de 42 anos, está internado na UTI do Hospital Tacchini. Ele se recupera de uma cirurgia.
Além da gravidade do acidente, a ocorrência faz um importante lembrete: os perigos do Km 9 da sinuosa rodovia já vitimaram mais de uma dezena de pessoas. Até o fim do ano passado, foram 13 vítimas fatais desde 2010. Daniel, portanto, é a 14ª vítima de uma rodovia que não tem a mesma visibilidade que outras como BR-470, RSC-453 ou ERS-122. As características geográficas tornam também a ERS-431 extremamente perigosa, com sinuosidade e declive, que se estende por quase quatro quilômetros. Excesso de velocidade, ultrapassagens em pontos proibidos e outros tipos de imprudência figuram entre as principais causas dos acidentes fatais registrados ali. O comandante do Grupo Rodoviário de Farroupilha, Marcelo Stassak, encaminhou ao Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) um ofício solicitando melhorias no trecho.
— As características da rodovia exigem maior preocupação por parte dos condutores. Há trechos bastante sinuosos. O que se percebe é que carros de passeio são mais fáceis de controlar a velocidade e permite uma condução mais segura, nos casos que se respeita os limites de velocidade. Mas nos caminhões, a indicação é do uso do freio motor— opina o comandante.
No ofício encaminhado ao Daer nesta quinta, Stassak solicita mais placas informativas que indiquem ao condutor a sinuosidade do trecho, a instalação de guard-rails e sonorizadores na pista. A comunidade de Faria Lemos está cansada de assistir ocorrências fatais no quintal de casa. Isto porque na manhã de ontem, por exemplo, o caminhão tombou na propriedade da família Cristófoli. Ele acabou destruindo parte dos parreirais da família, que já abandonou o cultivo de uva em um dos hectares justamente por achar perigoso demais pela proximidade com a rodovia. Na quarta, o caminhão caiu em um espaço onde os agricultores costumam trabalhar diariamente. Por sorte, naquela hora, não havia ninguém.
— Às vezes, chega a dar um acidente por dia. De tanto que já vimos estes acidentes, hoje não queremos nem mais ir olhar. Tem uma vida perdida ali, tem o impacto ambiental. Já falaram para nossa família abandonar o cultivo de uva, porque fica nas margens da 431, mas é o sustento da casa — desabafa Daniel Cristófoli.
Instalação de controladores de velocidade ou pardais é o que a comunidade pede há anos. O comandante do GRV de Farroupilha concorda que a implantação deste equipamento pode trazer resultados positivos.
— Ajuda muito porque nós temos dois exemplos clássicos: na curva da morte, no Km 47 da ERS-122, tínhamos uma rotina de acidentes sérios. Na comunidade de Burati, entre Bento e Farroupilha, também. Agora, acidentes ali são raros — justifica Stassak.