Na esteira de conquistas importantes como a inauguração do Centro de Cultura Ordovás (2001), a criação do Financiarte (2003) e a revitalização do Largo da Estação Férrea (2006), Caxias do Sul foi contemplada em 2008 com o título de Capital Brasileira da Cultura. A honraria, concedida por uma ONG homônima e com o apoio do Ministério da Cultura (MinC), havia destacado as cidades de Olinda (PE) e São João Del Rey (MG) nos anos anteriores, e, naquele último ano do primeiro mandato de José Ivo Sartori (PMDB) como prefeito, Caxias venceu as concorrentes Blumenau (SC), Petrópolis (RJ) e Santa Cruz de Cabrália (BA). Além de um extenso portfólio sobre realizações artísticas e culturais, o município contou com uma campanha popular muito forte, incluindo uma carta de adesão da comunidade com quase 35 mil assinaturas.
Leia mais
Os anos de ouro do futebol caxiense
Os incêndios da Câmara de Vereadores e do Cine Ópera
O fim dos aos racionamentos de água em Caxias
A chegada da TV a cores
Mais do que celebrar uma trajetória, contudo, o principal objetivo da candidatura era incentivar e atrair novos projetos culturais, além de divulgar a cidade e o seu evento principal, a Festa da Uva. Recordando aquele período, o secretário municipal de Cultura da época, Antônio Feldmann, destaca que Caxias tinha uma produção artística muito grande e diversificada, mas que era pouco conhecida entre os próprios caxienses
— Quando a prefeitura faz uma ponte, por exemplo, ela está lá materializada para mostrar a sua importância. Com a cultura, é mais difícil materializar essa importância. Acho que aquele título serviu um pouco para isso, para que a própria cidade visse o quanto se fazia pela cultura em Caxias — avalia.
O ex-secretário destaca que o título mobilizou entidades como a Câmara da Indústria e Comércio (CIC) a criar o Mês da Cultura, ajudou a viabilizar a sala de teatro do Ordovás, além de permitir o incremento dos recursos do Financiarte e a conquista dos Pontos de Cultura junto ao MinC. Tão importante quanto, foi levar o tema ao centro dos debates e da cobertura da imprensa.
— Nunca a cultura foi assunto de tanta pauta nos veículos de comunicação como naquele ano, com diversas manchetes. Isso acabou fazendo com que as pessoas comentassem sobre a importância da arte e da cultura em espaços nos quais antes essa discussão não era corriqueira, até porque houve parte da cidade que se opôs à candidatura. Lembro que criaram até um bordão contrário, que era “cultura do capital”. Mas houve uma projeção muito boa de Caxias, que fez muito bem para a autoestima da cidade. Cidades como Pelotas e Bento Gonçalves, por exemplo, usaram o nosso exemplo de forma bem positiva, desenvolvendo o setor cultural muito inspiradas no que fizemos — destaca.
A festa que coroou Caxias como Capital Brasileira da Cultura teve direito a uma apresentação do pianista e compositor Ivan Lins, acompanhado da Orquestra Municipal de Sopros de Caxias do Sul. Naquele mesmo 3 de setembro, mais de 100 eventos culturais foram realizados em diversos pontos da cidade.