Tremores de magnitude significativa são fenômenos bastante incomuns no Brasil. Embora já tenham sido registrados sismos com mais de 6 graus na Escala Richter, o país está localizado na chamada região intraplaca, onde os eventos tendem a ocorrer de forma menos intensa e com menor recorrência.
Na região da Serra, foram pelo menos quatros registros de tremores nos últimos 10 anos anos, dois em Caxias do Sul — os dois desta terça, um em 2015 e outro em 2011 — e um em Gramado, em 2014. Antes disso, o geólogo Nério Susin estima que foram mais de 15 fenômenos, somente em Caxias. Todos, no entanto, de baixa magnitude. O mais contundente foi registrado em junho de 1984, quando sismos ocorridos por dois dias seguidos causaram inclusive rachaduras em prédios da região Oeste da cidade — especialmente nos bairros Marechal Floriano, Cinquentenário e Medianeira.
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Conforme o professor de Geofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Jairo Francisco Savian, a recorrência de sismos com perfil de baixa magnitude é mais comum do que se imagina.
— Dificilmente teremos sismos com magnitude alta. Estamos numa região calma. No nordeste brasileiro a gente até tem falhas tectônicas que ainda são resultantes da abertura do Atlântico, cujos tectônicos ativos até causam algum risco. Porém, no sul, esses fenômenos normalmente estão relacionados com situações bastante pontuais — comenta.
Ele ressalta que as possíveis causas podem estar relacionadas a intervenções no solo das regiões onde ocorrem os epicentros ou, até mesmo, originadas da utilização de explosivos.
— O que pode ocorrer nesses pequenos sismos, como é o caso de Caxias, é simplesmente a reacomodação de massas de terras, algum movimento que pode ter causado isso ou locais que foram modificados com grandes massas de água ou represa. Ao represar grande quantidade de água o terreno precisa se acostumar, é quando podem ocorrer esses fenômenos. Também podem estar relacionados a explosões clandestinas ou a terremotos que ocorreram em outros lugares — complementa.
Segundo ele, as causas geralmente são de difícil identificação. Ainda assim, ressalta que a população deve ficar tranquila, pois os tremores dificilmente devem superar a magnitude registrada na noite de terça, cuja escala foi de 2 graus na escala Richter, de acordo com o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), índice que, segundo Savian, pode ser considerado "fraco".
— A Escala Richter não tem um máximo, ela é construída por uma série de informações que se tiram desses sismos. Se o sismo é raso, se ocorreu próximo da superfície, ele é muito intenso. Os danos causados também são considerados para determinar essa escala. Mas 2 graus certamente é uma magnitude bastante baixa — afirma.
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