Três casais passaram até o momento por atividades de preparação para acolher temporariamente crianças afastadas da família de origem que se encontram em abrigos institucionais e casas lares de Caxias do Sul. O serviço de famílias acolhedoras, que está sendo retomado na cidade após ter sido encerrado anos atrás, prevê que essas crianças permaneçam em um ambiente familiar até que possam retornar à família de origem ou família extensa (com avós ou tios, por exemplo), ou sejam encaminhadas para adoção.
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O serviço de seleção e acompanhamento dos casais e crianças acolhidas é feito pelo município em parceria com a Associação Mão Amiga, entidade contratada pela Fundação de Assistência Social no início do segundo semestre deste ano. A previsão era de que as primeiras crianças fossem encaminhadas à nova modalidade neste mês de outubro. A coordenadora do serviço na associação, Maria Lucia Bettega, explica que faltam apenas alguns documentos para que esses casais estejam aptos.
Maria Lucia conta que eles passaram por encontros iniciais de informação sobre o serviço, cinco noites de palestras com profissionais incluindo especialistas em acolhimento, Conselho Tutelar e Juizado da Infância e da Juventude, além de entrevistas feitas por psicólogos e assistentes sociais e visita domiciliar. Segundo a coordenadora, ainda não houve definição sobre as crianças que serão acolhidas, mas deverão ser crianças pequenas, de até seis anos de idade incompletos.
— Inicialmente, o serviço está focado na primeira infância porque há muitos bebês em espaços institucionais. A preocupação é que a criança, nessa primeira infância, seja acolhida em uma família, porque existe um processo de formação da personalidade — comenta.
O serviço de famílias acolhedoras é previsto para crianças e adolescentes, independentemente da idade. A meta é reunir seis famílias. Segundo Maria Lucia, outras duas iniciarão o processo de capacitação. Houve ainda outra família interessada, mas que não pode prosseguir porque, conforme a coordenadora, não tem uma renda fixa, um dos critérios do serviço.
— Entendemos que a meta de seis famílias é o mínimo. Continuamos buscando interessados — observa.
Até o momento, 73 pessoas que buscaram informações participaram de reuniões iniciais, tanto sobre o serviço de famílias acolhedoras quanto o programa de apadrinhamento afetivo. No apadrinhamento, os participantes acompanham uma criança ou adolescente que está acolhido em um abrigo ou casa lar, fazem visitas, saem para passear e acompanham atividades escolares, por exemplo.
Em relação ao apadrinhamento, há nove casais inscritos e, destes, três já estão aptos a iniciarem o programa. Conforme Maria Lucia, eles agora aguardam uma definição do Juizado da Infância e da Juventude em conjunto com os abrigos ou casas lares para definir as crianças que serão contempladas.
Não há um limite de tempo durante o qual os padrinhos podem permanecer acompanhando as crianças. Já no caso das famílias acolhedoras, há um período máximo previsto de dois anos, que pode ser prorrogado por seis meses, dependendo da situação.
Quem estiver interessado em obter mais informações pode entrar em contato com a Associação Mão Amiga pelo telefone 3538.4300. O endereço é na Rua Sarmento Leite, 3.070, e o atendimento é das 8h ao meio-dia, e das 13h às 18h. A associação também marca reuniões informativas à noite para contemplar interessados que trabalham durante o dia.
Além do apadrinhamento afetivo, também há outras duas modalidades de padrinhos — o provedor, que pode contribuir financeiramente com uma instituição de acolhimento, por exemplo, e o prestador de serviços. Sete pessoas se inscreveram para prestar serviços de forma voluntária. Segundo Maria Lucia, uma dessas pessoas é uma pediatra que se disponibilizou a atender crianças em abrigos.