Há um ano, nenhum acidente grave é registrado em um ponto que já figurou entre os mais perigosos no trânsito da Serra. Trata-se do entroncamento da BR-470 com a RSC-453, em Garibaldi, conhecido como trevo da Telasul. Esse índice positivo é resultado de uma obra que completa seu primeiro aniversário: a instalação de uma rotatória, entregue pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em outubro do ano passado, após mais de uma década de reivindicação da comunidade e de incontáveis vidas perdidas.
Para se ter ideia do quanto a Serra deve reconhecer esse índice, de janeiro a setembro de 2017, período imediatamente anterior à entrega do trevo, foram 11 acidentes no trecho, sendo três graves. Quatro pessoas morreram. Os dados são dos Bombeiros Voluntários de Garibaldi, responsáveis pelos atendimentos.
— Com essa obra, o fluxo ficou muito mais organizado e seguro. Criou-se muito mais espaço para os veículos se acomodarem e, nesse quilômetro, desde que inaugurada a obra, os acidentes foram mínimos. Nenhum deles foi grave. Só temos a comemorar _ afirma o chefe substituto da 6ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal de Bento Gonçalves, José Carlos Grando.
O comandante dos Bombeiros de Garibaldi, Jorge Castro, avalia que esse é um momento fantástico, nunca visto antes:
— Nós sofríamos com o número de ocorrências e com a gravidade delas. A obra trouxe o marco da redução a zero de acidentes.
Na prática, o novo equipamento viário faz com que o motorista não precise aguardar na pista para efetuar cruzamentos, o que reduz as travessias arriscadas. Se antes chegava a cinco o número de acidentes por mês, ele se reduziu a praticamente um a cada dois meses. Além de oferecer mais segurança aos condutores, facilitou também o fluxo para quem usa a rodovia diariamente, já que a BR-470 é uma via importante e que liga municípios como Bento Gonçalves, Garibaldi, Carlos Barbosa a Porto Alegre. A empresária Morgana Coberlini, 29 anos, que mora em Monte Belo do Sul e trabalha em uma empresa vizinha à rótula, constata os benefícios:
— Não existe mais congestionamentos, e acidente é algo que não se vê mais por aqui.
E há quem tenha a BR-470 como principal cenário de trabalho. É o caso do motorista Carlos Moreira, 55, morador de Garibaldi. Motorista há oito anos, ele estima que chega a cruzar a rótula da Telasul 20 vezes em um único dia.
— Já vi muita tragédia aí, e agora, posso dizer que melhorou mais de 90%. O único porém é o pessoal que acelera e segue sem deixar espaço entre um carro e outro. E aí é claro que vai ter acidente, mas pelo que vejo, não tem mais coisa grave acontecendo _ observa.
Luta agora é por duplicação
Empresários liderados pela Associação das Entidades Representativas da Classe Empresarial da Serra Gaúcha (Cics Serra) foram os protagonistas dessa obra. Na dificuldade financeira enfrentada tanto pelo Estado quando pela Federação, eles encomendaram e bancaram o projeto técnico da rótula, que custou cerca de R$ 20 mil. Foi o pontapé necessário para que a articulação tomasse forma. Viajaram a Brasília, apresentaram o desenho ao Governo Federal e pressionaram até a obra sair do papel. A luta, agora, é pela duplicação completa do trecho Bento Gonçalves/Carlos Barbosa.
— Antes da rótula, além de inseguro, o fluxo era insuportável. Ficávamos parados mais de meia hora em horário de pico. Procuramos uma elevada, mas foi feito o mais rápido. A nossa nova bandeira, a duplicação Bento/Carlos Barbosa, vai ajudar ainda mais a reduzir o número de acidentes — afirma o presidente da Cics Serra, Edson Vinicius Morello.
De fato, a construção de uma elevada ou viaduto não é descartada pelo órgão responsável por obras na rodovia federal, o Dnit. O que se sabe é que o fechamento de acessos secundários, como na localidade de Garibaldina, contribuiu para o índice de acidentes ser tão baixo. O supervisor da unidade local da Serra, Adalberto Jurach, diz que um estudo técnico será finalizado neste ano e deverá indicar quais obras serão necessárias e viáveis na BR-470. A elevada está incluída, entre outras demandas.
— As larguras e o comprimento da obra que foi feita ali permitem que a rodovia suba e que quem vai de Bento a Caxias passe por baixo de um viaduto. O primeiro passo para qualquer obra federal está sendo feito, que é o estudo de viabilidade. Mas além da obra da elevada, a maior demanda regional é a duplicação de Bento a Barbosa. Essa demanda está em análise — garante Jurach.