Mais um item valioso do patrimônio público de Caxias do Sul foi furtado de uma praça pública. Desta vez, trata-se da Rosa dos Ventos da praça Dante Alighieri, o marco zero da construção da cidade. A peça de bronze ficava na metade da Rua Marquês do Herval, entre a Rua Sinimbu e a Avenida Júlio de Castilhos. O furto foi notado na tarde desta segunda por agentes que cuidam da praça. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, responsável pela manutenção das praças públicas, irá se pronunciar na terça-feira sobre o assunto. Há duas semanas, outra placa de bronze foi furtada da mesma praça Dante, do monumento Gigia Bandera _ Instinto Primeiro, localizado em à Casa da Cultura.
De acordo com o Arquivo Histórico de Caxias, a Rosa dos Ventos fica no lado leste da praça. A partir daquele ponto, os agrimensores (pessoas que faziam as medições de terra) determinavam as léguas, quadras e distâncias da cidade. Este marco sempre teve seu destaque: primeiro foi construído em madeira. Posteriormente, a demarcação foi fixada em azulejo. Em 1975, o marco foi substituído por uma placa de bronze, que indicava a longitude e altitude na Rosa dos Ventos.
Assim como os trabalhadores da prefeitura, Fátima Regina Brustolin dos Reis, 57 anos, também notou o sumiço da placa especial na tarde de ontem. Como já trabalhou em banca de revista e em outros estabelecimentos das redondezas, conhece cada detalhe da praça Dante. Por isso, lamentou mais uma perda do patrimônio caxiense:
— Podemos dizer que até durou bastante tempo, né? Ultimamente, cada dia some uma coisa diferente da praça — opina.
Proprietária de um dos estabelecimentos mais conhecidos da praça, Ana Maria Brustolin Furlan, 67 anos, é a dona da Banca da Ana. São quase cinco décadas vivendo em meio aos livros e acompanhando o vai e vém apressado das pessoas. Ela está em casa, se recuperando de uma cirurgia, mas lembra bem que a Rosa dos Ventos servia como atrativo principalmente para os estudantes. Acompanhou, inclusive, o dia que a prefeitura depositou páginas de jornal e outras memórias naquele pedaço de calçada, com o intuito de criar uma espécie de cápsula do tempo. Teria sido em 1975, quando o ponto transformou-se em bronze. A ideia era abrir daqui a bastante tempo e reviver o que fora guardado ali. Com a ação dos vândalos, o desejo tornou-se impossível.
— A prefeitura perguntou ao meu esposo onde era o marco zero, e foi ele que indicou qual era a pedra exata. Tinha uma estrela em cima, era de bronze. Quando a gurizada ia fazer trabalho, ia até a pedra e estudava sobre o marco zero da cidade. Era bem importante — opina.